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Gasolina cara e “volta à normalidade” elevam uso da bicicleta, mas acidentes assustam


Por Agência de Notícias Publicado 05/06/2022 às 11h15 Atualizado 08/11/2022 às 21h09
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O uso da bicicleta cresce nas grandes cidades, assim como o número de acidentes envolvendo ciclistas.

O uso da bicicleta tem sido uma alternativa para fugir dos preços elevados dos combustíveis. No entanto, cresceu em 13% o número de acidentes com quem pedala, segundo dados do Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).

Além dos números, relatos de ciclistas mostram que os acidentes envolvendo esse meio de transporte e a impunidade têm deixado os usuários dessa prática cada vez mais apreensivos.

Entre janeiro a março de 2022, quando o Distrito Federal voltou à normalidade e até as máscaras foram liberadas, quatro ciclistas morreram. Em 2021, foi divulgado que as mortes de ciclistas caíram 52% nos últimos 10 anos, no DF.

Empatia com o uso da bicicleta

Ativista pela causa da ciclovia, o servidor público Uirá Lourenço afirma que, para diminuir os sinistros de trânsito, é necessário ter empatia nas vias, ou seja, é lembrar que o motorista, pedestre ou ciclista também tem o direito de viver. Assista a entrevista completa.

Após dois anos com a bicicleta encostada em casa devido à pandemia, os amigos Ricardo Campelo, 58, e Nadia Bittencourt, 56, decidiram pedalar até o Morro Asa Delta, no Lago Sul. Na volta para casa de Nádia, um motorista  embriagado que dirigia a cerca de 126 km/h  atropelou os dois, causando a morte de Ricardo na via W4 Norte, onde a velocidade máxima permitida era de 50 km/h.

“O radar que ficava perto do local  estava desligado, pois o GDF não havia renovado o contrato. Porém, as câmeras de prédios vizinhos flagraram a alta velocidade. O motorista não freou, não parou, não socorreu e nem chamou os bombeiros ou a polícia, deixando-nos à nossa própria sorte, sujeitos a novo atropelamento”, afirmou Nádia, que apenas desmaiou com o impacto, enquanto Ricardo foi a óbito.

Conforme flagrado nas câmeras de segurança,  o responsável pelo ocorrido, foi até a casa da mãe, deixou o carro na garagem, saiu a pé em direção à sua própria residência e recebeu uma entrega de pizza por delivery. Com a apuração do caso, o crime, antes considerado culposo, alterou-se para doloso, e o culpado irá a Júri Popular.

Impunidade

Nádia afirma que considera essa mudança como uma vitória por si só, uma vez que o motorista normalmente recebe penas alternativas ou não é punido.

“Estamos na luta por um trânsito mais humanizado. No entanto, Brasília é a cidade do automóvel. Apesar de 80% da população se valer do transporte público, de motocicletas, de bicicletas ou a pé, 80% das vias são ocupadas por carros que levam apenas 30% das pessoas. Temos que mudar o Código Penal e o Código de Trânsito Brasileiro para punições mais rígidas. Estamos no século 21, essa violência que ceifa ou deixa sequelas físicas não pode e nem deve ser perpetuada”.

Tragédia

O cicloativista Raul Aragão sofreu atropelamento em 2017 por um carro que estava a 95 km/h em uma via de 60 km/h, causando a sua morte. Segundo Renata Aragão, mãe do jovem, o motorista parou o carro para socorrer Raul, que foi levado ao hospital, mas devido ao grande impacto da batida, sofreu um sério caso de traumatismo craniano e paradas cardiorrespiratórias, culminando no seu falecimento.

“A Justiça para crimes de trânsito ainda está muito despreparada. Lutamos contra o abandono do Ministério Público. Ele (motorista) matou em alta velocidade, e não houve nenhum cuidado com a permissão dele de dirigir”, diz Renata sobre o processo jurídico.

No início de abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular a condenação mínima do motorista com o argumento de que não poderia usar o laudo pericial como principal prova contra o responsável pelo acidente. Como a condenação em primeira instância ocorreu há 4 anos, a mãe de Raul não pode recorrer ao Tribunal.

Renata também perdeu um processo civil de danos morais e recebeu uma baixa quantia, que não paga todos os gastos com advogado, como compensação a sua perda.

“Somos um país de violências no trânsito, que não tem solução e punição. A morte no trânsito é evitável, não é como uma doença. Precisamos de uma mudança de paradigma na cabeça das pessoas. No caso de Raul, não teve justiça, mas as homenagens a ele nos trazem um pouco de conforto”, disse em entrevista à Agência Ceub

A mãe do estudante morto também afirma que ele conseguiu alcançar vários méritos em tão pouco tempo de vida, como, por exemplo: ganhou prêmio da Olimpíada de Matemática, representou o Brasil no Fórum Mundial de Bicicleta e recebeu a medalha de mérito esportivo pós-morte do Ministério da Defesa.

Raul ainda apoiava muitas causas em prol de uma mobilidade pacífica, como a “Rodas da Paz” e o bicicletarismo da UNB. O ciclista defendia a harmonia e a segurança  entre todos os meios de transporte.

Fernando Gastal, 39, também sofreu um sinistro de trânsito no ano de 2017 em Brasília, ele relata que no momento do episódio a sua cabeça bateu muito forte contra o chão, e isso afetou bastante o lado esquerdo do cérebro. Fernando, hoje, tem deficiência física e mesmo após cinco anos do acidente, ele ainda precisa de tratamento com remédios assim como sessões de fisioterapia.

Prevenções 

Para maior segurança e, além disso, para evitar possíveis sinistros, o Departamento de Trânsito do DF recomenda aos ciclistas:

  • uso de refletores e iluminação à noite, para que fiquem visíveis aos carros;
  • uso do capacete;
  • andar do lado direito da pista;
  • planejar o caminho antecipadamente, com preferência por vias de menor tráfego;
  • descer da bicicleta e atravessar como pedestre nas travessias de pedestre;
  • parar a bicicleta e fazer o sinal de vida em travessias exclusivas de ciclovia.

Aos motoristas, as orientações são:

  • se ultrapassar um ciclista, dê a distância lateral mínima de 1,5 m, diminuindo a velocidade;
  • para sair da via, entrar em um retorno ou parar em um acostamento, reduza a velocidade e aguarde a passagem do ciclista, uma vez que a preferência é dele;
  • respeite os limites de velocidade bem como as faixas de travessia de ciclistas;
  • sinalize com setas;
  • nunca pegue no volante depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.

Além disso, pesquisas feitas pela universidade de New South Wales, na Austrália, aconselham aumentar o uso e a presença da bicicleta nas ruas.

De acordo com o estudo, ao dobrar o número desse meio de transporte, os acidentes com ciclistas caem para um terço.

As informações são da Agência de Notícias da UniCEUB

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