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Mobilidade urbana: bicicletas elétricas ganham regulamentação no Brasil e seu uso cresce entre jovens

Entrou em vigor no último dia 3, a nova regulamentação proposta pelo Conselho Nacional de Trânsito - Contran para o uso de bicicletas elétricas.


Por Pauline Machado Publicado 31/07/2023 às 13h30
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Bicicletas elétricas no Brasil
A medida define regras de trânsito para bicicletas elétricas no Brasil. Foto: Depositphotos

Entrou em vigor no último dia 3, a nova regulamentação proposta pelo Conselho Nacional de Trânsito – Contran para o uso de bicicletas elétricas, ciclomotores e outros veículos individuais autopropelidos, ou seja, aqueles que se movimentam ou saem do seu lugar através de uma força que empurra para frente.

A medida define regras de trânsito em vias públicas e separa os veículos individuais em grupos conforme a velocidade que atingem e as características do equipamento.

As novas regras estabelecem, por exemplo, que as scooters precisam ter placas e o condutor necessita de carteira de habilitação A, assim como para motocicletas, ou uma Autorização para Conduzir Ciclomotores – ACC, específica para este tipo de veículo.

Os ciclomotores também necessitam de placas e carteira de motorista A e a velocidade máxima deve ser entre 32 km/h e 50 km/h, e uso de capacete obrigatório.

Já as bicicletas elétricas podem ter a velocidade máxima de 32 km/h, enquanto para as que são usadas para práticas esportivas a velocidade limite sobe para 42 km/h e não há obrigatoriedade do uso de placas, e nem de carteira de motorista A para sua condução.

O decreto determinou ainda que os governos estaduais possam definir ajustes sobre as regras para cada estado e as prefeituras podem arbitrar ajustes sobre as regras para cada município.

Na opinião de Gabriel Arcon, CEO da startup de soluções de mobilidade urbana E-Moving, este é um passo importante e um marco para a mobilidade no Brasil.

“Somos favoráveis a regulamentar os micromodais elétricos – bicicletas, monociclos e patinetes – principalmente neste momento em que há uma ampla gama desses veículos circulando nas ruas, em múltiplas finalidades. A E-Moving, que possui um amplo histórico na mobilidade urbana, recentemente também passou a concentrar esforços na ciclologística e possui ampla oferta de equipamentos disponíveis para diferentes aplicações”, enfatiza o executivo.

Mobilidade

Além de serem uma das opções de transporte limpo que mais se destacam no Brasil e no mundo, as bicicletas elétricas promovem a sustentabilidade. Além disso, estimulam a atividade física e proporcionam benefícios à saúde, sem falar na praticidade, sobretudo para os jovens.

Um exemplo é o da Share Student Living, empresa de residências para estudantes de todas as idades, com quatro unidades em São Paulo (SP) e uma em Lajeado (RS). Ela tem como premissa facilitar a integração do universitário à cidade, ao oferecer uma opção de moradia próxima às principais faculdades e centros comerciais. ”Há mais de quatro anos, a companhia é a única do setor imobiliário que possui parceria com a E-moving. Além disso, oferece aos moradores até três horas diárias de uso gratuito. A procura pelas e-bikes nas nossas quatro unidades residenciais estudantis só aumentou desde então. Hoje temos oito bicicletas compartilhadas da E-Moving – duas em cada unidade – cuja utilização cresceu 30% desde 2018”, destaca Ewerton Camarano, COO da Share Student Living.

Segundo a Aliança Bike, em 2022, já havia 9,64% de bicicletas elétricas a mais que no ano anterior. Dessa forma, alcançando 44.833 unidades e movimentando R$ 304,9 milhões em vendas.

