Número de motoristas habilitados para dirigir caminhões diminui no Brasil
Em 2022 no Brasil o número de motoristas com CNH categoria C para dirigir caminhões teve queda de 1,67% em relação a 2021. I
Dados do estudo feito pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), com base nas informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), apontam que em 2022 no Brasil o número de motoristas com CNH categoria C para dirigir caminhões teve queda de 1,67% em relação a 2021. Isso equivale a 4,3 milhões pessoas. Para se ter uma ideia, em 2015 eram 5,6 milhões habilitados para a referida categoria. Logo, hoje, temos 1,2 milhão de motoristas a menos que 2015. Os dados mostram, ainda, que desde 2015, o número de habilitados cai em torno de 5,9% ao ano, enquanto, antes, o crescimento era em torno de 1,4% a cada 12 meses.
O estado de São Paulo, embora contemple a maior frota de veículos do País, é, também, a região em que a queda de motoristas com CNH categoria C é ainda maior, chegando a registrar redução de 8,9% entre 2017 e 2018.
Possíveis causas
De acordo com o levantamento, o declínio desses números pode estar relacionado à baixa remuneração dos motoristas. Assim como à falta de uma boa estrutura de trabalho.
Neste sentido, a Confederação Nacional dos Transportes – CNT, apontou, por exemplo, que os caminhoneiros precisam trabalhar 13 horas por dia para ter uma renda mensal de R$ 4 mil. Este valor está abaixo do necessário tendo em vista o custo de manutenção do veículo, além da desvalorização recorrente do frete.
A Confederação acrescenta que o diesel representa até 50% dos gastos mensais com o caminhão, sendo o mesmo que mais inflacionou nos últimos dois anos.
Já, segundo dados da Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox), de cada 10 laudos positivos para drogas do exame toxicológico de larga janela, praticamente 6 (seis) são para condutores de ônibus e van, e 4 (quatro) para motoristas de caminhão e carreta. Do total de positivos registrados no sistema Serpro, a ABTox identificou que 111.475 eram motoristas habilitados nas categorias D (van e ônibus). Enquanto isso, 81.789 dos positivos eram motoristas das categorias C e E (caminhão e carreta).
“Um dado alarmante que comprova que o uso de drogas no transporte coletivo é muito maior do que as pessoas imaginam, contrariando a tese de que somente os que trafegam pelas estradas são usuários de drogas”, esclarece Renato Borges Dias , presidente da ABTox, acrescentando que 27% dos laudos positivos foram de pessoas que tentaram obter a CNH C, D e E, mas não conseguiram graças ao exame toxicológico.
Ou seja, pessoas que possuem A, AB e B e tentaram mudar de categoria, mas não foram aptas.
Escassez de novos motoristas
Diante deste cenário, tem-se como resultado a falta do interesse dos jovens pela profissão.
A categoria C permite aos motoristas dirigir veículos de carga não articulados. Ou seja, caminhões toco ou trucados com mais de 3,5 toneladas de peso bruto total. É possível aos condutores migrarem para as categorias posteriores D e E, que permitem dirigir caminhões pesados, carretas e ônibus.
Por fim, o estudo registrou que, atualmente, 60% dos profissionais habilitados na categoria C têm mais de 50 anos.
Na realidade a queda começa em 2016 por causa da exigência do exame toxicológico, conforme comprovamos nas categorias C, D e E. Entre 2011 e 2015 o número de habilitados nestas categorias crescia ana após ano. Em 2016 muda a curva, exatamente depois da exigência do exame.
Hoje temos 4 milhões de condutores a menos CDE do que a tendência indicava até 2015. É a chamada positividadecescondida. Condutores que não fazem o exame porque não passariam. Não tem nada que ver com baixa remuneração. Nem mesmo com porte dos veículos. Tanto que a queda ocorre em todas as categorias. No nosso portal publicamos esses e outros dados que mostram como o exame impactou no mercado. A exploração dos motoristas criou uma tropa de dependentes químicos que chegou a 50% dos caminhoneiros de carga perecível, a maioria categoria C. Conforme o MPT comprovou, comparando os dados de motoristas testados em 2015 e 2019 o uso de drogas caiu 60% mas ainda é elevado. O exame toxicológico de larga janela no Brasil é a política pública de redução e prevenção de condutores sob efeito de substâncias psicoativas de maior sucesso no mundo. Mas aqui é contestada por quem não estudou o tema.