Pagamentos de pedágio em novos formatos: a revolução digital nas estradas
O sistema de pedágio no Brasil costuma exigir pagamento em dinheiro, cartão ou dispositivos de pagamento automático.

Nos últimos anos, as criptomoedas se tornaram uma alternativa de pagamento que ultrapassa as fronteiras do investimento tradicional. Embora muitas pessoas associem esses ativos somente a negociações virtuais ou ao mercado financeiro, diversos setores já enxergam a utilidade prática das moedas digitais.
Um desses campos é o das estradas e rodovias brasileiras, onde concessionárias e empresas de tecnologia estudam e testam soluções de pagamento de pedágio em cripto. Essa iniciativa, caso seja aplicada em larga escala, promete agilizar processos, reduzir burocracias e trazer mais transparência, tanto para motoristas quanto para as concessionárias responsáveis pela manutenção das rodovias.
A evolução dos métodos de pagamento nas estradas
Todos sabem que é possível investir em criptomoeda com pouco dinheiro. O que poucos sabem é que esses ativos digitais podem ser usados no dia a dia, inclusive para o simples ato de pagar um pedágio. O sistema de pedágio no Brasil costuma exigir pagamento em dinheiro, cartão ou dispositivos de pagamento automático. Entretanto, as concessionárias e o governo federal vêm ampliando cada vez mais as opções de meios de pagamento.
Em 2021, por exemplo, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou medidas para simplificar as cobranças e permitir mais tecnologias de pagamento em rodovias concessionadas. Isso é compatível com uma tendência mundial de digitalização, em que soluções de pagamento rápido, seguras e de fácil integração ganham força.
Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) indicam que mais de 20% de toda a movimentação de cargas e passageiros do país acontece em rodovias pedagiadas. Desse modo, qualquer inovação no processo de cobrança pode afetar milhões de motoristas ao longo do ano, trazendo economia de tempo nas praças de pedágio e maior segurança.
E se falamos de criptomoedas, o uso do blockchain para validar transações, sem a necessidade de intermediários convencionais, pode favorecer a redução de custos operacionais para concessionárias e usuários. A ideia de pagar o pedágio com criptomoedas baseia-se no mesmo princípio de qualquer transação cripto.
O usuário teria uma carteira digital, por meio de um aplicativo em seu smartphone ou mesmo em um cartão físico pré-pago, que estaria vinculada a um saldo de ativos digitais. Ao se aproximar da praça de pedágio, o sistema de cobrança reconheceria o dispositivo ou o QR code fornecido, debitando a quantia necessária.
Embora existam várias criptomoedas que podem ser usadas para tal fim, como o Bitcoin (BTC), o Ethereum (ETH) e até memecoins, as stablecoins estariam em melhor posição para entrar nesse mercado. Essas moedas digitais são lastreadas em moedas fiduciárias, o que diminui muito a volatilidade característica desse mercado.
As moedas digitais estáveis já são usadas amplamente no Brasil, estando presente em 90% das transações no país. Mas há empresas brasileiras especializadas em soluções de pagamento já oferecem tecnologias para que estabelecimentos comerciais recebam pagamento em cripto, realizando automaticamente a conversão para real.
Isso também elimina a volatilidade como principal obstáculo, pois o valor pago em criptomoeda pode ser convertido instantaneamente para a moeda local, garantindo que a concessionária receba o montante equivalente em reais. A implementação do Real Digital, uma CBDC, também pode ser uma opção para esse problema.
No Brasil, embora ainda não haja projetos amplamente divulgados de concessionárias adotando cripto como forma de pagamento em escala nacional, há iniciativas que mostram o potencial desse mercado. O Banco do Brasil, em parceria com a fintech Bitfy, passou a oferecer aos contribuintes a possibilidade de pagar tributos utilizando criptomoedas.
Plataformas como a Brasil Bitcoin permitem o pagamento de boletos diversos, como contas de consumo e faturas, utilizando criptomoedas, sem a cobrança de taxas adicionais. Algumas empresas do setor de tecnologia negociam parcerias para viabilizar diferentes testes-piloto. Na teoria, um motorista poderia abastecer seu veículo, pagar pedágios e até mesmo outras taxas no caminho usando cripto.
Benefícios para motoristas e concessionárias
O principal benefício é sem dúvida a agilidade no pagamento. Transações em criptomoedas podem ser praticamente instantâneas, especialmente quando se utiliza algum tipo de sistema pré-pago ou soluções de segunda camada (como a Lightning Network para Bitcoin). Assim, o motorista economiza tempo na praça de pedágio, evitando filas e complicações na hora de efetuar o pagamento.
Também há a possibilidade de redução de tarifas. Dependendo da modalidade de pagamento e do provedor de serviços, as taxas relacionadas a pagamentos com cripto podem ser inferiores às de cartões de crédito ou débito. Para as concessionárias, isso significa redução de custos operacionais, enquanto para o usuário pode representar uma taxa de pedágio mais acessível a médio e longo prazo.
Uma das características fundamentais da tecnologia blockchain é a possibilidade de auditar transações de forma mais simples e confiável. As autoridades podem acompanhar quanto foi arrecadado e como está sendo destinado o dinheiro, reduzindo riscos de fraudes ou irregularidades. Além disso, as informações de pagamento são criptografadas.
Os motoristas que utilizam criptomoedas não precisam compartilhar detalhes bancários ou dados sensíveis, pois bastaria a confirmação da carteira digital. E para quem tem dificuldade de acesso a cartão de crédito ou mesmo conta bancária, as criptomoedas podem ser uma alternativa de pagamento mais inclusiva.