Estudo: falha técnica atingiu 50 milhões de carros e gerou um dos maiores recalls da história
Os problemas envolvendo os airbags Tanaka teve consequência grave e tornou-se o maior caso de recall da história contemporânea do setor automotivo.
Desde 2013 há relatos de problemas envolvendo os airbags Tanaka, quando os “airbags mortais”, como assim foram chamados na ocasião, apresentaram defeito no componente deflagrador, responsável por liberar o gás que expande a bolsa inflável. O episódio teve consequências tão graves que atingiu 50 milhões de carros, causando cerca de 30 mortes e deixando mais de 320 feridos, tornando-se o maior caso de recall da história contemporânea do setor automotivo.
O caso do maior recall teve grande notoriedade, não somente pelo número de pessoas atingidas, mas, também pelo fato de a fabricante ter produzido e liberado para diversas montadoras ao redor do mundo os airbags com defeito. No Brasil, por exemplo, pelo menos 14 fabricantes fizeram chamados do recall.
Houve ainda o agravante de relatos de demora para iniciar os reparos. Em sua maior parte começou em 2015. No entanto, o fornecimento de detalhes e peças somente teve início no ano seguinte, em 2016. Naquele ano, milhões de carros foram notificados no mundo todo para substituir as peças – o que ocorre até os dias de hoje.
Consequências no Brasil do maior recall do setor
De acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor – Senacon, o Brasil registrou 70 acidentes originados dos airbags Tanaka, dos quais três foram fatais. O último acidente foi em julho de 2020, sem vítimas graves ou fatais.
Em paralelo, a Senacon informou que o Brasil tem 4.352.428 automóveis equipados com os airbags Tanaka. No entanto, apenas 1.876.789 carros fizeram o reparo, o equivalente a 43,1% do total. Este fato mostra que o brasileiro ainda não dá a devida importância em atender ao chamado. Assim como não se atenta para a gravidade de negligenciar os recalls.
De acordo com o levantamento, a falta de ciência dos proprietários dos veículos está entre os principais motivos de não atenderem aos chamados – eles simplesmente não sabem da necessidade dos reparos, mesmo com a notificação das fabricantes.
Comunicação aos proprietários
Além dos informativos na mídia e campanhas de publicidade, as empresas costumam notificar os proprietários por meio de correspondência no endereço físico ou por correio eletrônico. No entanto, os proprietários as ignoram ou consideram como spam.
A falta de tempo ou disposição em levar o veículo até a revenda autorizada e aguardar pelo procedimento também é outro aspecto que foi considerado pelos proprietários. O fato é visto como um ponto negativo, sobretudo para aqueles que dependem do carro para trabalhar ou para realizar outras atividades diárias.
O estudo observou ainda a presença de proprietários incrédulos, que não confiam nos serviços das concessionárias e montadoras. Isso acontece principalmente nos casos em que o relacionamento não resultou em uma boa experiência para o cliente.
Por fim, a Senacon ressalta que atender ao recall é essencial para a segurança de motoristas, passageiros, outros veículos e pedestres. Além de ser um serviço gratuito que visa proteger e proporcionar mais segurança no trânsito, sobretudo em possíveis acidentes graves. Logo, ao receber uma notificação de recall, não pense duas vezes e compareça até uma revenda o mais rápido possível para fazer os reparos necessários.
Novas regras recall
Em 2021, a Lei 14071/20 determinou que o além de incluir o registro no CRLV do veículo- o que já era obrigatório-, o proprietário que não atender ao comunicado de recall em até um ano a partir da data do início do chamado, ficará impossibilitado de ter o veículo licenciado. Além disso, a Lei 14.229/21 fixou uma data, 1º de outubro de 2019, para que haja a inclusão no certificado de licenciamento anual da informação sobre campanhas de recall não atendidas pelo proprietário do veículo.