Número de acidentes em rodovias federais caiu 40% nos últimos 10 anos
Atlas de Segurança Viária da PRF mostra redução no número dos acidentes, mas o custo das mortes no trânsito soma R$ 132 bilhões por ano.
Assessoria de Imprensa –
Paula Batista
Em maio de 2011 foi promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a ‘Década de Ação pela Segurança no Trânsito’, com base em estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que registrou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países. Diante dos números alarmantes, a ONU recomendou aos países membros a elaboração de um plano diretor que norteasse ações nessa área, tendo como meta reduzir em até 50% os sinistros em todo o mundo.
Após completar o período determinado em 2020, foi possível verificar uma queda no número de acidentes. É isso que pretende mostrar o Altas de Segurança Viária lançado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no último mês de setembro (2021). Conforme a Corporação, as ações resultaram em uma redução de cerca de 40% das mortes no trânsito nas rodovias federais e inspira policiais, órgãos de trânsito, governos e sociedade civil para a promoção de um trânsito mais seguro e sustentável.
O estudo foi realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica (IPEA). Ele detalha que, nos últimos dez anos, aproximadamente 43 mil pessoas, a cada ano, foram vítimas do trânsito no Brasil.
Raio X das rodovias brasileiras
Segundo informação de 2019 do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o Brasil conta com 1.563,6 mil quilômetros de malha rodoviária, sendo 94,7% rodovias estaduais e municipais, e 5,3% federais (76,5 mil quilômetros). Contudo, apesar das vias monitoradas pela PRF representarem a menor parte dessa fatia (5,3%), elas concentram 90% de todo o tráfego federal.
Por essa abrangência e relevância, os dados da PRF vêm sendo amplamente utilizados em estudos sobre acidentes nas rodovias brasileiras. Isso porque a cobertura do Datatran (banco de dados abertos da PRF) incorpora os mais diversos perfis de usuários das vias, de norte a sul do país, em especial nos acidentes que envolvem o grupo dos chamados mais vulneráveis (pedestres, ciclistas e motociclistas). Tudo é disponibilizado ao público, possibilitando o acompanhamento sistemático da situação dos acidentes de trânsito nas rodovias federais do país.
Custo anual com acidentes de trânsito no Brasil
O custo anual dos acidentes em rodovias federais brasileiras alcançou a cifra de R$ 132 bilhões por ano. Destacam-se, por exemplo, os custos relativos à perda de produção das vítimas e às despesas hospitalares.
O maior valor estimado é referente à perda de produção (41,2%). Ou seja, quanto de renda uma vítima de trânsito deixa de alcançar tanto ao longo do período em que esteja afastada das atividades econômicas quanto, no caso de morte, em relação à sua expectativa de vida.
Os impactos da perda de produção recaem sobre a previdência social e também sobre a família, em função de seu empobrecimento. Além disso, o segundo maior custo é o hospitalar, representando cerca de 20% do total.
A pesquisa aponta também que é possível combater várias causas de acidentes em rodovias federais com a realização maciça de campanhas educativas.
Essas devem chamar a atenção dos condutores para os principais motivos associados aos acidentes. Como, por exemplo: a desatenção no trânsito (o uso de celular na direção se encaixa nesse grupo), o consumo de álcool e o desrespeito a normas elementares de trânsito, como a ultrapassagem em locais proibidos e o excesso de velocidade.
Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons, reforça que promover um trânsito seguro é papel de todos.
“Os acidentes de trânsito causam impactos profundos na economia, na sociedade e na vida das pessoas. Nesse sentido, é preciso que todos tenham consciência disso e do seu papel para a redução de acidentes de trânsito. É imprescindível seguir as normas de segurança e apoiar as soluções de diminuição da velocidade. Bem como promover a educação para um trânsito seguro, pois tudo isso ajuda a salvar vidas”, comenta.