A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET) alerta que o uso do cinto de segurança reduz em até 60% o risco de morte e ferimentos graves para passageiros nos bancos da frente e em até 44% para aqueles sentados nos bancos traseiros de um veículo envolvido em sinistro de trânsito. Essas são algumas das novas evidências científicas apresentadas pela Associação em diretriz de conduta médica sobre o uso do cinto de segurança.
Destinado ao médico do tráfego e a todos os profissionais de saúde, o documento traz um panorama aprofundado atualizando dados sobre o tema, para subsidiar as melhores decisões e estimular o uso do cinto pela população.
“O uso do cinto de segurança é uma opção simples, fácil e essencial parta proteger a vida no trânsito. Estamos sempre atentos às novidades científicas nesse tema, para manter o médico especialista atualizado e pronto para tomar as melhores decisões no atendimento à população”, afirma Flávio Emir Adura, diretor científico da entidade.
“O médico do tráfego é um facilitador estratégico desse conhecimento e estimulamos que seja o porta-voz desse conhecimento, para também levar conscientização à população”.
Leia aqui a Diretriz
O especialista destaca que iniciativas para a redução de sinistros e seus efeitos estão entre as prioridades da ABRAMET – a divulgação das diretrizes de conduta é uma das ações de maior impacto, subsidiando não apenas a atuação do médico do tráfego, como também de todo o sistema de saúde e a divulgação de campanhas de conscientização da própria entidade. “Essa é a própria razão de existir da nossa entidade, lutar pela preservação da vida no trânsito”, reforça Antonio Meira Júnior, presidente da ABRAMET.
Atualização estratégica
Com publicação pela ABRAMET em meados de 2022, houve agora a revisão da diretriz sobre o uso do cinto de segurança. Assim, agregando os dados mais recentes sobre esse equipamento de segurança cujo uso é obrigatório no Brasil. Com 24 páginas, o documento avalia as ações e a proteção conferida pelo cinto de segurança e a sua eficácia nos diferentes posicionamentos no veículo. Assim como, oferece recomendações para a redução da morbimortalidade dos sinistros de trânsito.
Sabe-se que esse equipamento de segurança reduz o registro de vítimas fatais ou com lesões graves. A diretriz destaca que, quando usado da forma adequada, o cinto reduz a incidência de ferimentos nos quadris, na coluna vertebral, na cabeça, no tórax e abdome. Além, também, de reduzir o risco de perfuração do globo ocular. Um dos estudos apresentado concluiu que o cinto de segurança é capaz de reduzir as lesões oculares perfurantes em 60%.
“Estudos de meta-análise concluíram que os cintos de segurança reduzem o risco de morte e ferimentos graves em 60% para ocupantes do banco da frente e em 44% para os ocupantes do banco traseiro”, aponta a diretriz. “Cerca de 50% da eficácia dos cintos de segurança se deve à prevenção da ejeção de ocupantes de veículos automotores”, acrescenta o documento.
A diretriz apresenta esclarecimentos sobre diversos aspectos relacionados ao uso e efeitos do cinto de segurança para uma mobilidade segura. A ABRAMET coloca à disposição do médico do tráfego e demais diversos públicos-alvo uma conceituação completa. Abordando pontos como os níveis de prevenção; a importância do uso do cinto de segurança; sua eficácia na redução de mortes e ferimentos. Além disso, como o equipamento funciona; os tipos e como fazer a manutenção.
A diretriz também percorre questões relacionadas à colisão e seus diversos tipos e o capotamento.
Riscos e forma correta de usar
“É importante tanto para o médico do tráfego quanto para os profissionais envolvidos com o atendimento de saúde conhecer tecnicamente o cinto de segurança, dominar o seu funcionamento, assim como ter clareza sobre os diversos tipos de sinistro em que o uso do equipamento é determinante para preservar a vida”, explica Flávio Adura.
A diretriz apresenta, inclusive, informação técnica sobre lesões que o cinto não previne e aquelas decorrentes do uso incorreto do equipamento. Esse é um esclarecimento relevante para o usuário do veículo, mostrando cuidados adicionais a serem adotados nos deslocamentos. “As lesões mais importantes que o uso do cinto não previnem são as que resultam do chamado efeito chicote. Este consiste no movimento brusco da cabeça para frente e para trás, com hiper flexão e hiperextensão do pescoço. Assim, podendo resultar em fraturas da coluna cervical e lesão medular, nos casos de colisão traseira em que o encosto de cabeça não está posicionado corretamente ou é inexistente”, explica o documento.
A diretriz traz um dado emblemático, informando a importância do uso do cinto de segurança pelo passageiro no banco de trás. “Não usar o cinto de segurança no banco de trás aumenta em cinco vezes o risco de morte do ocupante do banco da frente”, assinala o documento. Os dados são de estudo científico do Japão. Isso acontece devido à possibilidade de o ocupante do assento traseiro ser arremessado violentamente contra os ocupantes dos bancos dianteiros.
Ilustrado, o documento publicado pela ABRAMET aborda a legislação vigente. Além disso, apresenta esclarecimento sobre o uso correto do cinto por públicos com características especiais como gestantes, pessoas obesas, crianças e idosos. Esta é uma conceituação de grande relevância para o atendimento prestado pelo médico do tráfego no dia a dia.
A diretriz também alerta para os efeitos negativos do uso de acessórios para conforto acoplados aos bancos dos veículos e da condução veicular com o banco rebaixado. “Os cintos de segurança de 3 pontos são projetados para se ajustarem adequadamente aos ocupantes na posição vertical. Eles são menos eficazes quando usados em posições reclinadas”, diz o documento.
“Reclinar o encosto do banco aumenta o risco de submersão (efeito submarino) que ocorre em sinistros automobilísticos ou desacelerações bruscas, com o corpo do ocupante do veículo deslizando por baixo da faixa subabdominal. Como resultado do efeito submarino, o corpo choca-se contra a estrutura frontal inferior do veículo, ou contra o banco da frente, caso o ocupante esteja na parte traseira, com ocorrência de fraturas nos membros inferiores, quadril, coluna vertebral e contusões torácicas”.
“Essa diretriz é de grande relevância para a medicina do tráfego. Isso porque amplia o conhecimento sobre o uso do cinto, um equipamento cada vez mais importante no Brasil”, avalia o diretor científico da ABRAMET. Conforme ele, a expectativa é que a publicação mantenha o médico do tráfego preparado para o melhor atendimento ao cidadão. Ou seja, com a informação mais atual sobre o tema.