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Destaque às Mulheres no trânsito


Por Mércia Gomes Publicado 08/03/2019 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h13
 Tempo de leitura estimado: 00:00

*iniciando em 1888 com a primeira mulher dirigindo veículo
*Feminismo sempre existiu.
*Direito à conduzir veículo
*Dia Internacional da Mulher
*MULHER – Exemplo de Superação

“Mulher no volante, não há perigo constante

mercia-portalEm 08 de março de 1857, em uma fábrica têxtil, em Nova Iorque, 129 operárias morrem queimadas numa ação policial porque reivindicaram a redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias e o direito à licença maternidade. Esse fato, mais tarde ficou instituído como o Dia Internacional da Mulher, em homenagem a essas mulheres.

Ainda, em setembro de 1968, cerca de 400 mulheres se aproximaram do teatro onde ocorria o concurso Miss América, em Atlantic City, dispostas a pôr fogo em apetrechos como sutiãs, cílios postiços e saltos altos, elas estavam prestes a mudar radicalmente a história do feminismo no mundo. Não houve fogo naquele dia, porque o protesto foi impedido pela prefeitura — embora o episódio tenha sido eternizado como a “queima de sutiãs” —, no entanto elas incendiaram o debate sobre o tema e suscitaram manifestações em outras partes do mundo, como em Berlim, capital da Alemanha, onde de fato houve fogueiras. De lá para cá, o feminismo ganhou grandes representantes políticas, foi responsável pela conquista de uma série de direitos e pela abertura da atual discussão sobre igualdade de gênero que tanto mobiliza mundialmente.

A discussão sobre os direitos da mulher como visto, é bem anterior a 1968, podemos observar em relação ao trânsito, nosso tema trazido, que a considerada “mãe” do automóvel, Bertha Benz foi a pessoa responsável pela sua popularização, além de ser o primeiro piloto de teste da história. Sem o conhecimento do marido Karl Benz, Bertha pegou o Patent-Motorwagen Nº 3 e realizou a primeira viagem de longa distância em um veículo motorizado em 1888. Seu objetivo era comprovar a confiabilidade do veículo, um triciclo. Ela embarcou no modelo com os dois filhos e percorreu cerca de 104 km entre as cidades de Mannheim e Pforzheim.

No caminho, ela enfrentou problemas, solucionando-os como pode. Bertha chegou a usar um prendedor de cabelo para desobstruir o tubo de combustível que entupiu. Ela também foi responsável por sugerir melhorias que foram adotadas no modelo, como o uso de uma terceira marcha após ter dificuldade para subir uma ladeira com o veículo de apenas duas marchas.

Outra inovação atribuída à senhora Benz é a invenção da lona de freio. Com medo de que os freios não funcionassem corretamente nas descidas, ela os renovava frequentemente nas cidades por onde passava.

Trazendo para o Brasil, as mulheres pioneiras a conseguir habilitação para dirigir foram Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling, também a primeira para – quedista do País, que conseguiu sua habilitação em 1932, em Vitória (ES).  Schorling conseguiu ainda a habilitação para motos em 1933.

Do adeus aos espartilhos à conquista do direito ao voto, em 1932, muita coisa mudou. As mulheres já superam o número de trabalhadores do sexo masculino em muitas organizações e é cada vez mais comum ver cargos de chefia em mãos femininas. As conquistas pessoais e profissionais obtidas ao longo dos tempos estendem-se ao trânsito. Há dez anos, elas eram apenas 421.423 dos 2.091.064 de condutores registrados no Paraná. Hoje, somam 899.302, um crescimento de 113%. Apesar de ainda serem a minoria (são 27,72% dos motoristas cadastrados no Detran/PR), as mulheres conquistam cada vez mais espaço neste ambiente historicamente masculino. “Pode-se dizer que as mulheres deixaram o volante da casa para assumir o volante da vida”, o trânsito sempre esteve relacionado ao sexo masculino, em função, principalmente, da força que os primeiros automóveis exigiam do motorista e da própria criação do trânsito como se conhece hoje, com a abertura de estradas e construção de ferrovias, obras executadas por homens. Sem esquecer que, por séculos, o homem assumiu o papel de provedor da família, saindo de casa à procura de alimento e renda, enquanto à mulher cabiam as tarefas domésticas.

A quantidade de mulheres que hoje atua profissionalmente no trânsito, tem sido motivo de cada vez mais as empresas optarem pela prestação e serviço feminina, razão pela qual as mesmas são mais organizadas, comprometidas, centradas, até porque necessitam efetuar entras e voltar para seus lares, rever seus filhos, que muitas vezes ficam dias sem contato com a mãe/motorista.

Todavia, o preconceito, entretanto, continua sendo rotina, as mulheres sofrem para manter respeito dos passageiros, manter aplicativos como motoristas somente para mulheres, os quais são pouco procurados, inclusive para obter à confiança da empresa e enfrentar o preconceito dos colegas de trabalho e passageiros.

Mulher no volante, sem perigo constante”

Essa frase deveria ser utilizada pelo DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, que apresenta estatísticas do quanto a mulher tem sido diferenciada do sexo masculino, positivamente no trânsito. Isso mesmo! Para cada 10 mil mulheres, apenas 1,31 teve registro em acidentes fatais em 2017. Entre eles, o índice foi de 5,94. A explicação? As mulheres são mais cautelosas e respeitam mais as leis de trânsito. “A mulher é mais educada, dirige dentro da velocidade regulamentada e é mais ponderada. Se leva uma ‘fechada’, não sai atrás para retrucar. Para o homem, o carro é sinônimo de poder.

