11 de maio de 2025

Um ano da tragédia no RS: Como o urbanismo pode ajudar a combater enchentes e soluções arquitetônicas para cidades mais resilientes

Planejamento urbano inteligente e infraestrutura verde são aliados no enfrentamento das chuvas intensas e da crise climática.


Por Assessoria de Imprensa Publicado 26/04/2025 às 13h30
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tragédia no RS: enchentes e urbanismo
Os desastres causados pelas chuvas não são apenas fruto da intensidade das precipitações, mas, também, da forma como as cidades foram planejadas. Foto: Freepik

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado episódios cada vez mais frequentes de enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra, especialmente em áreas urbanas densamente ocupadas. No próximo mês, por exemplo, é completado um ano da maior tragédia climática do nosso país – que provocou danos em quase todos os municípios do Rio Grande do Sul, devastou cidades principalmente na Região Metropolitana e Vale do Taquari, retirou milhares de casa e deixou 183 mortos, além de 27 desaparecidos.

Mas afinal, o que tem causado um alerta geral sobre mudanças climáticas e colapso urbano? De modo geral, a combinação entre ocupação desordenada, infraestrutura defasada ou inexistente e a intensificação das mudanças climáticas tem colocado à prova a capacidade de resposta das cidades. Diante desse cenário, o urbanismo e a arquitetura se apresentam como peças-chave para transformar essa realidade e construir soluções de longo prazo.

De acordo com a arquiteta e docente do Centro Universitário UniBH, Flávia Papini, os desastres causados pelas chuvas não são apenas fruto da intensidade das precipitações, mas, também, da forma como as cidades foram planejadas — ou muitas vezes, não planejadas. “A maneira como construímos e ocupamos o espaço urbano impacta diretamente a capacidade de drenagem e absorção da água da chuva”, destaca.

“A impermeabilização excessiva do solo, causada pelo asfalto e concreto sem áreas de infiltração, impede que a água da chuva siga seu curso natural, gerando enchentes e sobrecarregando sistemas de drenagem urbana”, explica.

Soluções

Uma das soluções arquitetônicas destacadas pela especialista são os jardins de chuva — estruturas que combinam vegetação e engenharia para reter, filtrar e infiltrar a água no solo. “Esses jardins são formas simples e eficazes de devolver ao solo a sua função de absorver água. Quando bem integrados ao espaço urbano, eles também contribuem para a qualidade paisagística e o microclima das cidades”, completa Flávia. 

Outros exemplos incluem a implantação de telhados verdes, pavimentos permeáveis e o reaproveitamento de áreas de várzea como parques urbanos. Essas estratégias fazem parte de um conceito mais amplo, o urbanismo sensível à água.

“Não se trata apenas de resolver alagamentos pontuais, mas de pensar a cidade de maneira sistêmica, com soluções que considerem as bacias hidrográficas, os ciclos naturais da água e a convivência entre espaços urbanos e natureza”, reforça Papini.

As enchentes não são apenas um problema de engenharia, mas o reflexo de um fenômeno global: as mudanças climáticas. Elizabeth Ibrahim, professora do curso de Engenharia Ambiental do UniBH, destaca que “os eventos climáticos extremos, como chuvas intensas em curtos períodos e enchentes, estão cada vez mais frequentes por conta do aquecimento global. As cidades precisam se adaptar a essa nova realidade com urgência”.

Para Flávia Papini, a resposta está na integração entre conhecimento técnico e vontade política: “Não basta termos boas ideias ou projetos premiados. É preciso vontade de implementar essas soluções em larga escala, com participação da comunidade, fiscalização e investimento contínuo. Só assim conseguiremos cidades mais seguras, sustentáveis e preparadas para o futuro”, conclui.

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