Veículos elétricos: vendas batem recorde em 2022 e especialista prevê ampliação do mercado

O total da frota eletrificada em circulação no Brasil já está em 126.504 veículos, incluindo automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV).


Por Mariana Czerwonka
Vendas de veículos elétricos
A adoção de veículos elétricos pode ser uma boa alternativa para reduzir as emissões de CO2, principalmente em grandes centros urbanos. Foto: Depositphotos

O mercado de veículos elétricos no Brasil entra em 2023 com mais um recorde a comemorar: as vendas de 2022 atingiram 49.245 veículos, ou 41% acima de 2021 (34.990). É um total muito próximo da meta anunciada pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), de cerca de 50 mil unidades comercializadas no ano.

Dezembro de 2022 foi o segundo melhor mês da série histórica da ABVE (iniciada em 2012), com 5.587 emplacamentos, só superado por setembro (6.391).

Com esses números, o total da frota eletrificada em circulação no Brasil já está em 126.504 veículos, incluindo automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV). Um dos destaques do ano é a venda recorde de veículos 100% elétricos a bateria (BEV).

Os BEV fecharam 2022 com emplacamentos de 8.460 unidades, que já representam 17% do total de eletrificados do ano (49.245). Só em dezembro foram 898 BEV.

Veículos elétricos vieram para ficar?

A eletrificação veicular já é uma realidade na Europa. Diversas localidades no continente contam com uma ampla rede de estações de recarga assim como serviços de aluguel de carros elétricos por hora. O usuário retira o veículo em uma das estações e pode devolver em qualquer outro dos pontos espalhados pela cidade, pagando apenas pelo deslocamento.

No Brasil, serviços desse tipo devem surgir à medida que os veículos elétricos se popularizam no País. Mas as aplicações vão muito além do transporte individual. Euclides Lourenço Chuma, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia para a humanidade e pesquisador do CNPq na Universidade de Linköping, na Suécia, fala sobre as possibilidades para o cenário brasileiro.

“A demanda por energia cresce constantemente em todo o mundo. Entretanto, as fontes não crescem na mesma velocidade, pressionando pela busca de novas soluções que tenham pouco ou nenhum impacto ambiental. Nesse sentido, a adoção de veículos elétricos pode ser uma boa alternativa para reduzir as emissões de CO2, principalmente em grandes centros urbanos”, diz Chuma.

Além do uso individual, os veículos elétricos são uma boa opção para o transporte público. “Mesmo em grandes extensões urbanas, como a região metropolitana de São Paulo, é possível implementar um sistema de ônibus movidos à eletricidade com a tecnologia atual. Isso traria diversos benefícios para a população. A redução nas emissões de CO2 melhoraria a qualidade do ar da cidade e contribuiria para evitar a formação das chamadas bolhas de calor. Além disso, haveria uma diminuição significativa da poluição sonora. Os motores elétricos são totalmente silenciosos, enquanto os atuais motores à diesel utilizados em ônibus são muito barulhentos”, afirma Chuma.

No transporte rodoviário de cargas, ainda há algumas restrições para uma maior eletrificação da frota no Brasil. Os caminhões elétricos hoje têm em média uma autonomia de 500 km. Isso permite uma integração livre de emissões de CO2 entre cidades próximas. Entretanto, viagens interestaduais ainda não seriam possíveis. Situação que deve mudar nos próximos.

“À medida que surgem baterias mais eficientes, cresce a autonomia e a capacidade de carga de caminhões elétricos. Essa é uma área que vem evoluindo constantemente. Além disso, há uma série de novas tecnologias em desenvolvimento, como guard rails capazes de carregar veículos em movimento”, finaliza Chuma.

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