O que são binários e para que eles servem?
Uma das alternativas para resolver problemas de congestionamentos e alto fluxo de veículos são os binários. Entenda!
Conseguir equilibrar o aumento populacional e o da frota de automotores, que cresce a cada dia e dificulta a vida no trânsito, é um dos maiores desafios enfrentados pelos gestores das grandes cidades. Além da questão de espaço e logística, existe a preocupação com o meio ambiente e a mobilidade urbana. Uma das alternativas para resolver problemas de congestionamentos e alto fluxo de veículos são os binários.
De acordo com Mércia Gomes, especialista em Trânsito e em Mobilidade Urbana, a mobilidade urbana ainda tem muitos obstáculos.
“O incentivo ao uso de ciclovias, transportes coletivos, caronas coletivas, rodízios de carros e até mesmo pedágios urbanos poderia melhorar a locomoção. Além disso, diminuir os impactos ambientais causados pelo excesso de veículos nas ruas, um dos principais entraves a uma boa mobilidade”, explica.
Para ela, os binários são alternativas capazes de solucionar os problemas de congestionamento, segurança e organização. “Os binários têm objetivos em relação a distribuições das mãos de direção das vias para uma fluidez melhor no trânsito. O sistema binário de trânsito consiste em transformar vias paralelas e próximas, de mão dupla, em vias de sentido único, podendo vir a contribuir no melhor uso do espaço da via e na diminuição de conflitos entre veículos, pedestres e ciclistas. Desse modo, o objetivo é melhorar o fluxo de veículos e tornar a via mais rápida”, diz.
A especialista cita também que nas grandes cidades, a população tende a utilizar mais o transporte individual. “A preferência por este tipo de transporte, muitas vezes está ligada ao conforto e privacidade, contrário ao encontrado no coletivo urbano, além da praticidade e agilidade que o transporte particular proporciona. Com essa preferência do transporte individual, aumenta de maneira significativa a quantidade de veículos nas vias”, aponta Mércia.
Quando implantar um binário
A implantação dos binários também traz desafios, conforme Mércia Gomes. Para ela, é preciso pensar nessa implantação quando:
- sinistros envolvendo mais de um automóvel, pedestres e ciclistas, se caracterizarem devido ao tráfego em dois sentidos;
- conversões à esquerda são difíceis para saída e acesso da via em questão;
- semáforos deixam de ordenar apenas a preferência de passagem e passam a ser indispensáveis para algum tipo de movimento veicular que poderia ser resolvido de outra forma;
- congestionamentos causam o aumento excessivo do tempo de viagem do transporte coletivo.
O binário não é suficiente
A especialista destaca que os binários são uma das ferramentas para melhoria urbana. “Para que a circulação nas vias seja feita de maneira mais eficiente e apropriada, com o crescimento populacional, é necessário ações que interfiram na atual configuração. E estas interferências devem permitir uma melhor circulação. A mobilidade urbana pode ser entendida como resultado da interação dos fluxos de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano. Isso compreende tanto o fluxo motorizado quanto o não motorizado”, finaliza.
Exemplo de Curitiba
Preocupada com diversas questões assim como com a maior frota de veículo do país por habitante, a Prefeitura de Curitiba já realizou diversas intervenções de engenharia para melhorar a fluidez e diminuir o tempo de congestionamento em vias importantes da cidade, com a instalação de novos binários. “Procuramos otimizar nossas vias, dar prioridade ao transporte coletivo e meios alternativos de transporte, como as bicicletas. Ou seja, são soluções inovadoras que aliam o bem-estar e a segurança dos curitibanos no trânsito”, afirma o secretário de Defesa Social e Trânsito, Péricles de Matos.
De acordo com a superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosangela Battistella, instalam-se os binários em importantes vias de ligação da cidade.
“São vias que apresentam muito fluxo de veículos e congestionamentos nos horários de pico. Com as mudanças, há mais fluidez e também mais segurança com apenas um sentido de tráfego em cada via”, diz Battistella.