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Microrrevoluções urbanas beneficiam a mobilidade das cidades


Por Mariana Czerwonka Publicado 10/08/2015 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h47
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Mobilidade urbanaÔnibus Passa Aqui é uma das ações da Rede Múrmura. Qualquer pessoa pode escrever as linhas que passam no local e ajudar outros passageiros. Foto: Manoel Petry

Projetos mobilizam a sociedade com ações que melhoram o trânsito

Assessoria de Imprensa Perkons

Mariana Simino

Uma nova maneira de melhorar as cidades tem atraído a atenção e a curiosidade das pessoas e conquistado novos adeptos. Esta nova forma de cuidar do local onde se vive chama-se “microrrevolução urbana”. Termo que abrange projetos viáveis, replicáveis e de baixo custo, que despertam nas pessoas um senso de pertencimento ao local onde atuam e habitam. São pequenas atitudes, presentes em cidades com São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, entre outras, que, quando somadas, acabando resolvendo problemas maiores, sem a necessidade da intervenção estatal. A Perkons ouviu especialistas para entender como as ações funcionam e quais os principais resultados para a mobilidade.

São projetos baratos, mas com alto poder de influenciar o dia a dia em um determinado local da cidade. Luciano Braga, visão criativa da Shoot The Shit – estúdio que cria e executa projetos focados em transformação social – explica que as microrrevoluções urbanas partem do princípio de que é muito mais fácil cada pessoa cuidar um pouco da cidade do que uma organização que centralize todo o poder. “No momento em que a gente consegue mexer num local, a gente se sente dono dele”, sugere.

De acordo com Luciano, é muito difícil para os governos estarem atentos a tudo que acontece na cidade. “Existem pequenos problemas que passam despercebidos pelos gestores, já que muitos deles não vivem tanto a rotina da cidade. Ficam em seus gabinetes resolvendo problemas que outros vivem, e não caminham pela cidade, não pegam ônibus, não precisam caminhar na cidade à noite. Como fica difícil depender deles para a solução desses desafios, às vezes cabe ao cidadão comum propor algo, fazer algo que melhore esse problema específico. O trânsito está ruim? Então um cara se veste de super herói e sai disseminando pelas ruas do México boas práticas para um trânsito melhor, como faz El Peatonito, um cidadão comum que resolveu atacar esse problema”, explica.

Desta ideia surgiu o projeto Múrmura, uma rede de pessoas que não só apoiam microrrevoluções, mas também tem a chance de realizá-las. Quem faz parte da rede paga mensalmente a quantia que deseja. O dinheiro é utilizado pela Shoot The Shit para a realização de ações pelas cidades. As pessoas que fazem parte da rede ainda têm a chance de participar da execução dessas ações e recebem em casa a Action Box. “Assim, elas podem participar da revolução tanto como coletivo, nas ações, como no individual, com os projetos da Action Box. Em poucos meses de existência do Múrmura – criado em junho de 2014 –, mais de 30 pequenas ações já foram realizadas através das pessoas que fazem parte da rede”, conta Luciano.

Ele comenta ainda que o conceito é tendência também em outros países, mas enquanto no mundo desenvolvido as microrrevoluções são mais ligadas à arte e à quebra de “monotonia” das cidades, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, essas ações visam a melhoria direta de obstáculos urbanos. Um exemplo é o projeto Que Ônibus Passa Aqui, uma ação da Rede Múrmura, onde qualquer pessoa pode escrever as linhas que passam no local e ajudar outros passageiros.

Projetos que favorecem a mobilidade urbana

Diversas ações têm trazido resultados positivos e melhorado a mobilidade das cidades, como é o caso do projeto Cidade Ativa. A organização social sem fins lucrativos foi criada para incentivar discussões sobre o impacto que o planejamento urbano e que a arquitetura das edificações exercem nos estilos de vida e na saúde pública. De acordo com Gabriela Callejas,cofundadora e diretora do projeto, o benefício para a mobilidade urbana pode ser resumido em gastar menos energia e mais calorias. “Acreditamos que muitos dos deslocamentos hoje realizados através de queima de combustíveis fósseis podem ser substituídos por deslocamentos ativos, nos quais calorias são queimadas. Além de todos os benefícios para o meio ambiente, a prática do deslocamento ativo é uma forma do cidadão se exercitar, contribuindo assim para a saúde pública da cidade. Por isso, fazemos pesquisas sobre calçadas e outros espaços que fazem parte da rede de mobilidade a pé e propomos intervenções físicas nestes espaços”, explica.

Outra ferramenta que surgiu para melhorar a mobilidade na cidade de São Paulo é o Desenhe sua Faixa, que possibilita àqueles que caminham pela cidade indicar pontos problemáticos relacionados às travessias, como ausência ou mau estado de conservação de faixas de pedestres, falta de sinalização, tempo de travessia insuficiente, além de outras ocorrências sobre a qualidade das calçadas. Isso é feito em um mapa colaborativo que utiliza a plataforma Cidadera para reunir todas as demandas dos usuários em São Paulo.

Renata Rabello, responsável pelo Desenhe sua Faixa, afirma que, como resultado, espera-se que o poder público utilize essa plataforma para direcionar suas ações, verificando os locais inseguros já sinalizados pelos transeuntes. “O objetivo é consolidar a mobilidade a pé, garantindo qualidade e segurança nas travessias. A partir do aprimoramento das sinalizações, demonstra-se que a cidade é feita para as pessoas, valorizando parte integrante do trânsito da cidade muitas vezes ignorado: o pedestre”, completa.

Bike Anjo é mais um exemplo de ação que surgiu para melhorar o deslocamento urbano. Martina Horvath é um dos “anjos” do projeto e explica que o objetivo dos participantes, que estão nos quatro cantos do Brasil, é colocar mais ciclistas e bicicletas nas ruas e, com isso, humanizar as cidades para que elas se tornem locais mais agradáveis para as pessoas viverem. “Atualmente, são mais de 1700 voluntários envolvidos no Bike Anjo, em mais de 250 cidades no Brasil e em países como Estados Unidos, Portugal, Austrália e Equador. Já atendemos diretamente mais de 7.789 pessoas”, acrescenta.

Dentre as ações do movimento estão ensinar pessoas a pedalarem, através do EBA! Escola Bike Anjo!; dar dicas de segurança, legislação, postura e outras a quem já sabe pedalar, mas quer adotar a bicicleta em seus trajetos cotidianos; e auxiliar nas rotas de quem já sabe se locomover pela cidade de bicicleta, mas tem dúvidas sobre quais os melhores caminhos a serem seguidos.

Com informações da Assessoria de Imprensa

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