Ruas e rodovias esburacadas causam problemas no carro
Buracos são problemas constantes nas vias e rodovias brasileiras. Além de aumentar o risco de acidentes, eles podem danificar os pneus ou os componentes da suspensão do seu veículo. E os problemas não param por aí. Além dos buracos em avenidas movimentadas, existem desníveis em cruzamentos e consertos malfeitos no asfalto que fazem o veículo trepidar. Nos dias de chuva a situação é ainda pior: o alagamento de alguns trechos esconde as deficiências das vias. Para enfrentar esse verdadeiro rali diário, a dica é dirigir com cuidado e manter uma boa distância do carro da frente. Se mesmo assim você não conseguir evitar o buraco, fique atento pois alguns itens do seu carro podem ser prejudicados.
Os problemas mais comuns ocorrem nos pneus, suspensão e amortecedores. Nesta época do ano, com chuvas constantes, o número de buracos nas ruas e rodovias aumenta consideravelmente, assim como os atendimentos nas oficinas. O custo do conserto dos danos causados por buracos varia bastante. O cliente pode gastar de R$ 50 (que é o valor médio da cambagem em um gol, por exemplo) até R$ 400, caso haja a necessidade de trocar algumas peças como bandeja, braço de suspensão, molas, amortecedores e buchas.
Mas não são apenas os pneus e a suspensão que sofrem com a má conservação do asfalto. A roda também pode ser danificada. De acordo com o tamanho do buraco e da velocidade do carro no momento do impacto. As rodas de aço podem ser soldadas e desamassadas, mas no caso das de alumínio, a única solução é substituir as que foram danificadas. Para fazer o balanceamento, é necessário que as rodas estejam desamassadas. Para isso, o motorista vai gastar entre R$ 25 e R$ 30. De acordo com o mecânico e proprietário de oficina, Marcelo Soares de Araújo, o ideal é dirigir com cuidado e nunca passar em alta velocidade por um buraco, pois o impacto e os danos podem ser ainda maiores.
É muito importante quando, ao passar por um buraco, você fique atento aos primeiros sintomas de problema no carro. Se o volante tremer ou se o veículo apresentar barulhos vindos da suspensão ou amortecedor, leve-o a um mecânico. O técnico Edi Carlos alerta que quando o carro começa a puxar mais para um lado ou para o outro, depois de ter passado por um ou alguns buracos, pode ser um sintoma de que o veículo está desalinhado, o que pode causar vários problemas, como a corrosão do pneu pela parte interna. Somente após três a cinco mil quilômetros rodados é que o motorista percebe, porque os pneus estarão inutilizados. “Ao passar por um buraco, os pneus podem ganhar ‘bolhas’, formadas pelo estouramento do cordonel de aço dentro do pneu”, explica. Se isso ocorrer, deve-se trocá-lo, pois ele pode estourar e causar um acidente.
Previna-se
Quanto mais rápido você dirigir, mais difícil será para desviar e pior serão as consequências. Ao passar pelo buraco, você pode perder o controle do carro ou ter a roda amassada e o pneu estourado. Ao dirigir na chuva, reduza a velocidade, redobre a atenção e tente desviar das poças, pois elas podem esconder buracos sob a água ou fazer o carro aquaplanar. “Se não for possível desviar da “cratera”, não freie bruscamente: desengate a marcha ou ao menos pise na embreagem ao atravessá-lo, com isso, você evita danos no câmbio”, explica o mecânico Marcelo Soares. Lembre-se de manter o volante reto. Assim, danos mais prováveis serão causados aos pneus, e não à suspensão, que é mais cara e mais difícil de consertar.
Alinhamento deve ser checado sempre
Com os impactos em buracos, lombadas ou obstáculos, as especificações da geometria de suspensão podem desajustar-se. Por isso, sempre que houver forte impacto em buracos e obstáculos, quando for substituído qualquer componente de suspensão ou direção, se os pneus se desgastam em excesso ou de forma irregular, ou se o carro apresenta tendências de instabilidade nas curvas e nas frenagens, é necessário checar o alinhamento. Mesmo que nada disso ocorra, é conveniente alinhar a direção a cada 10 mil quilômetros para compensar o desgaste e surgimento de folga nos componentes. Fazer o alinhamento da direção nada mais é do que ajustar e colocar dentro de parâmetros determinados pelo fabricante, três ângulos: convergência, câmber (mais conhecido como cambagem) e cáster.
O desalinhamento da direção prejudica a estabilidade, pois os pneus deixam de trabalhar na posição especificada pelo fabricante. Ocorre também consumo prematuro e irregular da banda de rodagem, desgastando-a em “escamas”, em “ondas” (diagonalmente) ou mais em um dos lados. O maior atrito gerado pela posição de trabalho inadequada pode até mesmo aumentar o consumo de combustível.
Buraco na via pública? Saiba os seus direitos
O motorista que teve o veículo danificado por ter caído em buracos dentro do perímetro urbano de um município pode acionar a Prefeitura para que os danos sejam ressarcidos. O mesmo ocorre se o pedestre se ferir ao cair em um bueiro ou buraco, por exemplo. O direito é assegurado pela Constituição Federal e explicitado, principalmente nos artigos 186, 402, 927 e 944, previstos no Código Civil Brasileiro, que determinam as situações passíveis de reparação de danos, responsáveis pela ocorrência, além do valor da indenização a ser solicitada. Segundo o presidente da 22ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Rio Preto, Flávio Marques Alves, a vítima não precisa provar se o Estado é o culpado do fato, mas é necessário que se comprove os prejuízos sofridos em decorrência dos buracos, sejam eles físicos ou morais.
O ressarcimento de danos oriundos de acidentes causados por buracos em vias públicas pode ser solicitado por meio de ação indenizatória por danos materiais ou morais, impetrada por um advogado. O profissional pode ser particular ou proveniente de assistência jurídica gratuita. O boletim de ocorrência também deve ser feito caso ocorra o acidente.Embora não comprove que o acidente foi causado por um buraco, é o primeiro passo a ser tomado pela vítima. Os advogados recomendam também que o motorista reúna o máximo possível de provas que possam comprovar a causa dos danos. Fotos do buraco e do veículo atingido, bem como da vítima caso essa se machuque são essenciais em um processo. Vale a pena lembrar que o seguro pode ser acionado se o estrago for causado pelo buraco e não pelo desgaste normal das peças da suspensão. Para ser ressarcido, o segurado não deve fazer nenhum conserto e acionar o guincho da seguradora para vistoria. Em alguns casos, pagar a franquia sai mais em conta.
Fonte: Diário Web