Julgamento Carli Filho: jurados decidem que o crime é doloso (com dolo eventual)


Por Mariana Czerwonka

17h29 – O juiz diz que espera que esse resultado sirva de lição e de mudança de hábito no trânsito.

17h26 – O réu é condenado a 09 anos e 4 meses em regime fechado.

17h14– O juiz irá fixar a pena.

17h12 – Os jurados decidem que o réu é culpado por homicídio doloso, com dolo eventual.

17h07 – Os jurados também retornam.

17h04 – O juiz voltou ao Plenário.

16h32 – Os jurados se encaminham para a sala especial e sairão de lá com o resultado do julgamento.

16h30 – Algumas peguntas que serão respondidas pelos jurados: na madrugada do dia 07 de maio, Carli Filho praticou o fato descrito atingindo o eixo traseiro do Honda Fit? A conduta do acusado decorreu de imprudência dirigindo embriagado e em alta velocidade praticando assim homicídio culposo?

16h28 – Concluído os debates o juiz pergunta aos jurados se têm alguma dúvida.

16h25 – “Leandro obedeceu a regra de trânsito, parou no cruzamento. O condutor do Honda Fit não, ele contribuiu com a ocorrência do acidente”, afirmou Brzezinski.

16h22 – O defensor pergunta aos jurados se em um cruzamento eles agiriam como a testemunha Leandro Lopes Ribeiro que parou e olhou para ver se poderia atravessar a via, ou se agiriam como o condutor do Honda Fit que só diminui a velocidade e entra na via?

16h18 – Para o defensor é totalmente ilógico pensar que o réu prevendo a situação de morte dos rapazes, teria em seu consciente um sentimento de “tanto faz”. “Até porque ele poderia ter morrido no acidente”, afirma o advogado.

16h14 – A defesa cita uma tese de que uma agência de publicidade foi contratada para fazer uma investigação paralela a oficial nesse caso.

16h12 – O defensor tenta mostrar, através de fotos, que as avarias no Passat são incompatíveis com a de um veículo que arranca o teto de outro.

16h09 – A palavra é passada para o Dr. Roberto Brzezinski, que começa afirmando que o “boato” de racha foi criado para caracterizar a tese de dolo eventual.

16h05 – Todos que se debruçam sobre o tema são categóricos em dizer que um acidente de trânsito é um homicídio culposo. Se fosse um racha, ficaria caracterizado o dolo eventual.

16h02 – Alexandre Silvério mostra o vídeo de um depoimento de policial que afirma que haviam vestígios do acidente no cruzamento.

16h – O defensor compara Carli Filho com Jesus Cristo. E pediu para os jurados olharem as cicatrizes da face de Carli Filho.

15h59 – “Devemos analisar sobre outro ângulo, será que é justo impor uma pena muito mais grave ao qual o réu merece? O MP quer tentar transformar um homicídio culposo em um homicídio doloso”, argumenta Silvério.

15h53 – “O fato é que não existia racha, não existia filho de governador, existe uma pessoa que estava empreendendo certa velocidade e que, infelizmente, culminou com um acidente de trânsito”, diz Silvério.

15h50 – Há um debate entre Alexandre Silvério e Elias Matar Assad sobre o que é ou não é dolo eventual.

15h48 – O defensor Alexandre Silvério continua apresentando questões técnicas, que para ele, demonstram que o caso deve ser tratado como acidente de trânsito e não como homicídio com dolo eventual.

15h41 – De acordo com a defesa, o laudo conclui que a colisão não é traseira, é lateral traseira. Isso é suficiente para comprovar que o veículo de uma das vítimas (Fit) interceptou a trajetória do Passat.

15h37 – Dr. Alexandre Silvério começa sua explanação dizendo que o promotor está tentando confundir os jurados.

15h36 – A sessão é retomada com a tréplica da defesa.

15h21 – Intervalo de 10 minutos.

15h20 – O promotor finaliza se dirigindo às mães das vítimas, com palavras de conforto e justiça.

15h19 – O promotor diz que o dolo eventual não é extraído da mente do autor, mas das circunstâncias.

15h15 – O promotor mostra o vídeo com o depoimento do primeiro policial que atendeu a ocorrência.

15h12 – Os jurados deverão responder 4 perguntas para determinar se o homicídio é culposo ou com dolo eventual.

