Já parou para pensar por que governos estaduais e federais realizam a duplicação de pista? Para responder a essa dúvida, convocamos um especialista no assunto. Confira a seguir quais benefícios uma duplicação pode trazer à população do entorno.
Porém, antes de detalhar mais esse assunto, vale ressaltar que o transporte rodoviário é responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e 95% dos passageiros no Brasil.
Apesar desse alto fluxo e da importância desses transportes, infelizmente cerca de 67,5% das rodovias do país estão classificadas como “Regular”, “Ruim” ou “Péssimo”. Os dados da Confederação Nacional do Transporte também mostram que apenas 32,5% das rodovias brasileiras possuem classificação como “Ótimo” ou “Bom”.
Afinal, por que precisa duplicar uma pista?
De acordo com Hugo Alexander Martins, professor de Engenharia Civil da Universidade Positivo, a duplicação visa aumentar a quantidade de faixas para que mais veículos trafeguem para o mesmo sentido com fluidez e segurança.
“Assim sendo, com maior número de faixas disponíveis, a capacidade da via também aumenta, melhorando o fluxo e diminuindo os pontos com lentidão – que normalmente ocorrem em pistas simples. Isso em função do tráfego de veículos pesados”, destaca.
Porém, Martins alerta que o aumento da capacidade da via deve ser respaldado de acordo com as condições de tráfego.
“Se em termos visuais há um carregamento excessivo, se faz necessário planejar a duplicação. Isso inclui desde o levantamento do volume de tráfego e a medição da capacidade viária real, até a análise das condições da região”, detalha.
De acordo com o especialista, pontos concentrados de acidentes também podem influenciar da decisão por uma duplicação.
“Se em determinada região há uma característica mais perigosa, combinado ao modo de condução veicular pelos motoristas, a duplicação de uma via não reduz os acidentes. Contudo, nestas regiões, pode-se ordenar melhor o fluxo e com isso, acidentes oriundos de ultrapassagens proibidas podem ser reduzidos substancialmente”, explica Martins.
Quais são os passos para se duplicar uma pista?
De acordo com o professor Martins, antes de se iniciar uma duplicação, deve ser realizado a topografia do local para estudos subsequentes de viabilidade técnica e econômica.
- Primeiro é verificado o nível de serviço da vida (avaliação qualitativa de condições de tráfego existentes).
“Variando desde o nível ‘A’, com condição de fluxo livre, até o nível ‘E’, que representa o colapso viário. Em outras palavras, caso uma rodovia chegue ao nível ‘E’, um condutor pode passar próximo de 100% do seu tempo de viagem em trechos de velocidade lenta, arrasto por veículos pesados e baixa velocidade média”, esclarece o professor.
- Depois, outro passo importante é fazer a avaliação do nível de serviço (que medirá condições de tráfego).
De acordo com Martins, caso a análise do terreno não aponte a necessidade de duplicar toda a extensão da rodovia, “a inclusão de trechos com faixas adicionais pode se tornar uma medida paliativa”.
Vale destacar que as condições de tráfego são medidas ao se analisar o volume de tráfego na via em condições normais, sem acidentes ou realização de obras.
Quais são os benefícios na duplicação de uma pista?
Um dos benefícios da duplicação de pista é o aumento do nível de mobilidade com conforto e segurança aos condutores.
“No entanto, nem todas as vias precisam de tais características, devendo sempre existir análise contínua das condições de tráfego para que o emprego do recurso seja o mais adequado possível”, explica o professor Hugo Alexander Martins.
Outro benefício é chamado de “pelotão de arraste”. Esse fenômeno acontece quando há filas de veículos pesados circulando em uma pista simples e que não conseguem realizar ultrapassagens. “A duplicação de pista garante um deslocamento rodoviário mais seguro, mais veloz e que impacta em todos os serviços. Seja eles de lazer, indústria ou comércio”, finaliza o professor.
Você dirige por algum trecho que acredita que fluiria melhor com uma duplicação? Conte para nós aqui nos comentários!