Covid-19: orientações ao instrutor sobre o desafio da aula remota
Desde publicação da Deliberação 189, existe a possibilidade do instrutor do CFC ministrar sua própria aula utilizando alguma plataforma que permita, pela internet, criar uma sala virtual, onde seus alunos acessem e interajam com os colegas e com o instrutor.
Porém, poucos DETRANs viabilizaram, até esta data, o acesso ao seu banco de dados, quesito fundamental para atender as exigências do CONTRAN. A exceção foi o caminho adotado pelo DETRAN-RS que liberou as aulas remotas sem a verificação biométrica facial. Ou seja, no Rio Grande do Sul, o próprio CFC valida a presença do aluno na sala de aula virtual.
Enquanto DETRANs e CFCs decidem se vão aderir ou não à Aula Remota, perguntamos para o especialista em trânsito e Diretor do Portal do Trânsito Celso Alves Mariano, sobre o preparo do instrutor para ministrar aulas nesta nova modalidade. Em sequência ao teste sugerido por ele em artigo anterior (leia aqui), ele sugere agora um exercício para o instrutor:
“Trata-se mais de um exercício mental, em que você instrutor vai relembrar sua última aula no CFC, com a presença de alunos”, explica Mariano.
1- estenda a tela do computador, mantendo o plano de aula ou a próxima tela que você vai exibir para os alunos no seu computador. Na tela visualizada para os alunos, exiba o conteúdo em estudo no momento.
2- explique para eles o conteúdo projetado olhando regularmente para cada um, tentando captar o nível de atenção deles e estimule-os a participar, fazendo perguntas e contextualizando o tema com situações do dia a dia, para mantê-los ligados no assunto.
Até aqui, nada diferente do que você sempre fez em sala de aula. O exercício começa agora:
3-imagine que entre você e seus alunos surja uma parede! Imediatamente você perde a visão deles e não os escuta mais. Nem eles te veem ou ouvem. Mas esta parede de repente se transforma em uma enorme vidraça e você volta a enxergar todos os alunos daquela sala de aula. Mas ainda não os escuta, nem eles ouvem você. Então um sistema de microfones e alto-falantes, de cada lado do vidro, capta a envia para o outro lado o que cada uma das pessoas está falando.
Pronto. Este é um cenário de referência do que é uma sala de aula virtual. O instrutor vê os alunos através de uma tela de vidro e os escuta porque há microfones do lado de lá e alto-falantes do lado de cá. E vice-versa.
4- imagine-se a frente do seu computador e visualize aquela parede de vidro da sala no monitor do seu computador. Agora todos os seus alunos estão atrás do “vidro” da tela do seu computador. Você pode visualizá-los. E pode ouvi-los porque há microfones e alto falantes ligados. Eles também te ouvem porque há um microfone captando a sua voz.
5- agora, perceba que o grupo de alunos está aparecendo no vidro da tela do seu monitor, mas dentro de quadradinhos, um separado do outro. É que agora cada um dos seus alunos está em sua casa, com microfones e alto-falantes próprios, vendo você e os colegas também através de telinhas de vidro de seus computadores, tablets ou smartphones.
Eis o ambiente virtual para que a aula remota aconteça!
6- você pode ver e ouvir seus alunos, pode falar com eles e eles também podem ver e ouvir você e os colegas. Você vai explicar os conteúdos, contextualizar o assunto do momento, vai fazer perguntas, ouvir as respostas e vai ouvir e responder as perguntas deles. E cada um deles vai estar vendo e interagindo com você e com os colegas. A aula vai ter um “Olá! Sejam bem-vindos! Como estão? Vamos falar hoje sobre…” e assim por diante.
Deste modelo imaginado para o que acontece na prática, há que se considerar que tudo vai depender da “transparência deste vidro” que permite alunos e instrutor se enxergarem. E tudo o que as pessoas vão falar e ouvir, dependerá do que estes microfones e alto-falantes estiverem captando e transmitindo. Comparando ainda com o que vinha acontecendo na aula presencial: os movimentos de chegar no CFC, entrar em uma de suas salas, cumprimentar as pessoas e acomodar-se para a aula começar, são substituídos, na Aula Remota, por abrir o navegador do dispositivo, acessar a plataforma, digitar login e senha e clicar no botão indicado para ingressar na sala virtual. A partir daqui, as pessoas se enxergam, se cumprimentam e a aula começa.
Mariano pondera ainda que esta aula virtual precisa ficar registrada e que o equivalente a uma “lista de chamada” precisa ser aplicada, para autenticar que a aula aconteceu e que aquele instrutor e aqueles alunos estiveram “presentes” naquela aula. Tudo através de biometria facial. E é bem esta parte que mais trouxe grandes desafios para a formatação das plataformas. Apesar de todas as tecnologias já disponíveis nos CFCs para validação biométrica, nunca tinha sido necessário coleta e processamento de dados de cada uma das pessoas envolvidas, de forma remota. Uma nova arquitetura precisou ser desenvolvida, o que está impactando na demora e nos custos.
Mas é importante lembrar que, além do esforço tecnológico para que a Aula Remota cumpra o seu papel, é necessário que ela seja, de fato, uma boa aula. Que ela minimamente se aproxime do que vinha sendo feito presencialmente. E isso significa muito mais do que conectar instrutores e alunos, é preciso que encontremos uma didática funcional e eficaz para esta nova modalidade, que surge como uma esperança de não parar as aulas nos CFCs, em meio a pandemia da COVID-19, finaliza Mariano.
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