Tecnologia pode ajudar o trânsito das cidades
A tecnologia oferece soluções simples, baratas e de implantação rápida para melhorar o deslocamento nos grandes centros
Os desafios da mobilidade urbana são grandes demais para serem superados de um dia para o outro. Mas a boa notícia é que a tecnologia já oferece soluções simples, baratas e de rápida implantação que podem melhorar consideravelmente o fluxo de pessoas nas grandes cidades.
Em debate realizado no EXAME Fórum Sustentabilidade, que acontece nesta terça-feira em São Paulo, Carlos Pedranzini, responsável pela área da infraestrutura da América Latina da Accenture, Gilberto Peralta, presidente da GE, e Ulisses Mello, diretor de operações da IBM, falaram sobre como as empresas podem ajudar na solução dos problemas das grandes cidades brasileiras.
Ulisses Mello defendeu que é preciso usar a tecnologia para tornar as cidades inteligentes. Isto é, fazê-las usar as informações em tempo real sobre trânsito e deslocamento de pessoas para entender como, de fato, o fluxo ocorre.
Segundo ele, é preciso mapear o comportamento das pessoas para oferecer soluções inteligentes e isso tem que ser feito de forma colaborativa. “Temos que oferecer ferramentas de crowdsourcing para as pessoas, voluntariamente, mandarem informações sobre situação do trânsito, ônibus e metrô, e, com base nelas, entender as necessidades de transporte da cidade”, explica.
Hoje já existem aplicativos para smartphones que seguem essa linha. O Waze, por exemplo, conta com a ajuda de usuários que se deslocam de carro pela cidade para oferecer rotas sem trânsito. Há também aplicativos para pedir táxi que localizam o veículo mais perto de quem faz o pedido, reduzindo o tempo de quem espera e evitando que um carro circule vazio pela cidade para buscar o passageiro.
Gilberto Peralta, da GE, lembrou ainda que, embora as faixas exclusivas de ônibus recentemente implantadas em São Paulo já sejam um avanço, aliadas ao uso inteligente da tecnologia, poderia-se aumentar ainda mais a velocidade de deslocamento dos coletivos.
Na França, por exemplo, as cidades de Tolouse e Bordeaux contam com um sistema de semáforos inteligentes que reconhecem quando os ônibus, que trafegam pela faixa exclusiva, se aproximam do cruzamento, que imediatamente fica vermelho para os carros e verde para os coletivos.
“Essas soluções de tecnologia têm que ser imediatas; São soluções fáceis, baratas e que podem ser implantadas rapidamente pelo poder público”, disse Peralta.
Outro exemplo de melhorias trazidas pelo uso inteligente da tecnologia vem da Holanda. Segundo Carlos Pedranzini, o país criou o primeiro sistema nacional integrado de transporte público.
“O usuário só tem que comprar um bilhete pela internet ou pelo celular e pode usar em qualquer ônibus (municipal ou intermunicipal), trens ou barcas. É um mecanismo que dá comodidade ao cidadão e coleta informações sobre o deslocamento dos moradores do país inteiro, contribuindo para o planejamento do transporte nacional”, diz.
Se é tão simples assim, por que o Brasil ainda está tão atrasado? “Porque nesses lugares alguém decidiu que não dava mais para esperar, foi lá e fez”, resume Ulisses.
Claro que nada é tão simples por aqui. Pedranzini afirma que um dos grandes problemas nacionais é a governança. “A necessidade de integrar um sistema de transporte que passa por diversas esferas (municipal, estadual e federal) torna difícil aplicar um sistema como o holandês no Brasil”, diz.
Segundo ele, é preciso criar um órgão central de mobilidade urbana que seja responsável por orquestrar todas as questões de transporte e mobilidade da cidade.
Fonte: Revista Exame