Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Aulas remotas: aprendendo a descomplicar


Por Álvaro J. Pedroso Publicado 06/05/2020 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h04
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Aulas remotasPara o colunista, com menos investimento e mais criatividade é possível cumprir o exercício de aulas teóricas na formação de condutores. Foto: Pixabay,com

Em 1965, quando se iniciava a corrida espacial USA x URSS, a história da Caneta de 2 milhões de dólares x Lápis, em muito se assemelha ao momento e as necessidades que nos deparamos hoje com a pandemia causada pelo COVID-19.

Explico: à época da corrida espacial, houve muitas críticas ao investimento de milhões de dólares dos USA para desenvolver uma caneta hábil a escrever no espaço, eis que, sem gravidade, a tinta flui, seca e entope a caneta, pois não era selada, de modo que com a tecnologia existente era impossível escrever sem gravidade. Somente com a “Fischer Space Pen”, que ficou conhecida como a caneta dos astronautas, o intento foi alcançado.

O problema é que a grande inovação dos americanos foi demasiadamente dispendiosa, enquanto os russos resolveram facilmente a questão, simplesmente escrevendo a lápis, quase sem investimento. Evidentemente, há mais detalhes nesta história toda, mas o que aqui nos importa considerar é que quando há necessidade de soluções temporárias, a simplicidade pode ser a inovação!

Voltando ao momento presente, quando encaramos a pandemia do COVID-19, assim como no resto do mundo, no Brasil, estamos enfrentando o assunto da melhor maneira possível, com resultados bastante satisfatórios, ainda que não ideais, por diversas circunstâncias e motivos, questões políticas, econômicas, culturais, já sabidas por todos e debatidas diariamente.

Graças ao bom Deus, cada Estado e Município têm abordado o problema à luz da ciência e com certeza irão considerar, a partir de agora, abordagens locais sobre a intensidade necessária do distanciamento social e assepsia, segundo as recomendações da OMS.

Certo é que, sempre devemos ter como alvo a busca por soluções de saúde, sociais e econômicas para cada setor da atividade humana. De tal modo, no nosso setor de atividade, que é o de formação de condutores, por estarmos inseridos num país de dimensões continentais, haverá muita dificuldade na atuação, se simplesmente acatarmos as normas do Contran, editadas pela Deliberação 189/2020 que, de forma genérica, determinaram o modus operandi da operação de guerra.

Como se trata de uma situação temporária que, sem dúvidas, vai passar em breve, para que possamos trabalhar é imperioso que nos seja permitido escrever a lápis ao invés de usar a caneta espacial da Nasa que o Contran está propondo.

As aulas remotas, garantida a interatividade, são a solução momentânea mais segura em termos de saúde pública e viável economicamente. Entretanto, exigir dos CFC’s a tecnologia de reconhecimento facial é onerosidade excessiva imposta aos pequenos empresários, o que não apenas inviabiliza a atividade, como favorece os grandes empresários do ramo, colocando-os em situação de extrema desigualdade, violando frontalmente os princípios constitucionais da ordem econômica brasileira.

Para que complicar, se com menos investimento e mais criatividade podemos cumprir com licitude e ética o exercício de aulas teóricas na formação de condutores, e até as práticas, se respeitados, os critérios de distanciamento social e assepsia.

Lembrando que falamos de nossa querida Curitiba, um grande centro urbano, que tem tratado de forma exemplar a pandemia e combatido de forma muito satisfatória o perigo que nos assola, o que poderia servir de parâmetro para outras cidades.

PROTOCOLO DE TRABALHO (SUGESTÃO)
  1. Alunos em menor número na sala de aula, guardando o devido distanciamento social e saneamento.
  2. Dar crédito como fé pública a diretores e instrutores de trânsito vinculados aos CFC’s, dispensando a identificação biométrica para as aulas, valendo-se da lista de chamada convencional, devidamente assinada.
  3. Manter câmeras de monitoramento colocadas nas recepções, instalações e salas de aula, registrando a movimentação de pessoas.
  4. Acreditar neste momento que a boa vontade e honestidade existem em sua maioria e que a burla é exceção e deve ser punida.
  5. Permitir que os instrutores credenciados pelos Detran’s de cada Estado e vinculados aos CFC’s possam dar tele aula sem a tecnologia da caneta da Nasa.

Deem aula a lápis, seus alunos com máscara na sala de aula instrutor presencial ou por vídeo ao vivo e interagindo (utilizando o simples já disponível, notebooks e tv na sala de aula).

Além de tudo, estamos com os serviços de transporte coletivo e privado prejudicados. Não se pode perder de vista que muitas pessoas precisam dirigir, para trabalhar, para ir ao mercado, farmácia, etc. Inclusive os profissionais necessários à manutenção dos serviços essenciais, e também estas pessoas estão com seus processos de habilitação pendentes.

Vamos fazer o simples, mas com efetividade, para a preservação da saúde e emprego de todos. Saúde pública e economia aliados para a qualidade e segurança no trânsito, neste momento transitório.

No futuro, pós pandemia, acreditamos que todo o sistema de formação de condutores no Brasil deve ser revisto, mas, neste momento, a parcimônia é mandatória!

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *