Dicas para motociclistas trafegarem com mais segurança nos corredores
O Portal do Trânsito não incentiva o tráfego das motos em corredores, mas tem ciência de que mais cedo ou mais tarde, essa atitude vai fazer parte do dia a dia do motociclista
Congestionamentos. Tráfego lento. Alto valor dos combustíveis. Essa é a realidade das ruas da maioria das capitais brasileiras, e por esses motivos, muitos cidadãos optaram por utilizar a moto como veículo para ir e voltar do trabalho, ou mesmo como meio de ganhar seu sustento.
Uma das vantagens do uso das motos é a agilidade para trafegar entre os veículos, uma atitude que alguns especialistas acham arriscada. “Existem pontos cegos nos veículos que impedem os condutores de veículos maiores verem a aproximação dos motociclistas. Se os motoristas devem dirigir com mais cuidado? Claro que sim, mas nesses casos quem sempre leva a pior?”, questiona Celso Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal.
Muitos acham que trafegar no corredor é infração de trânsito, mas não é. “Embora ainda muitos achem que esta é um conduta irregular, até mesmo a maioria dos motociclistas, ela não é. O veto do artigo 56 do CTB pelo então Presidente Fernando Henrique tornou o trafegar por entre os carros em faixas de rolamento paralelas uma conduta absolutamente legal. Cabe destacar que trafegar pelo chamado “corredor” não pode ser confundido com “costurar” pelas vias, este último comportamento evidentemente é caracterizado como direção perigosa”, explica Gisele Flores, especialista do Instituto Sobre Motos (ISM), que é a favor do uso dos corredores.
Para a especialista, os acidentes acontecem por quatro motivos: desrespeito dos motoristas para com os motociclistas, falta de atenção dos motoristas, excesso de velocidade dos motociclistas e imprudência. “O grande problema da fluidez e da acidentalidade no trânsito está na deformação do nosso modelo viário, o qual privilegia os automóveis. O Plano Nacional de Mobilidade Urbana prevê o aproveitamento equitativo do espaço viário e, depois dos veículos de transporte coletivo, não veículos que sejam mais equitativos nesse quesito, além de mais socialmente justos e inclusivos, do que os de duas rodas, motos e bicicletas?”, questiona Flores. De acordo com ela, uma das saídas para resolver esse problema seria as vias terem largura mínima determinada. “Os ‘corredores’ deveriam ser sinalizados para melhor indicar aos motoristas e aos motociclistas a possibilidade de tráfego por este espaço, as faixas exclusivas para motos deveriam ser adotadas mais amplamente em vias de tráfego intenso, além dos bolsões como medida complementar”, aponta Flores.
Já que o trânsito nos corredores é inevitável, o Portal do Trânsito separou algumas dicas para os motociclistas trafegarem com mais segurança. “A primeira coisa que um motociclista deve ter em mente é que circular no corredor envolve riscos e, portanto, toda atenção nunca é demais. Geralmente, os mais temerosos – e cuidadosos – têm menos chances de se envolver em acidentes”, diz Mariano.
Trafegar nos corredores com trânsito parado
Como foi mencionado anteriormente, não é proibido pela legislação trafegar nos corredores, mas é perigoso. O mais seguro é trafegar quando os veículos estiverem parados. Quando o trânsito estiver fluindo, o motociclista deve respeitar os limites de velocidade da via e ocupar o espaço de um carro. Outra dica é sempre sinalizar com antecedência as manobras que pretende realizar.
Transitar com o farol ligado
Mesmo durante o dia, é obrigatório para as motocicletas, trafegar com o farol aceso. A desobediência a essa regra é infração gravíssima, com multa de R$ 191,54. O uso do farol facilita que o motociclista veja e seja visto pelos demais condutores e até por pedestres.
Cuidar com pontos cegos
Os pontos cegos são as áreas onde a visão do motorista é bloqueada pelas colunas do carro, como nas laterais ou mesmo na parte traseira. Mesmo com o farol da moto aceso, o motociclista pode estar escondido neles. A dica de especialistas é tentar contato visual com o motorista através do espelho retrovisor do carro, se o motociclista consegue ver o os olhos do motorista, a moto está visível.
Velocidade compatível
A velocidade máxima permitida na via nem sempre é uma velocidade segura. O bom senso manda que a velocidade do veículo seja compatível com todos os elementos do trânsito. Mesmo com o trânsito parado, as motos não devem trafegar pelos corredores em alta velocidade, pois elementos surpresas podem aparecer e causar acidentes. A velocidade inadequada reduz o tempo disponível para uma reação eficiente em caso de perigo.
Manter distância segura dos outros veículos
Isso inclui manter distância de outras motocicletas também, pois é cada vez mais comum as colisões que envolvem apenas esse tipo de veículo. Ao entrar no corredor, é necessário manter distância lateral, frontal e traseira das outras motos.
Cuidados na chuva
A visibilidade diminui bastante durante a chuva. O motociclista deve ficar atento, pois os motoristas podem mudar de faixa rapidamente, e na chuva a distância de frenagem é maior devido a pista molhada.
Seja gentil
No trânsito, muitas pessoas, ao verem a intenção de outro motorista mudar de faixa, simplesmente aceleram e impedem a manobra. Muitos motociclistas utilizam a buzina com essa intenção. Quando avistar a sinalização indicativa de direção de outros veículos, seja gentil e permita a manobra.
Veículos de grande porte
Motoristas de caminhões e ônibus, devido ao tamanho do veículo, têm maior dificuldade em realizar manobras e muitas vezes ficam com a visibilidade comprometida. Ao passar ao lado desses veículos o motociclista deve considerar que pode não estar sendo visto pelo motorista. Jamais ultrapasse pela direita junto à calçada, pois um pedestre pode descer ou você pode ser fechado.
Pedestres e ambulantes
Muitos pedestres atravessam no meio da via e olham apenas que os carros estão parados, esquecendo-se das motocicletas. Isso vale para ambulantes também que tentam vender suas mercadorias por entre veículos. Os motociclistas devem ter atenção especial nesses casos, reduzindo a velocidade e respeitando a sinalização.
Segundo Gisele Flores, a educação de trânsito ainda é um caminho a ser percorrido. “Educação, conscientização, formação, campanhas, nunca saem de pauta, mas são medidas de médio para longo prazo que se inserem num processo contínuo”, finaliza.