 

O órgão do DENATRAN, também revelou que o número de mulheres habilitadas está crescendo. Dos 45 milhões de motoristas no país, um terço são mulheres. Mas mesmo com a maioria dos motoristas sendo homens, a alta taxa de acidentes causadas por eles ainda é desproporcional e assustadora.

Outra pesquisa sobre o tema, feita pelo Infosiga SP (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo) em 2017, contabilizou os acidentes com vítimas fatais. Os dados mostraram  que das 5.727 mortes provenientes de acidentes de trânsito, apenas 15% eram mulheres.

As pesquisas indicam mais do que dados, mas também identificam grandes diferença de comportamento entre os dois sexos. As mulheres tendem a ser mais cautelosas e evitam situações arriscadas no trânsito, o que explica inclusive o fato dos valores das seguradoras serem mais baixos para elas.

Ainda no levantamento do Infosiga SP, o comportamento de condutores e pedestres é o maior fator de risco. Em 94% dos acidentes fatais, a falha humana é a principal causa, o que aponta para a necessidade de se ter mais cuidado e paciência no trânsito.

As estatísticas do Infosiga SP revelam ainda que quase metade das ocorrências fatais são colisões contra outros veículos. “Isso reflete o alto nível de competição e imprudência por parte dos condutores em geral”.

“As mulheres, em sua maioria, nos dão o exemplo de como devemos nos comportar para evitar acidentes e fatalidades. Paciência, civilidade ao compartilhar o espaço e se colocar no lugar do outro são atitudes que devem marcar nosso comportamento em qualquer situação, principalmente no trânsito”.

Em pesquisa por Silvia Lisboa – coordenadora do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, conclui diferença de forma a seguir entre sexo feminino e masculino na condução do veículo.

“Certamente, a relação de homens e mulheres com os veículos é muito diferente. Na maioria dos casos, vítimas do sexo feminino são pedestres ou passageiras, em pouquíssimos casos conduzem veículos em acidentes fatais”.

Enquanto 93,1% dos condutores vítimas de acidentes são do sexo masculino, entre as mulheres esse índice é de apenas 6,4%. O principal tipo de acidente que vitimam as mulheres são os atropelamentos, que correspondem a 40% das fatalidades nesse grupo.

O programa do Governo do Estado de São Paulo, o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito tem como principal objetivo reduzir pela metade os óbitos no trânsito no Estado até 2020, mas infelizmente não será possível alcançar esse número.

Inspirado na “Década de Ação pela Segurança no Trânsito”, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2011 a 2020, o comitê gestor do Movimento é coordenado pela Secretaria de Governo e composto por mais nove secretarias de Estado: Casa Civil, Segurança Pública, Logística e Transportes, Saúde, Direitos da Pessoa com Deficiência, Educação, Transportes Metropolitanos, Planejamento e Gestão, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. As secretarias são responsáveis por construir um conjunto de políticas públicas para redução de vítimas de acidentes de trânsito no Estado. Destaca – se apenas que aumentou o número de condução de veículos pelo sexo feminino, que não traz alertas quanto ao respeito à legislação, porém, não diminui o número de acidente em relação ao sexo masculino.

De todo o exposto, deve ser o divisor de águas essa data, já que para muitos, o 8 de Março é apenas um dia para dar flores e fazer homenagens às mulheres. Mas diferentemente de diversas outras datas comemorativas, esta não foi criada pelo comércio, mas sim criada por mulheres que lutaram e morreram buscando o “princípio da igualdade” , respeito à vida, dignidade humana.

Afim de conhecimento e respeito à data quanto as mulheres, frisa – se que foi oficializado pela Organização das Nações Unidas em 1975, o chamado Dia Internacional da Mulher, que era celebrado muito tempo antes, desde o início do século 20. E se hoje a data é lembrada como um pedido de igualdade de gênero e com protestos ao redor do mundo, no passado nasceu principalmente de uma raiz trabalhista.

Foram as mulheres das fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa que começaram uma campanha dentro do movimento socialista para reivindicar seus direitos, já que as condições de trabalho delas eram ainda piores do que as dos homens à época, como ainda ocorre. Destaca – se as mulheres que prestam serviços nas empresas de transportes, com compromisso de viajar por dias afim de efetuar entregas de mercadorias. Essas mulheres, dormem no caminhão, tomam banho nos postos de gasolina, almoçam e jantam com diversos motoristas e, são elas que enfrentam os preconceitos, desrespeitos, sem banheiro privativo, sem espaço reservado específico para mulheres, mas o abuso sim continua.

O trânsito é o fator importante consideravelmente no Brasil, onde a sociedade sente na obrigação em possuir um veículo, na grande maioria dos Municípios, incluindo a grande São Paulo, em cada família existe 2 veículos, dando ensejo a importância e potência em dizer e sentir: “temos 2 veículos em casa”, especificamente para o fator/condutor masculino, porém as mulheres se destacam, são a minoria nas empresas, mas a maioria em menor número de acidentes e lesões, porém, é claríssimo que hoje, século XXI ainda predomina forte o preconceito pela mulher no volante, mesmo com a morte da frase: “mulher no volante, perigo constante” .

As mulheres são exemplo de segurança no trânsito e merecem respeito!

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