Uso do capacete reduz em mais de 6 vezes o risco de morte de motociclista no trânsito
Estudo da OMS mostra que o uso do capacete reduz em mais de seis vezes o risco de morte de motociclista no trânsito e em até 74% o risco de lesão cerebral.
O piloto e passageiro, ao circular de moto, estão sempre muito expostos. Quase todas as colisões ou quedas, que podem ser frequentes, geram algum tipo de lesão ou ferimento, com graves consequências, se os usuários não estiverem utilizando equipamentos de proteção. Nesse sentido, capacetes seguros e de qualidade reduzem o risco de morte em um acidente de trânsito em mais de seis vezes e reduzem o risco de lesão cerebral em até 74%. Essas informações constam na segunda edição do Manual sobre Capacetes, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme a OMS, o Manual foi elaborado para oferecer orientações para ajudar os gestores e profissionais a implementar o conjunto abrangente de leis, regulamentos e ações necessárias para aumentar o uso de capacetes seguros e de qualidade para salvar vidas.
De acordo com a OMS, as lesões causadas pelo trânsito são um importante problema de saúde pública. Assim como é uma das principais causas de morte em todo o mundo o mundo. A cada ano, aproximadamente 1,3 milhão de pessoas morrem e outros milhões ficam feridos ou incapacitados como resultado de acidentes de trânsito, principalmente em países de baixa e média renda.
O Manual diz ainda que o traumatismo craniano é a principal causa de morte de motociclistas, e as motocicletas continuam a proliferar rapidamente. No entanto, o uso de capacetes em muitos países de baixa e média renda continua baixo.
Uso do capacete: fiscalização aliada a educação
Estudos realizados pela OMS mostram que em muitos países, apesar da existência de uma lei que torna obrigatório o capacete, o uso do equipamento permanece baixo. Nesses casos, conforme a Organização, a evidência mais relevante é a eficácia de campanhas de fiscalização e educação. “Uma revisão sistemática do impacto de campanhas de fiscalização e educação sobre o uso de capacete por motociclistas e passageiros concluíram que as duas intervenções combinadas têm um impacto muito maior em comparação com quando são implementadas individualmente”, diz o Manual.
De acordo com a publicação, o efeito de uma estratégia combinada é cerca de oito vezes maior do que fiscalização por si só. Além disso, é cerca de 12 vezes maior do que a educação sozinha.
O estudo também descobriu que as campanhas de mídia só afetam o uso do capacete quando são veiculadas por mais de um ano. “Uma duração menor não é suficiente para mudar o comportamento”, afirma o estudo.
O insucesso de campanhas educativas para melhorar o comportamento do motorista não se limita às motocicletas e capacetes. Ela também abrange outras áreas de segurança no trânsito. “Por exemplo, educação e programas de persuasão para melhorar o uso do cinto de segurança não se mostraram eficazes”, explica a OMS.
Ainda de acordo com a OMS, para que esse esforço seja bem-sucedido, também deve haver fiscalização visível e contínua nas vias.
“Evitar penalidades é frequentemente relatado por usuários de motocicletas como uma das razões para usar capacetes”, diz o estudo.
Custos dos acidentes
Já está mais do que comprovado que os custos sociais para indivíduos, famílias e comunidades, por lesões causadas pelo trânsito representam um grande carga sobre os serviços de saúde e as economias. “O custo para os países, muitos dos quais já lutam com o desenvolvimento econômico, pode chegar a 5% de seu produto nacional bruto”, informa a OMS.
Conforme os estudos da OMS, como a motorização aumenta, a prevenção de lesões causadas pelo trânsito se tornará um desafio social e econômico cada vez maior. Isso, particularmente em países de baixa e média renda. “Se as tendências atuais continuarem, as lesões causadas pelo trânsito aumentarão dramaticamente na maioria partes do mundo nas próximas duas décadas. E o maior impacto recairá sobre os mais vulneráveis cidadãos”, alerta.
Ações apropriadas e direcionadas são urgentemente necessárias
A conclusão da OMS é que a introdução de limites de velocidade, promulgação e aplicação de leis de uso de capacete, criação de infraestrutura mais segura, a aplicação de limites de concentração de álcool no sangue durante a condução e melhorias na segurança do veículo são todas as intervenções que foram testadas e repetidamente comprovadas como eficazes e se mostram urgentes em todo o mundo.
Perdas sociais e econômicas
De acordo com Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito & Mobilidade, o traumatismo craniano é a principal causa de morte dos motociclistas. No entanto, muitas vezes o motociclista não morre, mas fica gravemente ferido a ponto de comprometer a sua capacidade de trabalho, o seu convívio social e tudo o que estava por vir na sua vida. “Lembremos que a maioria dos motociclistas são ainda muito jovens. Diante disso, o impacto social, econômico e na previdência, é muito severo”, exemplifica.
No Manual, a OMS destaca a necessidade urgente de uma série de medidas. Dentre elas o uso do capacete, mas que inclui também diminuir os limites de velocidade, além de dissociar álcool e outras drogas da condução do veículo. “Nenhuma novidade, estamos falando disso há décadas. Porém o nível de adesão, a dedicação com que os sucessivos governos têm feito as suas campanhas e ações deixa sempre a desejar”, lamenta Mariano.
Conforme o especialista, o assunto uso de capacete deveria ser levado muito mais a sério. Nesse sentido ele faz uma pergunta e dá uma dica.
“Se você é motociclista faça um favor para si mesmo: proteja-se. E se você não é motociclista, mas é próximo de alguém que é então colabore para a segurança desta pessoa que é seu amigo, seu familiar, seu funcionário ou seu colega de trabalho. Questione, explique, estimule, cobre, a decisão de usar, pois ela precisa ser tomada sempre pela pessoa e antes de sair”, aconselha Mariano.