É possível recuperar carros inundados?
O passo a passo da recuperação começa somente após a aprovação de um laudo final.
Na tragédia do Rio Grande do Sul, foram registrados mais de 8 mil automóveis estragados devido às fortes enchentes, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Mas esse número tende a ser ainda maior, já que não entram no cálculo os veículos sem seguro.
Ao ter o carro atingido pela água, o primeiro passo do proprietário é entender a apólice que contempla a cobertura para danos provenientes de causas naturais. Em caso afirmativo, a seguradora é obrigada a ressarcir perdas nesse cenário. Contudo, o condutor deverá ter contratado o seguro total, pois planos parciais tendem a deixar o cliente desprotegido
O passo a passo da recuperação começa somente após a aprovação de um laudo final. Nele, é realizado a análise dos danos e a elaboração do orçamento.
A primeira avaliação é no motor. Se o carro estivesse ligado quando foi tomado pela água o risco de não haver solução é muito maior, do que se o carro estivesse desligado. Isso porque, o propulsor aspira água e pode ocorrer uma trava do motor, conhecido como calço hidráulico.
É importante se atentar: está saindo água pelo escapamento? Desligue imediatamente. Não seguir essa orientação pode dificultar ainda mais a recuperação do veículo.
A segunda parte a ser checada é a transmissão. Se o motor e o câmbio estiverem funcionando normalmente, o correto é desmontar para limpar e substituir o óleo dos dois equipamentos. Caso tenha entrado água no câmbio, infelizmente o veículo tende a dar perda total.
Com os carros cada vez mais tecnológicos, o terceiro passo é substituir os módulos e chips, para não apresentar problemas futuros. Depois de checar o “módulo-mãe, é hora de testar a parte elétrica: cabos, conectores e chicotes. Realizando a limpeza e lubrificação de todas as conexões, para evitar uma oxidação no futuro.
O último passo é a limpeza do interior, painel de porta, bancos, cintos, tecido do teto, carpete e tudo que faz parte do interior do veículo precisa ser profundamente higienizado com produtos químicos para evitar contaminação e odores desagradáveis. É um trabalho que deixa a mão de obra bastante cara, pois só pode ser realizada com a desmontagem total das forrações. Mas apesar de todos os serviços serem bem feitos, é raro deixar o carro como antes.
Todo esse processo é para veículos tradicionais, mas e quando falamos de carro elétrico?
É normal relacionarmos água e eletricidade com curtos-circuitos, explosões e choques. Mas segundo a Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, essa situação não procede quando falamos de carros elétricos.
Muitas das precauções devem ser as mesmas feitas para carros a combustão, mas os elétricos levam vantagens em algumas situações. Por exemplo, o fato dos conectores e a bateria estarem em invólucros selados para não haver contato com a água ou pelos carros não possuírem escapamento, permitindo que o veículo atravesse uma área alagada.
Até mesmo o peso da bateria do carro elétrico, auxilia para que o carro seja mais pesado. E, também, necessite de mais força da água para tirá-lo do chão, tendo menos chance de boiar na enchente. A única maneira de diminuir a possibilidade de recuperação do carro, é caso a água tenha entrado na cabine. Pois os módulos, fusíveis e relês internos não recebem a mesma proteção que o motor e a bateria