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Era para ser um marco, mas…


Por Mariana Czerwonka Publicado 18/12/2018 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h13
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justica_poucosAcompanhamos estarrecidos a revisão da pena imposta ao ex-deputado Carli Filho, condenado em fevereiro deste ano, a nove anos e quatro meses de prisão em Júri Popular que o condenou por “duplo homicídio com dolo eventual”, pelas mortes de Carlos Murilo de Almeida e Gilmar Rafael Yared, numa colisão de trânsito em 2009.

O Tribunal de Justiça do Paraná, através da Primeira Câmara Criminal, após pedido da defesa, decidiu manter a condenação, mas reduzir a pena, para menos de oito anos, possibilitando o cumprimento desde o início em regime semiaberto. Pela divergência entre dois desembargadores, a pena poderá ser de 7 anos ou de 7 anos, 4 meses e 20 dias.  Esse número exato só será decidido no ano que vem.

Ainda cabe recurso da decisão, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Esse caso ficou marcado pela luta de uma mãe em busca de justiça. Christiane Yared representa milhares de mães, pais, esposas e filhos que perdem seus entes queridos de forma brusca e devastadora todos os dias no trânsito brasileiro.

Era para ser “um marco para a mudança de hábitos no trânsito”, bem disse o juiz Daniel Surdi à época do julgamento quando sentenciou a decisão do júri popular que condenou o ex-deputado pelo crime de homicídio doloso. Era para ser a “reescrita da história brasileira de uma guerra que não tem vencedores” disse Christiane Yared depois de dois longos dias em que reviveu as dores e a triste história da perda de seu filho.  Era para ser um “marco divisório à justiça do País”, disseram os representantes do Ministério Público, e que poderia representar o começo de uma era.

Não foi nada disso, foi um tapa na cara da sociedade. Foi um balde de gelo na esperança por dias melhores. A sensação é de que a impunidade venceu mais uma vez.

Christiane Yared, que foi reeleita deputada federal pelo Paraná, disse ao fim do julgamento que não conseguia descrever a avalanche de sentimento que estava vivendo.

“Hoje, vi o homem que matou meu filho ter uma redução de 2 anos na sua pena. Vi o homem, que embriagado e em alta velocidade, tirou a vida do meu amado Gilmar Rafael ter em sua sentença a definição que não passará um dia sequer na prisão. Não consigo acreditar que mesmo diante de tudo isso a Justiça não foi cumprida. Há quase 10 anos, luto para que histórias como a da minha família não aconteçam mais e podem ter certeza que essa mãe aqui não vai se dar por vencida”.

É difícil, às vezes perdemos as esperanças, mas não podemos desistir de tentar fazer uma história diferente. Não podemos desistir de lutar para que comportamentos como o que culminaram num dos acidentes mais trágicos já vistos pelos cidadãos curitibanos sejam exterminados ou pelo menos punidos de forma com que as pessoas sejam desestimuladas em repetir tal feito.

Fechamos o ano com essa triste notícia, mas com esperança que 2019 seja um ano diferente, de boas notícias e um trânsito mais humano e menos violento. É o que esperamos e continuamos lutando!

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