Na hora de trocar o carro, não se iluda com o juro zero


Por Talita Inaba

juro zeroPara aquecer o mercado e incentivar a compra de automóveis, concessionárias do País inteiro têm apostado no financiamento de veículos a juro zero. Mas não se engane achando que está fazendo o melhor negócio do mundo ao trocar de carro. Se normalmente a prática é correta e regida pela ética, há casos em que a lei é desrespeitada e tudo não passa de maquiagem. Especialistas alertam até para medidas abusivas por parte das empresas. Segundo a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ione Amorim, cobranças não informadas fazem com que o juro zero acabe não existindo na prática. “Na maioria das vezes, quando a concessionária oferece esse financiamento, é preciso olhar para outros custos”, avisa. Um deles é a tarifa de cadastro ou de abertura de crédito, proporcionais ao valor financiado. Ione afirma que as tarifas que, para a maioria dos financiamentos, giram em torno de R$ 30 a R$ 50, chegam a ser 30 vezes maior quando se trata de veículos. O valor do automóvel estaria, desta forma, sendo embutido em outros serviços. “Essa prática é totalmente ilegal”, diz a economista. Se o juro é zero, o custo efetivo total deve ser nulo, sem que haja qualquer encargo a mais. Cobrar a tarifa de cadastro de clientes que já possuem relacionamento com o banco também seria uma prática abusiva. O Idec ainda alerta para casos em que as concessionárias incluem na operação de crédito a comissão paga ao vendedor. A advogada cível e trabalhista Natália Rieth alerta que o financiamento só pode ser considerado com juro zero caso o valor à vista seja o mesmo do financiado. Concessionárias que oferecem desconto no valor à vista estariam, consequentemente, cobrando juros no parcelamento. Natália ressalta outro custo que deve ser analisado pelo comprador: o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que muitas vezes não é informado ao cliente. Entretanto, o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Motadoras (Anef), Décio Carbonari, acredita que não há a obrigatoriedade de a empresa anunciar que o IOF será cobrado. Para ele, a cobrança de impostos é uma medida de praxe em qualquer transação, não havendo necessidade de informá-la. Carbonari afirma que o juro zero é uma prática muito comum nos países mais desenvolvidos. Nos EUA e em países europeus, a inflação é muito baixa e, portanto, é mais fácil propor a taxa zero. Já no Brasil, é caro ofertar permanentemente veículos com esse desconto. Segundo o presidente da Anef, são raros os casos em que o custo do juro zero está embutido em outros valores. Fonte: Terra.com.br

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