O ano de 2024 tem apresentado dados preocupantes no que diz respeito aos sinistros e óbitos relacionados ao trânsito. Somente no mês de maio, exatamente o mês em que a atenção no trânsito é o foco mundial por meio da campanha do “Maio Amarelo”, os dados de mortes no Espírito Santo tiveram um salto assustador, com quase o dobro de mortes do que no mesmo mês do ano passado. Sensível a esse cenário, o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran/ES) reuniu, na última terça-feira (25), representantes de diversos órgãos relacionados ao trânsito para que juntos possam adotar medidas com o objetivo de reduzir os números.
O diretor geral do Detran/ES, Givaldo Vieira, iniciou a agenda destacando, estarrecido, os dados de mortes do último mês, quando foram registradas 109 mortes no Estado.
“Esse número é inaceitável! E não estamos falando apenas de dados, estamos falando de vidas. Daqueles que se foram e daqueles que perderam alguém, porque os familiares e amigos também perdem um pouco de suas vidas. Precisamos unir forças para diminuir essas mortes. Não podemos aceitar com normalidade um aumento de 88% no número de mortes, quando comparamos o mês de maio de 2024, com o mês de maio do ano passado”, disse.
“A integração dos gestores de trânsito na defesa da vida é uma estratégia necessária para reforçar a visão do trânsito como um sistema complexo e com muitos atores envolvidos dentro das respectivas esferas de atuações. Quando unimos esforços, ao invés de apontarmos responsáveis, o resultado tende a ser positivo para todos e especialmente para a vida. Portanto, ouvir a todos, somar forças, agir de maneira coordenada e conjunta nos enche de expectativa e esperança para mudar a realidade do trânsito capixaba para melhor. A reunião foi muito proveitosa e deve gerar muito em breve ações efetivas para a segurança viária”, salientou Jederson Lobato, gerente de Fiscalização no Trânsito do Detran/ES.
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo (PRF-ES), Wermeson Pestana, reforça a importância dessa iniciativa do Detran/ES de reunir as forças de segurança viária. “Estiveram aqui reunidas várias dessas forças, as polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal, guardas municipais, todos juntos buscando alternativas para que possamos reduzir os alarmantes números de mortes e apresentar um resultado positivo para a sociedade”, destacou.
Durante a reunião, gestores e agentes de trânsito se comprometeram em se unir e arregaçar as mangas para reverter a situação desses índices negativos no Espírito Santo.
Muitos deles falaram da importância de trabalhar a educação no trânsito. Vários órgãos e municípios já fazem isso para públicos distintos, que vai desde as crianças que, futuramente, serão condutores, àqueles que já estão no dia a dia vivendo o trânsito.
“Integração com foco no resultado. Ou seja, foco na preservação de vidas. Esse é o objetivo principal do nosso trabalho. Hoje, nós temos sistemas operacionais que nos permitem compilar dados, montar um perfil para uma atuação mais assertiva. Mas na Serra temos percebido que é importante trabalhar a educação no trânsito nas escolas, trabalhar com crianças e adolescentes, pois eles acabam cobrando uma nova postura dos pais e responsáveis. Além disso, temos nos esforçado para aumentar a atuação dos agentes nas ruas. Percebemos que, quando o cidadão tem a certeza de que estaremos nas ruas, automaticamente ele passa a se comportar melhor no trânsito”, destacou o diretor do Departamento de Operações de Trânsito (DOT) da Serra, Fábio Alves.
Jederson Lobato, o gerente de Fiscalização do Detran/ES, complementou a fala de Alves, destacando a responsabilidade dos integrantes do trânsito.
“É importante ressaltar que mais de 90% dos sinistros de trânsito poderiam ser evitados. Então, o fator comportamental, a tomada de decisão individual de cada condutor, pedestre e ciclista pode ser determinante para a ocorrência e a gravidade do acidente. Assim, a educação deve ser alinhada a uma fiscalização presente e incisiva para educar, mas também responsabilizar e reprimir as condutas potencialmente causadoras de riscos nas vias públicas”, frisou.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), comandada pelo delegado Mauricio Rocha, falou da frustração que a legislação traz para os agentes envolvidos nas operações de fiscalização de trânsito. “Uma grande fragilidade nas ações de trânsito está quando prendemos um cidadão que cometeu um crime e, no final do dia ou na manhã do dia seguinte, ele é posto em liberdade. É importante destacar que qualquer um pode vir a ser uma vítima de um crime de trânsito, pode ser eu, nossos familiares e amigos ou qualquer um de nós que aqui está. Sem alterações legislativas, esse mau condutor, esse criminoso, vai voltar a dirigir e a cometer crimes de trânsito, podendo fazer novas vítimas”, disse.
Mas o delegado fez questão de dizer que parcerias como a que já acontece com o Detran/ES e diversos outros órgãos ajudam a equipe da DDT a ter força, motivação e energia para acreditar e seguir em frente realizando o trabalho da melhor maneira possível.
Próximos passos
Após todas as explanações, análises de dados e compartilhamentos de ideias, as forças de segurança presentes entenderam que uma medida importante é reativar o programa Força pela Vida.
Criado em 2019, o programa tem o papel de reforçar a fiscalização com foco na proteção à vida das pessoas, de forma contínua e integrada, bem como contribuir, por meio da educação de trânsito, para a melhoria dos padrões de comportamento de motoristas.
Novas conversas serão realizadas com o objetivo de reestruturar o Comitê Integrado que planeja assim como executa as operações. “Uma coisa é certa, o cidadão capixaba será o maior beneficiário de todo esse planejamento. Ou seja, estamos focados em salvar vidas!”, reforçou Givaldo Vieira, diretor geral do Detran/ES.