15h10 – Nós queremos ser a voz da sociedade e queremos justiça, afirma o representante do Ministério Público. Não estamos aqui para perseguir ninguém. “Qualquer um de nós pode ser vítima”, afirma.

15h08 – “Se houvesse um crime com culpa consciente, uma coisa escancarada, não estaríamos aqui nesse Plenário”, afirma o promotor Paulo M. Lima. “Por esse motivo é preciso levar em conta a gravidade dos fatos”, argumenta o promotor.

15h06 – O promotor pergunta a Christiane Yared quantas vidas ela salvou com suas palestras e afirma que é injusto quando dizem que ela se aproveitou do caso. Ele afirma ainda que já contribuiu financeiramente à ONG.

14h57 – O promotor diz que a conduta do réu não é culposa.

14h55 – Há uma discussão no Tribunal sobre o uso de uma régua usada pelo MP para medir o croqui dos autos.

14h32 – O promotor fala da demora do julgamento e diz que é preciso analisar um elemento importante que está nos autos: as vítimas só foram retiradas das ferragens após a Polícia Científica chegar ao local. O que se comprova que a perícia foi fidedigna ao que aconteceu. “Os peritos não estão do lado de ninguém, eles constataram o fato”, diz o promotor.

14h28 – O Ministério Público vem pedir à sociedade que responsabilize o réu por esse crime que foi muito grave.

14h24 – O assistente passa a palavra ao Ministério Público.

14h20 – Começa a réplica da acusação. Quem fala é o assistente de acusação Juarez Kuster. Ele inicia a sua explanação dizendo que a velocidade foi sim fator determinante, pois se Carli Filho estivesse a 60 km/h, ele poderia ter freado, ter desviado do outro Honda Fit, mas não o fez.

13h08 – Intervalo de uma hora.

13h02 – A defesa diz que Carli Filho tem que ser condenado, mas pela contribuição que ele deu ao resultado que aconteceu naquele cruzamento. Assim como o motorista do Honda Fit também contribuiu para causar o acidente, quando não parou no cruzamento.

13h – O defensor questiona porque não se fala disso? Dessa conduta ao chegar no cruzamento? Ele insiste com os jurados que o correto é ser cuidadoso e parar antes de adentrar à via.

12h57 – A defesa mostra, novamente, o depoimento da testemunha Leandro Lopes Ribeiro. Onde ele diz que o Fit reduziu a velocidade sensivelmente e entrou. A defesa alega que os dois carros chegam praticamente juntos, o Honda Fit não para e ele (Leandro) para, vê o Passat, e não atravessa o cruzamento. O defensor mostra o depoimento, nos autos, para os jurados.

12h52 – “Se o semáforo estivesse funcionando de quem seria a culpa? De quem estava em excesso de velocidade e embriagado ou de quem atravessou o sinal vermelho”, questiona o defensor. Ele mesmo responde que não teria dúvidas que é quem atravessou o sinal vermelho.

12h50 – A defesa pede a condenação de Ribas Carli, não a absolvição. Ele contribuiu com o acidente, pois de acordo com a Res,160 do Contran ele deveria ter reduzido a velocidade antes do cruzamento.

12h45 – Dr. Elias Matar Assad e Dr. Roberto Brzezinski discutem no Plenário.

12h44 – O assistente de acusação se exalta e diz que nada importa para a defesa e o acusado.

12h43 – A defesa mostra, novamente, o vídeo da câmera de segurança interna, e mostra que o veículo que vinha logo atrás do Fit parou e olhou à direita, diferente do que fez o veículo das vítimas, que apenas deu uma seguradinha e não parou. “A velocidade não importou no acidente, a embriaguez não importou”, diz o defensor.

12h42 – Brzezinski mostra, nos autos, um requerimento do assistente de acusação Elias Matar Assad, onde ele questiona a escolha dos peritos do Instituto de Criminalística.

12h37 – O advogado diz que o Ministério Público arrolou uma testemunha incorretamente de propósito, para não discutir os termos técnicos do acidente. O promotor pede um aparte e diz que não recorreu da decisão do juiz, para não adiar ainda mais o julgamento.

12h29 – O defensor lê os autos para comprovar que não havia disputa de racha na via, pois uma das testemunhas afirma que só havia o Passat no local.

12h27 – Brzezinski diz que falaram que o carro do ex-deputado era blindado, para tornar o crime mais grave, o que foi mais uma mentira criada pela agência de publicidade.

