25 de março de 2025

Brasil pode aumentar etanol na gasolina para 30%: avanço ambiental e na transição energética

A proposta de ampliação do teor de etanol na gasolina faz parte da Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024.


Por Mariana Czerwonka Publicado 21/03/2025 às 08h15
Ouvir: 05:01
etanol na gasolina
O governo federal anunciou a viabilidade técnica de elevar o teor de etanol anidro na gasolina comum de 27,5% para 30%. Foto: AlexanderNovikov para Depositphotos

O governo federal anunciou a viabilidade técnica de elevar o teor de etanol anidro na gasolina comum de 27,5% para 30%. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda precisa aprovar a mudança mas, se confirmada, pode entrar em vigor já em 2025, de forma imediata ou gradual.

Além de contribuir para a autossuficiência do Brasil na produção de gasolina, a iniciativa representa um passo importante para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para o fortalecimento da transição energética do país.

Menos emissões e mais sustentabilidade

O etanol é um biocombustível renovável que gera menos poluentes e reduz a liberação de CO₂ na atmosfera. Como a cana-de-açúcar usada na produção do etanol absorve dióxido de carbono durante seu crescimento, parte das emissões geradas na queima do combustível é compensada, tornando-o uma alternativa mais sustentável em comparação com a gasolina pura.

De acordo com a Copersucar, líder mundial na comercialização de açúcar e etanol, o aumento de três pontos percentuais na mistura pode elevar o consumo do biocombustível em 1,3 bilhão de litros por ano, o que evitaria a emissão de mais de 2,8 milhões de toneladas de CO₂ anualmente.

Além da redução dos gases de efeito estufa, o etanol também melhora a qualidade do ar, pois emite menos poluentes que contribuem para problemas respiratórios e chuvas ácidas. Em um país onde os biocombustíveis já têm grande participação na matriz energética, essa mudança reforça o compromisso do Brasil com uma economia de baixo carbono e menos dependente do petróleo.

Lei do Combustível do Futuro e transição energética

A proposta de ampliação do teor de etanol na gasolina faz parte da Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024. O texto prevê a possibilidade de aumentar progressivamente a mistura até 35% a médio prazo, fortalecendo o papel dos biocombustíveis no setor de transportes.

Além da gasolina com maior teor de etanol, a legislação incentiva o desenvolvimento de biocombustíveis avançados, como o diesel verde e o bioquerosene de aviação, com o objetivo de reduzir ainda mais as emissões de poluentes e ampliar a participação de fontes renováveis no abastecimento do país.

Com essa política, o Brasil avança na transição energética e reforça seu protagonismo global na produção de biocombustíveis, ao mesmo tempo em que reduz a dependência de combustíveis fósseis.

O que muda para o consumidor?

O aumento do percentual de etanol na gasolina sempre levanta dúvidas sobre o impacto no consumo e no desempenho dos veículos. Para os carros flex, que já são preparados para rodar com diferentes misturas de gasolina e etanol, não há qualquer restrição técnica.

Já para veículos mais antigos ou importados a gasolina, os testes técnicos realizados indicaram que a nova composição não deve gerar impactos significativos. Caso necessário, é possível adotar a mesma estratégia de 2015, quando a gasolina premium manteve um teor menor de etanol para atender esses modelos.

Em relação ao consumo, a nova mistura pode gerar um leve aumento na quantidade de combustível necessária para percorrer a mesma distância, já que o etanol tem menor densidade energética do que a gasolina. No entanto, o efeito no bolso do consumidor dependerá da política de preços e da variação no custo do etanol anidro, que geralmente é mais barato que a gasolina.

Brasil avança para uma matriz energética mais limpa

O possível aumento do etanol na gasolina reforça o compromisso do Brasil com a sustentabilidade assim como fortalece o setor sucroenergético, que desempenha um papel estratégico na economia e na geração de empregos.

Se aprovada, a mudança pode contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono, melhorar a qualidade do ar nas cidades e consolidar o Brasil como líder global na produção bem como no uso de biocombustíveis, alinhado às metas ambientais internacionais.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *