A morte prefere duas rodas
A velocidade de veículos, principalmente, de motos de alta cilindradas incompatíveis com ruas, avenidas e rodovias vem provocando uma das principais causas de acidentes de trânsito no Brasil. Segundo o Instituto Paz no Trânsito, o perfil do tráfego brasileiro faz uma vítima fatal, em média, a cada dez minutos. Apenas nos últimos dois anos, onze motociclistas morreram vítimas de acidentes ao longo da BR-060. O caso mais recente ocorreu com Eliézer Gomes Martins, de 30 anos, soldado do 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Goiânia, que faleceu na manhã do último domingo, após sofrer acidente.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele viajava em uma Kawasaki, 750 cilindradas, quando, a princípio, teria perdido o controle da moto e caído do veículo. A fatalidade, de acordo com a polícia, aconteceu no quilômetro 70 da rodovia. Eliézer chegou ser socorrido pela equipe do Corpo de Bombeiros e encaminhado para o Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) onde, mais tarde, veio a óbito.
Ainda conforme a PRF, não se sabe o que realmente causou o acidente e nem a velocidade que o condutor trafegava pela BR-060. A polícia diz que peritos estiveram no local e somente depois de laudos periciais concluídos é que serão apresentados detalhes sobre a fatalidade.
Altas cilindradas
Há dois anos, motociclistas usam a BR-060, aos domingos, como se estivessem em uma competição de motovelocidade. Os flagrantes impressionam e os motociclistas ameaçam a segurança de motoristas que usam a rodovia. De acordo com a PRF, em vídeos postados em redes sociais, os motociclistas aparecem em motos que chegam a até 300 km/h.
Na estrada, a 200 km/h, uma moto dessas, de alta cilindrada, que vai de zero a 100, em pouco mais de três segundos, tem a força de um caminhão, se atingir um carro, explica a polícia. Além disso, é um perigo também para os que compartilham da estrada em outros veículos.
De acordo com estudo sobre causas de acidentes com motociclistas, o comportamento de risco deste condutor, a falta de respeito com limites de velocidade e visibilidade do motorista são fatores que mais contribuem para ocorrência de acidentes. A pesquisa está divulgada no site da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Crescem as vendas
Durante a 12ª edição do Salão de Duas Rodas, em São Paulo, principal evento do setor no Brasil, que ocorreu em outubro deste ano, as motos de alta cilindrada, com potência a partir de 450 cilindradas, dominaram os estandes de exposição e a atenção do público. A apresentação acontece bianualmente, onde são apresentados lançamentos mundiais de motocicletas e as novidades do mercado de peças e equipamentos.
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o interesse das montadoras no segmento reflete o bom momento do mercado, que teve crescimento de 2,4% nas vendas em 2012, enquanto os segmentos de baixa e média cilindradas tiveram queda no período, de 10% e 3,5%, respectivamente.
Entre as novidades apresentadas no evento paulista, a nova moto F4 RR ABS alcança potência máxima de 200,8 cavalos a 13,4 mil rotações por minuto (rps) podendo atingir a velocidade de cerca 300 km/h. O novo desempenho do modelo é uma das poucas motocicletas no mundo a contar com um motor que ultrapassa os 200 cavalos, segundo a fabricante. A montadora MV Agusta iniciará a fabricação do veículo em sua planta instalada em Manaus a partir de março do ano que vem.
Entretanto, ficam questionamentos por que temos veículos, como por exemplo, motos que atingem velocidades de 220 Km/h ou mais para trafegar em ruas ou avenidas em que a Legislação brasileira permite percorrer a, no máximo, 70 Km/h e nas rodovias onde o limite é 110 Km/h.
Fonte: DM.com.br