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26 de dezembro de 2024

Multas não bastam para reduzir acidentes


Por Mariana Czerwonka Publicado 15/04/2011 às 03h00 Atualizado 10/11/2022 às 18h52
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Uma grande quantidade de multas aplicadas não basta para deixar o trânsito seguro e sem mortes. Brasília é a capital com maior número de infrações por veículo, por outro lado, está entre as 10 cidades com mais motoristas que perderam a vida nas ruas. Isso mostra que as tragédias acontecem não pela falta de fiscalização, mas pela postura agressiva de muitos condutores brasileiros e pela ausência de programas de educação. De acordo com o chefe do Núcleo de Policiamento do Detran do Distrito Federal, Nelson Leite Júnior, o número de multas não interfere diretamente na segurança ou organização do trânsito. “As multas são consequência da fiscalização e não a causa de mais ou menos acidentes, mortes ou desrespeitos às regras”, diz. Os números de Brasília, segundo Leite Júnior, são preocupantes e ele admite que existam problemas estruturais. “Faltam agentes porque vários se aposentam e se afastam. O número de veículos está crescendo e não há servidores suficientes para a frota. A proporção de aumento de veículos é maior do que de fiscais”, afirma. A capital paranaense, quando comparada com Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro, não tem uma quantidade expressiva de infrações por veículo. O que chama atenção, porém, é a frota: proporcionalmente é a maior do Brasil e, ainda, tem um índice alto de mortes no trânsito, 20 para cada grupo de 100 mil pessoas. A diretora de trânsito da Urbanização de Curitiba (Urbs), Rosângela Battistella, afirma que, quando a Diretran começou a operar, ela tinha um caráter mais punitivo. Hoje não. “Procuramos priorizar o caráter educador, de orientação. Lançamos inúmeras campanhas educativas nos últimos anos. O que precisamos é encontrar uma maneira de a mensagem ser efetivamente incorporada pelos motoristas. Esse é o desafio para evitar que as mortes aconteçam.” Segundo Rosângela, um estudo técnico aponta que o número ideal de agentes é de um para cada mil carros. Em Curitiba, são 2.414 automóveis por agente. “Nossa intenção é aumentar o número de agentes para Copa do Mundo. Temos de trabalhar, contudo, dentro das nossas possibilidades. Não é possível acompanhar o crescimento da frota e não podemos aumentar os gastos com a contratação de tanta gente”, diz. Função O especialista em tráfego Orlando Pinto Ribeiro, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, diz que a educação no trânsito diminui muito o risco de acidentes, diferentemente da fiscalização punitiva por meio de autos de infração. “A fiscalização é apenas uma das missões dos agentes de trânsito. Precisamos concentrar os esforços para melhorar nosso desempenho principalmente na monitoração do trânsito, único caminho viável para a melhoria do trânsito nas grandes metrópoles”, diz. Ele acredita que a cidade que arrecada mais com multas, falha nas outras competências atribuídas aos profissionais da área. “As cidades que emitem muitas multas tendem a ter o trânsito inseguro. E se o trânsito é inseguro, isso quer dizer que os agentes de trânsito, sejam municipais, estaduais ou federais, não são eficientes”. Para o policial rodoviário federal e especialista em Educação no Trânsito José Nivaldino Rodrigues nenhuma fiscalização de trânsito no Brasil é eficiente. “Qualquer órgão de trânsito, baliza-se pela arrecadação. Os critérios que definem as infrações a serem punidas são econômicos, financeiros e orçamentários. A segurança no trânsito fica em segundo plano.” Fonte: Gazeta do Povo

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