Brasil ganha seu primeiro aplicativo de mobilidade elétrica interligando pontos de abastecimento elétricos


Por Pauline Machado

O objetivo é facilitar a vida dos usuários de carros elétricos e incentivar os consumidores brasileiros que desejam comprar um desses modelos.

No Brasil, 2019 foi um ano com recorde no setor de vendas de automóveis. Foram aproximadamente 10 mil veículos vendidos, entre elétricos e híbridos.

Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE, apontam que no primeiro semestre de 2020, as vendas de carros elétricos mais que triplicaram, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

De acordo com o levantamento, nos seis primeiros meses deste ano foram vendidos 7.568 veículos eletrificados no Brasil. Um aumento de 221% na comparação com o primeiro semestre de 2019, quando 2.356 exemplares de veículos zero emissão e híbridos plug-in foram emplacados.

Em nível mundial, o Relatório Bloomberg New Energy Finance (BNEF) 2019 projeta que as vendas de carros elétricos devem passar de 2 milhões para 56 milhões de unidades até 2040.

Além disso, a análise da Grand View Research, feita em 2018, avaliou o mercado mundial de infraestrutura de carregamento de veículos elétricos (EVC) em US$ 8,42 bilhões. Com taxa de crescimento anual de 32% nos próximos seis anos, o que resultará em um mercado de US$ 63,9 bilhões em 2025.

Integração de pontos de eletroabastecimento

Neste contexto, o Brasil acompanha essa tendência, ao ganhar o seu primeiro aplicativo de mobilidade elétrica.

Com o objetivo de facilitar a vida dos usuários de carros elétricos e incentivar os 65% dos consumidores brasileiros que desejam comprar um desses modelos, a Tupinambá – startup de eletromobilidade, desenvolveu o primeiro aplicativo de interligação de pontos de eletroabastecimento do país.

Davi Bertoncell é CEO da Tupinambá. Foto: Arquivo Pessoal.

Segundo Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá, a startup mira na criação de uma nova camada de serviços e possibilidades relacionadas à eletrificação veicular. A intenção é elevar o patamar de infraestrutura do segmento de carros elétricos para níveis compatíveis com os mercados mais consolidados. Como estão hoje Noruega, Estados Unidos e China,

De acordo com ele, trata-se de uma mudança sem precedentes na forma como lidamos com abastecimento. Pelo aplicativo, qualquer empresa pode cadastrar um ponto de eletrificação. Dessa forma, os donos de carros elétricos encontram carregadores ao longo de sua rota.

“Sai a figura dos postos de combustíveis convencionais, em que a cada 200km é necessária uma parada de cinco a sete minutos, e nasce uma nova era de serviços de abastecimento. Estes podem ser oferecidos por shopping centers e redes de varejo, além do próprio abastecimento doméstico”, evidencia.

Interesse dos brasileiros por carros elétricos

Juntamente com a prefeitura de São Paulo e a General Motors (GM), a startup foi uma das apoiadoras da Pesquisa Cidades Inteligentes 2019, realizada pela agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research.

O levantamento apontou que 82% da população brasileira compraria um carro elétrico caso sua cidade tivesse pontos de recarga (EVC) suficientes. Enquanto isso, 85% acredita que espaços comerciais, shopping centers e redes de varejo devem oferecer pontos de EVC como facility aos seus clientes.

“Com todo o cerco mundial a favor da redução da emissão de CO2, os carros elétricos já não são uma questão de se, mas sim, de quando. E pelos benchmarks  mundiais, sabemos que a mudança de matriz energética veicular passa por uma profunda necessidade de confiança do consumidor de que vão existir pontos de recarga suficientes para atender a demanda de abastecimento elétrico. Neste sentido, estima-se a necessidade de quatro pontos de recarga elétrica para substituição de um posto de combustível”, considera Bertoncello.

Estações de abastecimento elétrico

Além do aplicativo de interligação de pontos de eletroabastecimento, a Tupinambá prevê inaugurar, ainda neste ano, suas três primeiras estações de abastecimento elétrico. De acordo com Bertoncello, até o final de 2021, serão cem pontos. “Já sabedores de que o abastecimento elétrico não será capaz de promover retornos financeiros que compensem o investimento no curto prazo, vamos explorar comercialmente todas as nossas estações de eletrificação. Exibiremos telas de mídia OOH e outras iniciativas, para atrair público e marcas interessadas em fazer parte deste novo universo da mobilidade elétrica. Trata-se da maior iniciativa recente na busca do desenvolvimento sustentável em nosso país”, ressalta o CEO da startup.

 

Sair da versão mobile