Pânico ao dirigir requer tratamento psicológico


Por Mariana Czerwonka

O medo de dirigir é algo mais comum do que se imagina. Não é difícil encontrar pessoas que usam sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para outras necessidades, como documento de identidade ou CPF, exceto para dirigir. Outras se sentem desconfortáveis em certas situações, como dirigir em rodovias, grandes centros ou passar pelos temíveis “mata-burros”.

Este é o caso da dona de casa Raquel Cristina, que é habilitada na categoria D (podendo dirigir transporte coletivo acima de oito lugares), e tem pavor de dirigir em rodovias e em estradas de chão, devido aos “mata-burros”. Segundo a psicóloga Dorotéia Pereira Cunha, especializada em psicologia do trânsito, algumas alterações como tensão, apreensão, crises de pânico, temores e insegurança podem estar presentes em indivíduos portadores de transtornos de ansiedade, prejudicando-os em várias situações na vida, inclusive na direção de veículos. “Isso requer tratamento médico, psicológico. Pessoas com crise de pânico, ao dirigir, podem manifestar sintomas como sudorese, taquicardia, tremores e outros”, informa.

Dorotéia lembra que existe diferença entre o medo por situações reais e a fobia, que é o medo intenso e irracional do indivíduo em perigo real. “O passo mais importante é a pessoa reconhecer seu problema e procurar ajuda adequada, pois o essencial não é a obtenção da CNH, e sim, a segurança e o bom desempenho no trânsito”, alerta.

“Confiança é tudo”, diz instrutor

O instrutor de autoescola Marcelino Batista, que trabalha no ramo há 12 anos, comenta que o crescimento do mercado de trabalho está exigindo cada vez mais a carteira de habilitação. Com isso, alguns pessoas sentem-se pressionadas a obter a habilitação e isso provoca sentimentos de apreensão e medo, que acabam bloqueando o motorista. “Assim, às vezes a pessoa vem para a autoescola por obrigação, e até despertar o desejo de dirigir, aí ela terá uma certa dificuldade”, ressalta.

O instrutor orienta que quanto mais o motorista treinar, mais habilidade ele terá. “Dirigir é um dom e você tem que gostar de dirigir, aí você fará bem feito. […]Quando se tem medo, você tem que trabalhar nele. Confiança é tudo”, ressalta. A aposentada Elizene Maria Rodrigues é habilitada há 25 anos e conta que seu trauma de dirigir se deve ao fato de ter perdido uma irmã, vítima de acidente de trânsito. Ela diz que só dirige quando é necessário; e em casos de viagens mais longas, paga alguém para que dirija seu veículo. “Fico tensa, não tenho confiança no outro motorista na rua ou na estrada; acredito que por ser mulher, não somos respeitadas como deveríamos no trânsito, chego de viagem com dor nos ombros de tanta tensão”, diz.

Baseado em sua vasta experiência, Marcelino Batista acredita que o medo de dirigir é relativo e atinge pessoas de ambos os sexos e diversas idades. “Às vezes uma pessoa mais idosa tem mais facilidade do que uma pessoa mais jovem e vice-versa”. Elizene comenta que dirigir em Arcos, independente do medo, é uma situação difícil, pois muitos motoristas não respeitam as leis. “ […] Rotatória então, poucos sabem usar”, diz.

Para o instrutor Marcelino, dirigir em uma cidade pequena como Arcos é ainda mais complicado do que em grandes metrópoles, devido a falta de sinalização. “Onde tem sinalização é muito mais fácil dirigir. Aqui em Arcos mesmo, nos horários de pico, aqui existe um certo congestionamento. Como moramos em uma cidade pequena, não existe muita sinalização, então as pessoas tendem a ficar perdidas e tensas”, conclui.

Fonte:Jornal Correio Centro Oeste

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