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Quatro em cada dez veículos de carga apresentam falha mecânica


Por Mariana Czerwonka Publicado 26/04/2016 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h38
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Assessoria de Imprensa

Falha mecânica em veículosEm pouco mais de um ano a Operação Serra Segura contabilizou que, em média, 40% dos veículos pesados trafegaram com falhas mecânicas na BR 376. Foto: Autopista Litoral Sul Arteris

Se fosse capaz de impedir um acidente de carro você o faria, certo? Por mais inegável que pareça, a hipótese não corresponde totalmente à realidade, já que falha mecânica ocupa a quarta posição das principais causas de acidentes declaradas por motoristas no país. Em 2006, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) autuou quase 18 mil veículos por circularem em rodovias brasileiras sem as mínimas condições conforme dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Embora possa parecer baixo, se transportado ao cotidiano, o número ganha proporções que merecem atenção. Para compreender melhor a situação, a Perkons entrevistou especialistas no assunto.

Com o propósito de prevenir acidentes deste caráter, foi organizada há pouco mais de um ano, a operação Serra Segura, que realiza a vistoria completa dos veículos de carga, como carretas e caminhões, que trafegam pela BR 376, entre Paraná e Santa Catarina. Além da suspensão, do sistema de freios e das condições de iluminação, por exemplo, são também verificados o teor e o peso da carga transportada. Fruto da parceria entre a Autopista Litoral Sul Arteris e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a iniciativa já teve nove edições e, segundo o gerente de Operações da concessionária, Ademir Custódio, já dá resultados. “No período, verificamos que 40% dos veículos apresentavam problema mecânico. O índice é muito elevado e pode estar relacionado aos acidentes ocorridos no trecho”, associa.

Para as operações, a concessionária atua com uma equipe especializada apenas na verificação mecânica dos veículos. O efetivo da polícia, por sua vez, se dedica ao tratamento direto com os motoristas, seja para orientá-los, seja para notificá-los. Durante a vistoria, os condutores também são convidados a assistirem uma palestra de conscientização sobre os acidentes ocorridos no trecho em questão. “São cerca de 80 veículos fiscalizados por dia de operação, quando também verificamos a documentação do motorista”, destaca o Inspetor Marins, que faz parte da equipe da PRF. As análises são feitas com base no Artigo 230, que discorre sobre infrações de trânsito e é considerado um dos mais longos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

De acordo com o Inspetor, as medidas adotadas depois da avaliação das condições do veículo independem da gravidade do problema apresentado. “Sempre notificamos e retemos a documentação para que o motorista deixe de seguir viagem e faça os reparos necessários na volta para Curitiba. O que muda é o prazo para nos apresentar recibo de comprovação do serviço”, esclarece. Logo, se para substituir peças o condutor tem em média um dia, para consertar o desgaste de freios pode levar mais tempo. “Este caso, em especial, é um dos mais recorrentes, apesar de ser também um dos mais graves”, completa.

Outras ações

Para conter os acidentes causados por essas falhas, a concessionária também instalou, em 2011, uma área de escape a dez quilômetros do posto. Com apenas outros dois sistemas no país, ambos na Rodovia Anchieta no sentido Santos, a obra fica na lateral da pista e serve para desacelerar os veículos que estiverem com o sistema de freio comprometido. “Até agora, 150 veículos de carga recorreram ao recurso, o que equivale a uma média de três por mês com falha nos freios”, observa Custódio. Somadas à operação dos controladores de velocidade e à sinalização diferenciada no trecho – com indicação de locais com risco de tombamento, por exemplo -, a área de escape e a operação Serra Segura levaram a uma redução de cerca de 34% do número de vítimas fatais com veículos de carga entre 2014 e 2015 somente na rodovia.

De olho na manutenção

Por oferecerem riscos aos condutores, passageiros e pedestres, veículos sem manutenção são sinônimos de perigo constante. Apesar disso, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP) registrou que, entre janeiro e outubro de 2014, pouco mais de meio milhão de veículos ficaram parados nos mais de 6 mil quilômetros de rodovias do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo por apresentarem problemas de manutenção, dentre os quais pneu furado e superaquecimento do motor.

Para o engenheiro mecânico e consultor automotivo, Marcus Romaro, a negligência pode ser um dos reflexos da cultura brasileira que ainda prioriza equipar o veículo com dispositivos de som ou que modificam sua altura, por exemplo, ao invés de investir nas revisões periódicas ou em automóveis com equipamentos de segurança. “Atitudes como essas se devem à falta de consciência de risco, haja vista as várias práticas inseguras da nossa população em todos os âmbitos da sociedade”, pondera.

Infelizmente, a gama de acidentes decorrentes desta conduta é vasta, assim como a gravidade de cada um deles. Conforme o engenheiro, eles podem envolver desde uma parada súbita na pista devido a problemas elétricos até colisões e atropelamentos pela falta de controle de freios, direção ou suspensão. “Em qualquer um dos casos a falha é sempre humana, já que o veículo só responde aos comandos do condutor”, ressalta.

Ele lembra ainda que, por mais resistentes que sejam, os itens de segurança veicular devem passar por todas as revisões recomendadas pelo manual do fabricante, sendo os dispositivos ativos os principais focos desse processo. “Eles permitem que o motorista dirija e evite colisões e abrangem rodas, faróis, freios, direção, suspensão, limpador de para-brisa, entre outros”, elenca.

Para incorporar o hábito de realizar manutenções preventivas, o próprio Código de Trânsito Brasileiro prevê, no artigo 230, multas, perda de pontos na carteira e até mesmo a apreensão do veículo a quem insistir em dirigir com equipamentos inoperantes ou ineficientes. “Nossa legislação está, gradativamente, mais atual e severa com algumas resoluções, como a obrigatoriedade da realização de testes de impacto pelos fabricantes, para verificar o nível de lesões causadas em acidentes, por exemplo”, cita Romaro, que afirma ser esse um dos indícios de que o Brasil e o mundo têm demonstrado mais preocupação com segurança veicular e do trânsito em geral.

Com informações da Assessoria de Imprensa

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