Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Vilãs do trânsito seguro: distrações são principais responsáveis por acidentes


Por Mariana Czerwonka Publicado 07/05/2016 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h37
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Distrações no trânsitoPesquisa revela que 80% dos condutores utilizam o celular enquanto dirigem, embora conheçam os riscos do hábito. Foto: shutterstock

Com o propósito de chamar a atenção para o elevado índice de mortes e acidentes no trânsito o movimento Maio Amarelo chega à sexta edição, sendo que em 2015 foram mais de 600 empresas e entidades apoiadoras da causa. O mês foi escolhido a partir da proposta da Organização das Nações Unidas (ONU), decretada em maio de 2011 como a Década de Ação para Segurança no Trânsito. Com ações pontuais, a iniciativa coloca em pauta o tema segurança viária e convida todos a repensarem a responsabilidade que possuem no trânsito.

Para o diretor da Perkons e especialista em trânsito, Luiz Gustavo Campos, propostas como às do Maio Amarelo são decisivas para conscientizar a população da importância de manter-se focado na direção. “O mês de maio deve remeter a um período tanto de reflexão quanto de tomada de decisão para melhoria dos atuais cenários de segurança no trânsito. Vale ressaltar, entretanto, a importância de cultivarmos este olhar consciente todos os dias em todos os meses, ininterruptamente”, pondera.

Estar atento às circunstâncias do trânsito, afinal, é requisito básico para quem vai assumir a direção de um veículo. Passível de penalidade pelo artigo 169 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a falta de atenção reside na maior causa de acidentes de trânsito, de acordo com estudo da revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

De acordo com o professor do departamento de psicologia do campus da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, José Aparecido da Silva, embora existam três variáveis do trânsito – motorista,  legislação e  ambiente -, o homem continua a ser o maior responsável pelo alto índice de acidentalidade. “A falta de atenção é um guarda-chuva para negligências no trânsito. É possível afirmar que entre 60% e 70% dos acidentes fatais no mundo tenha origem na distração”, explana.

Prova disso é a análise feita pelo mesmo estudo que elenca a desatenção como principal causadora de acidentes. Radares, sensores e câmeras instaladas nos carros de 3,5 mil motoristas, que percorreram mais de 90 milhões de quilômetros, detectaram que 68% das 905 batidas ocorridas no período resultaram de distrações. Dentre elas, os potenciais vilões são o uso do rádio, celular e outros equipamentos eletrônicos, hábito inapropriado que aumenta os riscos de acidentes em cerca de 200%.

Em concordância com este dado, o artigo 252 do CTB proíbe o uso de celular associado ao volante. Números e legislação, contudo, parecem não ter efeito na consciência de grande parte dos condutores, que assumem fazer uso do aparelho,apesar de ter conhecimento dos perigos que a prática provoca. Realizada com cerca de 4 mil condutores, pesquisa elaborada pelo Hospital Samaritano de São Paulo, indica que utilizar o celular é parte da rotina de 80% deles, sendo que 93% dos motoristas reconhecem o risco da ação e 63% garantem a mudança de hábito apenas no caso de sofrerem acidente decorrente deste uso indevido.

Para Silva, além das facilidades proporcionadas pelo aparelho, o desconhecimento da gravidade dos riscos do mau hábito está entre as justificativas para a insistência na atitude. “O uso de celular associado ao volante sobrecarrega o sistema sensorial, provocando a perda de informação e, por consequência, o aumento do tempo de resposta a estímulos externos. Quando se dá conta, o motorista invadiu a outra pista, atravessou o sinal ou deixou de acender a luz traseira”, esclarece.

Neste sentido, o celular se torna um problema não apenas por estimular o diálogo a todo momento e de qualquer lugar, mas por desacelerar a capacidade cognitiva do condutor. “É diferente de conversar com o passageiro, que calibra a conversa pela situação do trânsito que está vivendo junto com o motorista. Pelo celular, o interlocutor quer uma resposta imediata e ignora os complicadores enfrentados pelo condutor”, compara o professor. Ele lembra ainda que o uso do aparelho se assemelha ao ato de dirigir alcoolizado.

Outros focos de distração no trânsito

Segundo o especialista em Medicina de Tráfego, Henrique Shimabukuro, na medida em que conversar ao celular durante a condução do veículo aumenta de 4 a 6 vezes o risco de acidentes, enviar e ler mensagens provoca aumento de 23 vezes. “É importante salientar que o uso do recurso viva voz não modifica esses riscos. Então é mais razoável parar o veículo  atender a ligação ou enviar a mensagem”, recomenda.

Por outro lado, ele lembra que há outras atividades que desviam o foco do condutor e podem, por isso, desencadear acidentes. Dentre elas comer, beber, fumar, maquiar-se, sintonizar o rádio, usar notebooks e alcançar algum objeto dentro do carro devem ser evitadas por motoristas. Enquadra-se neste contexto, ainda, dirigir com animais de estimação no veículo, circunstância que pode comprometer a segurança do próprio pet. Para impedir que a situação se agrave, o ideal é que sejam transportados no banco de trás do veículo, em uma caixa ou gaiola para este fim. Conforme os artigos 235 e 252 do CTB, o transporte inadequado de animais resulta em infração e perda de pontos na carteira.

Outro fator que deve passar por avaliação do condutor, segundo Shimabukuro, é o estado emocional prévio ao ato de dirigir. Ele exemplifica que uma discussão no trabalho, na família e até um desentendimento no trânsito podem influenciar na atenção e no comportamento ao volante. A desatenção gera uma série de desdobramentos que podem interferir na habilidade de condução, no controle de velocidade, e no tempo de processamento de informações, deixando a capacidade de reação 18% mais lenta do que em condições normais”, conclui.

Com informações da Assessoria de Imprensa

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *