O Dia do Motociclista merece uma reflexão profunda sobre o tema. O cenário mostra que é urgente a necessidade de mudança.
No dia 27 de julho é comemorado o Dia do Motociclista. Atualmente não há muitos motivos para celebrações, mas sim para reflexões sobre o tema. Nos últimos dois anos, enquanto o Brasil e o mundo sofreram graves restrições de mobilidade durante a pandemia causada pela Covid-19, o número de motociclistas nas ruas não parou de crescer. E, agora, devido a outros fatores, continua aumentando. E isso reflete diretamente nas estatísticas.
Em 2020 (estatística oficial mais recente), por exemplo, morreram 33.497 pessoas em decorrência da violência do trânsito brasileiro. Destes, 12.011 eram motociclistas. Isso significa que mais de 35% das vítimas do nosso trânsito morreram devido a sinistros envolvendo veículos de duas rodas. Os dados são do Ministério da Saúde.
Já em 2021, uma pesquisa da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), com dados oficiais do Ministério da Saúde, mostra que, entre março de 2020 e julho de 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um total de 308 mil internações de pessoas em decorrência de sinistros de trânsito em todo o Brasil.
Dentre as vítimas dos chamados “acidentes de transporte”, qualificação usada pelas autoridades sanitárias, mais da metade (54%) eram motociclistas. Considerado apenas o período de janeiro a julho de 2021, o número de internações de motociclistas bateu recorde histórico, alcançando 71.344 casos graves e que exigiram a hospitalização do motociclista.
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Análise
Conforme David Duarte Lima, doutor em Segurança de Trânsito pela Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e mestre em Saúde Pública pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), ouvido recentemente pelo Portal do Trânsito, o número de mortes por acidentes de trânsito cresceu em 2020 devido às ocorrências envolvendo motociclistas. “Em todas as categorias analisadas, o número de vítimas vem caindo ano a ano. O contrário ocorre na de motociclistas”, constatou.
A explicação, de acordo com o especialista, está nas características do veículo em relação ao cenário atual pelo qual estamos passando.
“A motocicleta é um veículo barato, ágil, além disso consome menos combustível e, em muitos casos, substitui o transporte público. Assim como, ela já vem com um emprego garantido, que é o de entregador”, esclarece.
Realidade
Observando todas as circunstâncias, não é difícil concluir que se não houver uma união de forças no sentido de investir em políticas públicas direcionadas, os números só vão piorar. “Esses dados mostram que é urgente olharmos para o motociclista e adotarmos medidas educativas assim como de prevenção ao sinistro focadas nesse público. É mais uma confirmação para o alerta que temos feito sobre a gravidade desse cenário”, afirmou Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet, quando houve a divulgação da pesquisa citada anteriormente.
Conforme o presidente da Abramet destacou, à época, é importante observar os números também pelo aspecto social.
“É um público mais exposto ao risco e mais vulnerável a sofrer lesões no caso de se envolver em um sinistro de trânsito. Por isso, precisa de políticas específicas que ajudem a preservar sua vida e proteger sua saúde”, disse.
Dr. David Duarte Lima lembrou de outros elementos relacionados à educação e formação desse tipo de condutor. “No Maranhão, por exemplo, há três vezes mais motos do que habilitados na categoria A. E isso se repete em outros estados. Não há fiscalização e para boa parte da população a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) hoje custa muito caro”, citou.
Dicas de segurança
Enquanto não ocorrem as mudanças, é preciso que os motociclistas façam o que está ao alcance de suas mãos. Ou seja, devem investir em comportamentos defensivos e de segurança. O objetivo é a preservação da própria vida.
“Os condutores de carros, caminhões e ônibus possuem cinto de segurança, muitas vezes airbag bem como toda a estrutura do veículo como proteção. O motociclista não tem nada disso, ele está totalmente exposto”, argumenta Celso Alves Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito & Mobilidade.
O especialista reforça que, por esses motivos, é preciso redobrar a atenção ao pilotar uma motocicleta. “Além disso, usar sempre o capacete com viseira ou óculos específicos e, ainda, roupas que protejam em caso de queda”, pontua Mariano.
Dicas para os motociclistas:
- Ter habilitação assim como habilidade para conduzir uma moto;
- Respeitar a sinalização de trânsito;
- Não conduzir sob o efeito de álcool e outras drogas;
- Praticar a direção defensiva;
- Realizar manutenção preventiva na moto;
- Não mexer no celular enquanto estiver pilotando;
- Não abusar da agilidade que a moto proporciona.
Dicas para os condutores de outros veículos para evitar acidentes com motociclistas:
- Manter distância segura.
- Tomar cuidado em conversões à esquerda e à direita, pois os motociclistas costumam transitar nos pontos cegos.
- Conferir o que se passa atrás do veículo constantemente, pelos retrovisores.
- Ter cuidado ao abrir as portas do veículo quando estiver estacionado ou parado em congestionamentos e cruzamentos.
- Para ultrapassar uma motocicleta, obedecer aos mesmos procedimentos da ultrapassagem de automóveis.
- Piloto sem capacete é sinal de negligência e imprudência: redobrar o cuidado ao se aproximar de um!