12h24 – De acordo com a defesa, uma agência de publicidade foi contratada para tornar o crime mais grave do que ele é. O defensor diz que foram criados factoides, como racha com filho do governador e velocidade de 190 km/h. “E o acidente aconteceu porque o Honda Fit não parou, infelizmente”, alega Brzezinski.

12h20 – Alexandre Silvério passa a palavra para o advogado Roberto Brzezinski.

12h19 – Para Silvério, a acusação tenta deslocar o local do acidente, afirma Silvério. O motivo seria para não mostrar que a vítima também contribuiu para a ocorrência do acidente.

12h – A defesa mostra uma reportagem sobre uma promotora que se envolveu em um acidente de trânsito, por estar dirigindo embrigada.

11h57 – A defesa cita vários estudiosos para tentar comprovar que acidente de trânsito não pode ser caracterizado como dolo eventual.

11h56 – De acordo com Silvério, em sua explanação, dolo eventual prevê a possibilidade de uma consequência, e mesmo assim, assume o risco. A defesa diz que não é dolo eventual, porque Carli Filho colocou em risco a própria vida.

11h52 – A defesa tenta mostrar aos jurados o motivo de o caso não poder ser caracterizado como dolo eventual.

11h51 – “A velocidade foi determinante, mas não tão determinante, para causar o acidente”, diz Silvério.

11h45 – O defensor faz a saudação aos jurados. E diz que o MP fugiu da principal questão discutida no Tribunal: se o caso refere-se a homicídio culposo ou doloso. E diz que dolo é vontade e ter conhecimento do que está fazendo, e culpa é não ter vontade, nem conhecimento.

11h39 – Começa a explanação da defesa, com a fala do advogado Alessandro Silvério. Carli Filho chora ao ouvir seu defensor.

11h16 – Intervalo de 10 minutos.

11h15 – “Não temos segurança pública, nem saúde, mas temos que mostrar que temos justiça aqui em Curitiba”, finaliza Assad.

11h14 – Para Assad, hoje será um dia histórico e o ex-deputado receberá os primeiros nãos da vida. Para ele, Carli precisa passar por essa pedagogia da justiça. Assad orienta como deve ser o voto para que Carli saia do Tribunal como culpado por homicídio doloso (com dolo eventual).

11h07 – De acordo com o assistente de acusação, o Passat não estragou por baixo (como mostrado pela perícia particular), porque o veículo atingiu o Honda Fit com o para-choque dianteiro, não com a parte debaixo. “Não tinha sangue na parte de baixo do Passat, mas tem sangue nesse plenário, tinha um cérebro no asfalto”, exalta-se o advogado.

11h05 – “Apenas o Leandro, que vinha no carro de trás conseguiu ver aquele carro que vinha como um “trem-bala”, não os meninos do Honda Fit, que já estava à frente”, diz Assad.

11h01 – Exaltado, Assad diz que a tese da defesa (de culpar as vítimas) não para em pé, “como não parava em pé aquele homem (apontando para Carli) no dia do acidente”.

11h – Para o assistente de acusação, o réu achava que a rua era dele, a cidade era dele e acha também que o Tribunal pode ser dele.

10h58 – Assad fala que o perito de São Paulo tentou pintar os paraenses como caipiras, inclusive perguntando se existia Universidade por perto. a defesa sempre tentou culpar as vítimas.

10h54– O vídeo, mostrado pelo assistente, é finalizado com uma frase de Christiane Yared dizendo que precisamos eleger governantes que amem e não destruam famílias.

10h46 – Elias Matar Assad, assistente de acusação, começa sua explanação mostrando reportagens à época do acidente.

10h43 – O promotor finaliza contando a sua história e diz que não tem nada contra a família do réu, mas tem tudo para com a sociedade e a família das vítimas.

10h39 – O laudo cadavérico mostra que as vítimas foram atingidas por trás.

10h38 – O promotor ressalta que quando o réu diz que ele diz que não saiu de casa para matar, sim, não saiu, isso seria dolo direto. O que houve foi que ele assumiu o risco de matar, que é o dolo eventual.

10h35 – O promotor pergunta aos jurados, se tivesse uma caçamba de detritos parada no local em que estava o Honda Fit, o acidente teria sido causado pela caçamba de detritos ou pelo excesso de velocidade do Passat?

10h34 – Dr. Marcelo Balzer diz que testemunha viu o carro levantar as quatro rodas do chão, e a perícia concluiu, calculando inclusive a distância.

