Arteris registra mais de 4 mil animais nas passagens de fauna da BR-101/RJ
Levantamento feito no complexo aponta que já foram registrados mais de 700 flagrantes de travessia de micos-leões-dourados, uma das espécies ameaçadas de extinção que habitam o trecho norte fluminense.
A instalação do complexo de passagens de fauna da BR-101/RJ Norte, um “corredor” protegido que cruza a rodovia e permite a travessia segura de animais, registrou, desde 2020, a passagem de 4.046 animais de 28 espécies. Entre eles primatas, marsupiais e roedores. No entorno, entre outubro de 2021 a junho de 2023, foram observadas ainda 48 diferentes espécies.
Os dispositivos foram instalados ao longo de 72 quilômetros da rodovia, entre Casimiro de Abreu e Rio Bonito, trecho administrado pela Arteris Fluminense. A empresa investiu R$ 55 milhões neste “corredor” que conta com 10 estruturas superiores, 26 inferiores e um viaduto vegetado. Além de 46 quilômetros de cercas que conduzem os animais que habitam a região para uma travessia segura.
Mais que salvar vidas humanas e animais, a passagem de fauna também está cumprindo um importante papel de preservar espécies ameaçadas. São eles, por exemplo: a preguiça-de-coleira e a lontra longicaudis.
Além destas, em 2 de agosto deste ano, Dia Internacional do Mico-Leão-Dourado, a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), parceira da concessionária, apresentou uma pesquisa que constatou um aumento de 29,7% (de 3.700 indivíduos em 2014 para 4.800 em 2023) na população destes animais no interior do Rio de Janeiro. Desta espécie, houve o registro de 776 travessias.
A pesquisa da AMLD também revelou que 70% desse crescimento se deve à colonização de novas áreas. Dessa forma, facilitada pelo trânsito livre entre as duas margens separadas pela rodovia. Além disso, a passagem de fauna favorece a troca de genes entre grupos dos dois lados, evitando a endogamia. Para eles, construiu-se uma passagem superior, com a travessia de copa a copa com ligação com o topo das árvores nativas.
1º viaduto vegetado do país
Com a assessoria de uma rede de pesquisadores, consultores e especialistas, a Arteris identificou a necessidade de implantar o primeiro viaduto vegetado em rodovia federal do país, que liga a Reserva Biológica Poço das Antas (um dos principais habitats do mico-leão-dourado) à fazenda Igarapé, formando um corredor ecológico para conectar fragmentos florestais isolados, localizados no meio de sensíveis Unidades de Conservação da Mata Atlântica.
A partir de 2020, a Arteris implantou a estrutura, que tem 45 metros de comprimento, 21 metros de largura e 2,5 metros de profundidade. Ali, houve a plantação de mudas de vegetação nativa que começaram a crescer e já mudaram o aspecto do local.
Atualmente, após três anos da implantação do dispositivo, a vegetação aplicada no reflorestamento se consolidou. Além disso, diferentes espécies da região passaram a utilizar, que sentem uma maior sensação de confiança natural para as travessias.
A Arteris tem pesquisado qual é o formato de passagem de fauna mais adequado para cada espécie, criando uma importante literatura científica. “Este estudo é único, porque atende a biodiversidade do Brasil. Há passagens de fauna em outros lugares do mundo, que beneficiam espécies que não se encontra no nosso país. Por isso, nossa pesquisa é muito inovadora e deve estabelecer as bases de novas passagens de fauna a serem instaladas nas rodovias brasileiras”, explica Marcello Guerreiro, coordenador de Meio Ambientes da Arteris Fluminense.
Agenda ESG e educação ambiental
O projeto, que conta com o apoio de entidades governamentais e não governamentais, também faz parte de uma estratégia de preservação ambiental prevista na Agenda ESG da companhia. Nesse sentido, as metas norteiam as atividades que ela desempenha no setor de infraestrutura rodoviária. O Prêmio Firjan de Sustentabilidade 2022 reconheceu os dispositivos na categoria Rodovias Sustentáveis.
No fim de outubro de 2023, o projeto “Rodovias do Futuro – Integrando a Proteção da Biodiversidade e a Segurança Viária”, que apresenta os resultados obtidos pelo complexo de passagens de fauna, foi reconhecido pela 2ª edição do GRI Infra Awards, premiação anual realizada pelo GRI Club que premia iniciativas de empresas operadoras, concessionárias, gestoras, fundos e investidores que se destacaram no mercado de infraestrutura no Brasil. Além disso, houve a publicação de seis trabalhos científicos sobre o projeto. Ou seja, eles devem servir de base para novas licitações de rodovias no país e no mundo.
A Arteris Fluminense também envolve a comunidade local assim como conscientiza a população do entorno por meio de um programa de educação ambiental. Mais de 30 escolas da região participaram de sessões de observação da fauna nos mirantes das estruturas. Dessa forma, os alunos conseguiram obter um importante aprendizado sobre a preservação da natureza.
“A Arteris se orgulha de sua contribuição para a proteção da biodiversidade brasileira com esse projeto de restauração ecológica. Estamos adquirindo um importante conhecimento científico que deve beneficiar gerações futuras, além de evitar acidentes de trânsito que podem custar vidas de animais e pessoas”, finaliza Guerreiro.