A previsão para 2023 é de crescimento entre 19% no cenário orgânico e 27% no cenário otimista. “Cada vez mais pessoas, profissionais ou estudantes, estão optando por se locomover por São Paulo e outras capitais e cidades brasileiras em e-bikes. Isso acontece por ser um modal mais vantajoso para quem precisa pedalar curtas ou médias distâncias até o trabalho ou faculdade. Ou, ainda, chegar mais rápido aos compromissos da vida urbana. É um mercado em franca expansão, e o número de bicicletas nas ruas continuará aumentando”, ressalta Gabriel Arcon, CEO da E-Moving.

Ainda de acordo com ele, a startup vem ampliando cada vez mais sua oferta de produtos e serviços. Ela cresceu seis vezes nos últimos três anos: em 2019, eram quatro clientes corporativos, em 2022, já eram 27, um aumento de mais de 500%. Com isso, a startup conquista cada vez mais clientes, como os estudantes da Share Student Living. Eles contam com esse tipo de serviço para se locomoverem com mais praticidade, economia e sustentabilidade pelas ruas.

Estilo de vida compartilhado

A procura crescente pelas bicicletas elétricas nas residências estudantis indica mudança de comportamento dos jovens de São Paulo e do Brasil. Isso se reflete também nessa mesma parcela da população em outras capitais e cidades brasileiras.

“Os estudantes que vivem em nossos residenciais buscam, acima de tudo, praticidade, conforto, e melhor custo benefício, por isso, são abertos à ideia de compartilhar não apenas a moradia como também o transporte, por meio das e-bikes que disponibilizamos. Isso é tendência no país e no mundo, fruto da mudança na relação de consumo, que se desenvolve muito hoje no formato de serviços em alternativa à aquisição de bens, como vemos com softwares, mobilidade veicular urbana, casas de veraneio, utensílios domésticos e eletroportáteis, e, claro, bicicletas e a moradia” acrescenta o executivo da Share Student Living.

Neste aspecto, uma recente pesquisa realizada pela Opinion Box indica mudança na forma como as pessoas em geral se relacionam com o deslocamento individual depois da pandemia.

De acordo com o levantamento, 31% dos entrevistados declararam que o uso do carro diminuiu muito. Para esses, a redução do uso se deve principalmente pelo aumento dos gastos com combustíveis (48%). No entanto, tem a ver também com as jornadas em home office (26%) e com trabalho de forma híbrida (22%). “Está mais caro andar de carro. E há uma conscientização cada vez maior sobre os pontos negativos desse tipo de transporte convencional. E, também, das possibilidades que existem para se locomover de forma mais prática, rápida e barata, e sem emitir carbono na atmosfera. Dessa forma, deixando de causar danos ao meio ambiente”, avalia o CEO da E-Moving.

Outros impactos

A mudança de comportamento exige alterações também na malha cicloviária de São Paulo –  a maior do país, que até o ano passado contemplava 699,2 quilômetros de extensão. A atual prefeitura já prometeu expandir mais 1.000 km até 2024.

Tal necessidade é comprovada pelos contadores mantidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego – CET. Haja vista que dois desses contadores, localizados em pontos de alto movimento, como Avenida Faria Lima, na zona sul, e na rua Vergueiro, no centro, registraram a passagem de 271.957 bicicletas entre janeiro e fevereiro deste ano. Isso representa um aumento de 14% em comparação ao mesmo período de 2022.

E as mudanças resultantes dos novos meios de ir e vir têm sido tantas, que até os projetos de engenharia da Share Student Living mudaram. Apesar de todos os prédios terem bicicletários, nem todos possuem estacionamento.

“Nossos primeiros empreendimentos contavam com estacionamentos, mas devido ao baixo uso dos espaços pelos residentes, entendemos que faria muito mais sentido termos bicicletários maiores e oferecermos menos vagas para carros, afinal, com as localizações realmente privilegiadas de nossos empreendimentos, sempre ao lado de importantes eixos de transporte público e vias de acesso e ciclovias, além de um contexto favorável com o advento dos aplicativos de transportes e a maior conscientização da nova geração sobre o meio ambiente, os carros ficaram de lado no dia a dia dos nossos clientes”, destaca e finaliza Camarano.

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