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Conversar com o passageiro é diferente de falar no viva-voz. Será?


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 24/10/2019 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h08
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Viva-voz no carroFoto: Pixabay.com

Outro dia, enquanto me “deixava levar” pela internet, acabei me deparando com um artigo que me chamou a atenção. O jornalista Denis Freire de Almeida expôs no seu Blog um estudo da Universidade de Utah, o qual apontava que conversar com passageiro é bem diferente de falar ao viva-voz no carro. Segundo esse estudo, a principal diferença é uma só: o passageiro está inserido no mesmo contexto que o motorista.

Antes de me ater especificamente ao ponto abordado na pesquisa, vejamos a realidade local e o que nos diz o nosso CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Visto que, como já explanei em outro artigo, legislação não é uma das minhas maiores especialidades, busquei apoio nos maiores especialistas na área. Recentemente, o amigo Ronaldo Cardoso, tutor do site Autoescola Online, publicou dois artigos, nos quais trazia a interpretação de dois grandes especialistas sobre o assunto.

Para o Dr. Paulo André Cirino, advogado responsável pela assessoria jurídica do Detran / ES,

“a utilização de mecanismos como o bluetooth e o viva voz NÃO podem ser caracterizados como infração de trânsito; seja pela ausência de previsão legal, seja pela ausência de entendimento do CONTRAN corroborando tal tese (saiba mais)“.

Já na opinião do Capitão da PM de SP Julyver Modesto de Araújo,

a utilização de telefone celular é infração de trânsito específica, desde que o atual CTB entrou em vigor (22/01/98), incluindo qualquer forma nova desenvolvida (ou que seja criada), que permita que o condutor permaneça com as duas mãos no volante (saiba mais)“.

Enfim, deixo as discussões legais àqueles que sobre elas têm domínio e volto ao estudo citado no início do texto. Até concordo com os nobres colegas de Utah, porém acho esse argumento um tanto fraco. Afirmar que o passageiro pode evitar assuntos complexos, que demandem mais atenção do motorista, pelo simples fato de estar inserido no mesmo contexto que o motorista pressupõe que o passageiro entenda de trânsito. Ou seja, tenha noção dos riscos e das dificuldades. O que não é necessariamente uma verdade.

Na minha opinião o maior risco de atender ligações ao volante se trata da questão da surpresa, isso é, você nunca sabe que assunto será abordado na ligação, podendo se tratar de uma notícia extremamente boa, como um prêmio ou um sorteio ganho, que poderia trazer um perigoso estado de euforia ao condutor. Ou ainda uma notícia extremamente triste, como a morte de um amigo, que da mesma forma poderia deixá-lo perigosamente abalado. No entanto, nada impede que, também esse fator surpresa, ocorra num diálogo com o passageiro.

Além disso, há também o risco do contato físico. Lembro de, certa feita, ter advertido minha esposa severamente quando, durante uma conversa descontraída, ela me fez cócegas enquanto eu dirigia. Casos tão frequentes são os de acidentes, muitas vezes fatais, causados por brigas ou discussões entre condutor(a) e passageiro, assim como nesta notícia veiculada há algum tempo.

O fato é que, no meu ponto de vista, há apenas uma diferença concreta entre uma conversa com um passageiro ou pelo viva voz: o fato de você poder desligar a ligação telefônica; já o passageiro, você só consegue amordaçá-lo, jogá-lo no porta malas ou mesmo pra fora do carro, mas não desligá-lo (risos).

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