Pesquisa aponta que 8 em cada 10 pessoas com deficiência já sofreram preconceito durante seus deslocamentos  

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostrou que 77% das pessoas com deficiência já vivenciaram situações de preconceitos durante seus deslocamentos.


Por Pauline Machado
Pessoa com deficiência
A pesquisa tem como objetivo entender a experiência das pessoas com deficiência e sua relação com a mobilidade urbana. Foto: Depositphotos

Com o apoio do Uber, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostrou que 77% das pessoas com deficiência já vivenciaram situações de preconceitos durante seus deslocamentos. Além deste percentual, 86% dos entrevistados também afirmaram que temem ser vítimas de situações como ser furtado, assaltado, agredido fisicamente ou sofrer um acidente de trânsito durante suas viagens.

Os dados trazem um panorama sobre o perfil de deslocamento dessa população, em que 45% dos entrevistados que utilizam transporte público disseram ter algum tipo de restrição na região onde moram.

Ainda de acordo com o relatório, 79% dos entrevistados afirmaram que já chegaram atrasados ou até mesmo perderam algum tipo de compromisso devido à falta de acessibilidade, o equivalente a 13 milhões de pessoas aproximadamente.

A pesquisa foi realizada presencialmente com 800 portadores de deficiência visual, auditiva, motora, intelectual ou múltipla, moradores de 11 Regiões Metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Brasília), com idades acima de 18 anos, entre os dias 28 de fevereiro e 17 de março de 2023. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Pessoas com deficiência física

De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 10,3% da população adulta possuem algum tipo de deficiência. Isso equivale a cerca de 16,8 milhões de pessoas, de acordo com a projeção do IBGE para 2023. Dentre essas pessoas, 6,1% possuem algum tipo de deficiência motora, 4,2% visual, 2,3% múltipla, 1.4% auditiva e 1,4% intelectual ou mental.

Neste cenário, 67% das pessoas com deficiência (PCD) que responderam a entrevista disseram que se deslocam por razões relacionadas a atendimentos de saúde para si próprias, 36% por visitas a familiares e amigos e 34% para tratar de assuntos pessoais.

Entre a população de PCD, as formas de deslocamento mais populares são: andar a pé ou com cadeira de rodas (50%), carro particular (47%), seguidos de  43% que declaram utilizar transporte por aplicativo, de 34% que utilizam ônibus ou van municipal e, por fim, de 14% de que usam metrô.

No grupo específico de pessoas com deficiência visual, as opções mais comuns para 54% dos entrevistados são: caminhar e os aplicativos de mobilidade urbana, como Uber.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, enfatiza que o estudo identifica os inúmeros desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em seus deslocamentos pelas cidades. Ou seja, a grande maioria dos entrevistados concorda que faltam opções de transporte seguro e confortável. Dessa forma, evidenciando a carência de acessibilidade e a discriminação enfrentadas por essa população em seus trajeto.

“A escassez de informação é apontada pelos entrevistados como uma das principais causas para o preconceito, que acarreta uma série de restrições em seus deslocamentos pelas cidades. Para combater o preconceito e promover uma sociedade mais inclusiva, é necessário educar a população para a inclusão de pessoas com deficiência. Empresas e governos precisam trabalhar juntos para implementar soluções efetivas e sustentáveis que garantam o direito de ir e vir, assegurando às pessoas com deficiência mais oportunidades de mobilidade”, ressalta Meirelles.

O estudo relatou ainda:

Bárbara Galvão, líder global de Diversidade e Inclusão da Uber, finaliza destacando a importância da pesquisa para aprimorar processos. Além disso, entender a experiência das pessoas com deficiência e sua relação com a mobilidade urbana.

“Esse cenário de dificuldades em diversos modais de transporte que a pesquisa revela é algo que empresas, poder público e sociedade precisam estar atentos para conduzir um processo de educação sobre o tema. Na Uber, estamos comprometidos em tornar a plataforma cada vez mais inclusiva para todos que precisam se deslocar pelas cidades, inclusive com diversos materiais educativos sobre o tema, como o Guia de Acessibilidade e podcasts. Importante destacar também que o Código da Comunidade Uber e diversas políticas internas reforçam que o respeito é uma parte fundamental em qualquer interação, e comportamentos discriminatórios podem levar à desativação da conta envolvida”, afirma e finaliza a executiva da Uber.

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