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21 de novembro de 2024

Aliar carro mais caro e ônibus melhor é solução para cidades


Por Mariana Czerwonka Publicado 19/11/2013 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h25
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Problema de mobilidade nas cidades

No EXAME Fórum Sustentabilidade, Carlos ‘Carvalho, do Ipea, e Elkin Velasquez, da ONU-Habitat, falaram da necessidade de priorizar transporte coletivo e encarecer o individual

O caminho para resolver os problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras é apenas um: aliar o aumento da qualidade do transporte público com o desincentivo ao individual. A tese é defendida por Elkin Velasquez, diretor do escritório regional para América Latina e Caribe da ONU-Habitat, e pelo pesquisador do IPEA, Carlos Henrique Carvalho, que falaram, na manhã desta terça-feira no EXAME Fórum Sustentabilidade, na capital paulista.

Segundo eles, é preciso inverter a lógica de mobilidade das cidades. “As cidades brasileiras sofrem de um processo de crescimento urbano rápido e desordenado, que é resultado de 50 anos de uma política industrial baseada na indústria automobilística”, diz Carlos Henrique Carvalho.

Ele compara a situação caótica do trânsito e do transporte público de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro com o sistema de mobilidade de 50 anos atrás: enquanto antes os deslocamentos eram feitos em bondes elétricos ou a pé, hoje o que predomina são as viagens individuais e o rodoviarismo.

“Os cidadãos já convivem com as penalidades que esse sistema de mobilidade tem causado, então, o que podemos fazer agora é inverter a política de estímulo ao uso dos carros e promover o transporte coletivo”, diz Carvalho.

Ele explica que o barateamento do transporte individual via isenção de tributos e o congelamento do preço da gasolina acontece ao mesmo tempo que o transporte público fica mais caro. Os aumentos nas tarifas de ônibus em diversas cidades brasileiras foram o estopim para a onda de manifestações que tomaram as ruas em junho.

Carvalho afirma que essa inversão precisa ser feita tanto em termos econômicos (encarecendo o transporte individual), mas também promovendo a equidade no espaço urbano, isto é, dando mais espaço para o transporte coletivo nas vias da cidade.

“Isso que o prefeito Fernando Haddad está fazendo com as faixas exclusivas em São Paulo é uma medida de equidade, já que a maior parte da população da cidade usa transporte público”, diz.

Segundo ele, embora seja importante melhorar a qualidade dos ônibus e metrôs para incentivar o motorista a deixar seu carro em casa, é preciso oferecer mais vantagens para que ele adote o hábito.

Seriam necessárias medidas simultâneas: aumentar a qualidade do transporte público ao mesmo tempo em que se onera o uso do automóvel – o que pode ser feito encarecendo seu uso ou deixando a viagem mais lenta.

” Isso já acontece em São Paulo. As pessoas se sujeitam a andar nos trens lotados do metrô em troca de chegar mais rapidamente ao seu destino”, afirma o pesquisador.

Deslocar a cidade

Elkin Velasquez, da ONU, completa dizendo que embora inverter a lógica de incentivos ao transporte seja fundamental, é preciso que haja, ao mesmo tempo, um melhor planejamento urbano. É necessário, segundo ele, deslocar os empregos e atividades econômicas para as regiões periféricas para que as populações que residem nessas áreas não precisem cruzar a cidade diariamente.

“Se o cara precisa se deslocar 30 km para chegar ao trabalho dele, não importa que haja metrô, ele vai preferir ir de carro”, explica.

Ele destaca ainda outras medidas que poderiam ser tomadas no curto prazo para melhorar a fluidez nos centros urbanos: horários de trabalho mais flexíveis, incentivo ao compartilhamento de carro para ir ao trabalho e pedágio para entrar em certas regiões da cidade. Além disso, outro caminho é dar mais espaço aos pedestres e bicicletas.

Fonte: Revista Exame

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