10h33 – O promotor explica que quiseram arrolar o perito do Instituo de Criminalística do Paraná, mas o juiz indeferiu o pedido. E deferiu o pedido da defesa que trouxe o perito particular. O promotor tenta mostrar essa disparidade.

10h30 – O promotor destaca que Carli Filho não podia estar dirigindo (CNH suspensa), estava embriagado, foi advertido e trafegou pela cidade em excesso de velocidade, além de falar ao celular (foram 5 ligações registradas como mostram os autos).

10h25 – O promotor mostra uma reportagem do Fantástico que mostra como são feitas negociações fraudulentas entre empresas que gerenciam radares e órgãos públicos.

10h23 – O promotor mostra o levantamento dos radares do dia 06 de maio. A partir das 14h, os radares não registraram mais o veículo.

10h22 – A testemunha Yuri tinha a visão do quadrilátero do cruzamento e não viu o acidente.

10h18 – As imagens do acidente, falam por si só, não seria preciso ser perito.

10h18 – O promotor mostra aos jurados o motivo do crime ser tratado como dolo eventual.

10h15 – O promotor diz que Carli Filho foi alertado que não tinha condições de dirigir. E o que ele fez? Saiu e dirigiu. A partir desse momento, ele assumiu o risco de produzir uma consequência.

10h13 – Para o promotor, a questão da embriaguez está pacificada. Todos os relatos mostram que algumas pessoas tentaram impedir que o réu dirigisse.

10h07 – O réu, num vídeo virtual, assumiu que bebeu antes de dirigir.

10h06 – Como o réu agiu: “não vai dar nada”, diz o promotor.

10h02 – O réu dizia que o veículo era utilizado por várias pessoas, por esse motivo o número de multas era alto. Mas aí entra a malandragem, de acordo com o Promotor, pois o réu parou de usar o Land Rover, e passou a usar o veículo da mãe.

10h – O promotor alerta aos jurados que naquela noite, o ex-deputado não poderia estar dirigindo pois estava com a CNH suspensa.

09h55 – De acordo com o promotor, as famílias das vítimas não perdoam as consequências, pois desde 2009 sentem a dor de receber um filho morto na madrugada. Depois veio a dor da revolta por perceber que querem transformar as vítimas em culpados pela própria morte.

09h53 – O promotor destaca que o perdão pedido pelo réu, é utilizado apenas como uma tentativa de comover. Não é um arrependimento, é apenas um não querer assumir as responsabilidades pelo crime cometido.

09h45 – Começa a explanação do promotor Marcelo Balzer.

Christiane Yared chega ao plenário e abraça o advogado Elias Mattar Assad.

09h39 – Os jurados acabam de entrar no Plenário.

09h26 – Hoje, durante a explanação, caberá a defesa e a acusação convencer os 7 jurados se foi um acidente de trânsito ou se Carli Filho assumiu o risco de matar.

09h24 – Já estamos no plenário do Tribunal do Júri de Curitiba. O julgamento ainda não foi retomado.

Já é grande a movimentação no Tribunal do Juri de Curitiba.

A equipe do Portal está fazendo a cobertura ininterrupta desde ontem (27) e só acabará seu trabalho quando houver a decisão final dos jurados.

Veja o resumo do que aconteceu no primeiro dia de julgamento.

O caso

Era madrugada do dia 07 de maio de 2009. Gilmar Rafael Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, voltavam de um shopping e seguiam em um Honda Fit branco. No outro veiculo, Luiz Fernando Ribas Carli Filho, 26, na época deputado estadual, havia saído de um restaurante e estava alcoolizado. Carli Filho estava no Passat SW preto e dirigia com a carteira de habilitação suspensa. Com 24 multas por excesso de velocidade, cinco delas na rua do crime que tem velocidade máxima permitida de 60 km por hora.

O Honda Fit branco freou e entrou devagar na rua quando o Passat preto do deputado que, devido à velocidade e o desnível da rua, decolou. Voando, colidiu com o primeiro carro e veio a capotar. Ao passar sobre o carro branco, decapitou Carlos e Gilmar.

Em 2014, depois de transformar a perda do filho em causa, Christiane Yared foi eleita deputada federal, sendo a candidata mais votada no Paraná. Na política ela tenta transformar a dor em uma luta constante contra  a impunidade.

 

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