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Psicologia ambiental: uma alternativa à sustentabilidade humana


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 29/05/2019 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h11
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Psicologia ambientalFoto: Pixabay.com

Há alguns dias recebi uma indicação para uma palestra em um seminário, no qual o tema seria Inovação e Desenvolvimento Socioambiental. Durante as tratativas com a responsável pela organização do evento, referi que minha linha de trabalho era muito mais inovação que desenvolvimento socioambiental, mesmo assim me coloquei a disposição pelo desafio de falar sobre algo que foge da minha zona de conforto.

Quando propus o título análogo ao do presente artigo, a mesma pessoa me questionou:

“Mas Rodrigo, e quanto à INOVAÇÃO?”. Ao que eu respondi: “Mas o que é INOVAÇÃO para você?”.

Ela, acertadamente, respondeu que uma inovação não precisa necessariamente estar ligada à tecnologia. A inovação, no contexto de mobilidade urbana, por exemplo, poderia ser uma intervenção realizada nas calçadas da cidade, no intuito de dar um maior conforto e/ou segurança ao pedestre.

“Perfeito” – respondi.

Era exatamente essa a minha intenção na palestra (e também nesse artigo):
Propor a inovação no sentido de uma quebra de paradigma, uma nova forma de entender a relação do ser humano com a natureza, bem como do ser humano com ele mesmo.

E essa desconstrução começa pelo próprio conceito de tecnologia. Quando usamos o termo tecnologia tendemos a pensar em ferramentas ou componentes eletrônicos, como computadores, smartphones ou aplicativos, quando na verdade o conceito de tecnologia é muito mais amplo. Na verdade, ele refere-se à qualquer conhecimento que, aplicado através de um processo técnico e científico, se possa chegar a uma determinada transformação. Desse ponto de vista, se você que está lendo e compreendendo esse texto é devido a uma determinada tecnologia. Não necessariamente à transmissão de dados pela internet, nem pela projeção da imagem no seu monitor ou na tela do seu celular, mas devido ao processo de escrita, que também pôde, em algum momento da história da humanidade, ser considerado uma inovação tecnológica.

E, em se tratando da história da humanidade, é inegável a insignificância humana perante toda a história da Terra. Historiadores estimam que a Terra tenha por volta de 4,5 bilhões de anos, enquanto a humanidade, apenas 2 milhões de anos. Se considerarmos a história da civilização atual, aí teríamos míseros 10 mil anos. O historiador inglês Christopher Lloyd traz de forma bastante elucidativa em seu livro O que aconteceu com a Terra um interessante comparativo da história da Terra com a da humanidade. Segundo ele, se a história da terra pudesse ser expressa nas 24 horas de uma relógio, a história da humanidade começaria apenas às 23:59:57, ou seja, apenas 3 segundos é todo o tempo que levaria da pré história até os dias atuais.

Diante de tal cenário e dos avanços constantes das biotecnologias e da inteligência artificial, os questionamentos do homem acerca da sua “humanidade” – e mesmo de sua centralidade – passam a ser cada vez mais constantes. Quando há a possibilidade de que uma máquina se iguale ou até mesmo supere o desempenho de quem a criou, que o homem possa ser clonado ou mesmo ter seu código genético modificado, o sentido da “humanidade” tende a ser repensado. Nesse sentido, em um estudo de 1917, Freud propôs que ao longo da história o homem teria sofrido três grandes golpes ao seu amor-próprio, o primeiro denominado Cosmológico, o segundo Biológico e o terceiro Psicológico (saiba mais lendo RECALL NARCÍSICO). Cada uma dessas “feridas narcísicas”, como foram referidas, levou a uma reestruturação da sua relação com o mundo em busca de um equilíbrio.

E, no que tange à psicologia, há uma área de estudo denominada Psicologia Ambiental, a qual pode ser definida como o estudo do inter-relacionamento entre comportamento e ambiente físico, tanto o construído quanto o natural. Pode não ser o exemplo mais preciso, mas isso me faz lembrar da Teoria das Janelas Quebradas, uma teoria criada em 1982 por cientistas sociais norte americanos, chamados James Q. Wilson e George Kelling, que basicamente defendem que se uma janela de um edifício for quebrada e logo não receber reparo, a tendência é que passem a arremessar pedras nas outras janelas e posteriormente passem a ocupar o edifício e destruí-lo.

No que diz respeito à sustentabilidade, a relação me parece bastante óbvia: se o prédio for o Condomínio Residencial Planeta Terra e as vidraças os recursos naturais (aos quais nós, estimados seres humanos, estamos incluídos), parece estar mais do que na hora de pararmos de esperar pelo síndico (ou seja lá qual outra autoridade for), arregaçarmos as mangas e começarmos a trocar nós mesmos essas vidraças, antes que sejamos despejados de vez…

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