Aula remota no CFC: veja a importância do uso do material didático nessa modalidade de ensino
Especialistas são unânimes em reconhecer a relevância da utilização de recursos didáticos para complementar a aula remota no CFC.
A pandemia da Covid-19 trouxe algumas mudanças para a vida de toda a população. Com as normas sanitárias de prevenção de contágio, algumas alternativas surgiram para que atividades do dia a dia não parassem, como foi o caso do processo para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Nesse contexto, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) autorizou o curso teórico de primeira habilitação na modalidade remota. Ou seja, atualmente é permitida a aula remota no CFC.
Para Êrica Elisa Nickel, pedagoga, especialista em trânsito e mestre em educação, a expansão do sistema de ensino é irreversível.
“O modelo remoto de educação popularizou-se com muito mais intensidade a partir do cenário da pandemia e cada vez mais as pessoas irão aderir a este tipo de ensino/aprendizagem. Porém o ensino presencial não irá desaparecer, mas se reinventar e tornar-se mais flexível e híbrido”, aposta.
Recursos didáticos
Mesmo diante da novidade do ensino remoto, especialistas são unânimes em reconhecer a relevância da utilização de recursos didáticos para complementar a aula. “Caso o professor ou a professora utilizem uma abordagem tradicional de aula, com muita exposição de conceitos e pouca variação nas estratégias didáticas, a aula se torna monótona e cansativa, interferindo negativamente no rendimento do estudante”, explica a mestre em educação.
Por esse motivo, muitos instrutores destacam a importância da utilização do material impresso que o aluno adquire no ato da matrícula no Centro de Formação de Condutores (CFC) e outros materiais complementares. É o que conta a instrutora teórica especializada Adriane Toledo.
“Os recursos didáticos possibilitam ao aluno o contato com o tema estudado na sala de aula de diversas maneiras e em outros momentos. Assim como, ao término das aulas ministradas, eu envio material complementar pelo aplicativo onde temos um grupo de estudos para assuntos referente ao conteúdo programático. Contudo procuro motivar os alunos a buscar mais conhecimento e complementar o que aprenderam”, argumenta.
Êrica Nickel confirma que os recursos didáticos fazem toda a diferença na aprendizagem. “Não só para prender a atenção do aluno mas para estimular o pensamento, a curiosidade, a solução de situações-problema, especialmente em conteúdos sobre o trânsito, onde o professor ou a professora podem explorar diferentes realidades, contextos, usuários, modais de transporte, com suas interações e incertezas”, complementa a especialista.
Ferramentas de ensino
O curso teórico é composto por 45 horas/aula que devem ser distribuídas em disciplinas específicas como legislação de trânsito, direção defensiva, cidadania entre outras. Nesse sentido, o uso de ferramentas, além das aulas expositivas, é fundamental para que se atinja os objetivos propostos para o curso.
Adriane Toledo relata que ministra suas aulas aproveitando diversas ferramentas para conseguir formar um cidadão mais consciente no trânsito. “Durante a aula vou explicando e mostrando slides com figuras, ilustrações trazendo as informações, base legal e fontes, etc. Ou seja, o aluno fica exposto aos três elementos da aprendizagem, que é verbal, visual e sinestésico. Dependendo do momento na aula eu utilizo alguns vídeos curtos que têm a finalidade de complementar sobre o assunto abordado. O objetivo é educar, impactar e conscientizar sobre a responsabilidade de todos no trânsito”, explica.
Nickel concorda que esse é o caminho para uma boa aula remota no CFC.
“É muito importante desafiar o estudante durante a aula com texto, vídeos, perguntas-chave. Bem como discussões em chat, fóruns online ou offline, testes surpresa, quiz, entre tantas outras estratégias”, complementa.
Material atualizado
Para finalizar, a instrutora de trânsito relata um ponto importante que deve ser observado.
“É de suma importância que todo conhecimento teórico seja repassado ao candidato com conteúdo atualizado. Além disso, que sejam apresentados de forma dinâmica e estimulante para manter o foco e a atenção dos alunos”, conclui.
O que dizem os Detrans
O Portal do Trânsito entrou em contato com alguns Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) para saber como é a normativa em relação a utilização dos recursos didáticos durante aula remota no CFC.
O Detran/SP, por exemplo, informou que os CFCs credenciados precisam cumprir o estabelecido na portaria Detran 101/2016 e diz que fiscaliza frequentemente os estabelecimentos credenciados.
“Os recursos instrucionais baseados em apostila e manuais são um dos meios dentro do processo de ensino e aprendizagem. Mas existem outros, como por exemplo, os instrutores de trânsito, que se bem qualificados, podem utilizar de maneira excepcional os recursos virtuais, tais como, plataformas de aprendizagem e produtos multimídia (podcasts, vídeo aulas, spots, dentre outros)”, destacou Rosana Néspoli, gerente da Escola Pública de Trânsito(EPT).
O Detran/MS também destacou os motivos que justificam a obrigatoriedade de recursos didáticos no curso teórico. “As apostilas ou manuais são recursos didático-pedagógicos de que deve dispor o aluno a fim complementar os estudos e aprofundar os conhecimentos trabalhados nas aulas. Nessa perspectiva, mais do que analisar o meio em que será disponibilizado, importa observar sua organização didática, o modo como está sistematizado e se cumpre o objetivo como recurso complementar a atuação do instrutor. Por exemplo, com textos, ilustrações e atividades que enriqueçam a aprendizagem dos alunos”, informa.
Já conforme o Detran/RS, em específico às aulas teóricas remotas, a Portaria nº 178/20 prevê que o CFC deverá providenciar materiais pedagógicos de apoio aos candidatos. “Inclusive para uso em período fora da aula remota, como complementação de estudos. Podendo valer-se de apostilas, vídeos, aulas gravadas, questionários e testes simulados, apoio por chat , por e-mail e aplicativos privados de mensagens. Bem como outros meios tecnológicos e pedagógicos que disponham os candidatos e o CFC”, descreveu o órgão.