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Autoescola forma motociclistas despreparados


Por Mariana Czerwonka Publicado 18/02/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h18
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Má formação dos motociclistas nas autoescolas

Frota se aproxima de um milhão de motos e futuros condutores reclamam da má formação para trânsito

São Paulo recebeu no ano passado 226 novas motocicletas, em média, por dia. Boa parte desses veículos é guiada por novos condutores, que acabam saindo das autoescolas mal preparados. Uma rápida verificação nos números oficiais de mortes no trânsito desse público é o suficiente para entender por que a opinião sobre a má formação é compartilhada por alunos, instrutores, autoescolas, motoboys e, mesmo de forma velada, pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo).
Em janeiro deste ano, a frota de motos na capital chegou a 998.340 unidades. E só em 2013 foram colocados em circulação 82.540 novos veículos do tipo, dentre emplacamentos e transferências. No último levantamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), de 2012, acidentes de trânsito mataram 438 motociclistas – média de mais de um óbito por dia.
“O curso (das autoescolas) é péssimo. Até por isso, vou evitar ao máximo as marginais”, diz o economista Rafael Gindro, de 28 anos. Habilitado há dez, ele se cansou do trânsito da cidade e resolveu aderir à moto para economizar tempo.
“Tenho um amigo que tirou carta e achou que já era profissional. Quebrou a perna e uma costela no primeiro acidente. O jeito é pegar o documento e treinar perto de casa”, afirma o pedreiro João Batista da Silva, de 31 anos, aluno de autoescola em Pirituba, na Zona Oeste.
O instrutor Diego dos Santos Dimas, de 25 anos, admite que a legislação exige pouco nos exames. “O que o Detran quer é equilíbrio e não necessariamente habilidade”, diz.
É a mesma opinião do também instrutor Adriano Dornelas. “O aluno não sai da primeira marcha tanto no curso quanto na prova”, explica.
O Detran diz que apenas segue determinações do Conselho Nacional de Trânsito. Porém,  ambos os órgãos admitem discutir melhorias na formação do motociclista.
Análise
Segundo Flamínio Fichmann, arquiteto, urbanista e consultor de engenharia de tráfego tantas mortes não são surpresa. Para ele, é absolutamente insuficiente o que se ensina nas autoescolas. A dificuldade no exame deveria ser proporcional à periculosidade no trânsito. Soma-se o caos nas ruas à total omissão do poder público aos veículos de transporte individual. Sou a favor de faixas e corredores exclusivos para ônibus. Mas não dá para ignorar as motos. É um veículo barato, adquirido principalmente por jovens trabalhadores da periferia. Lá as distâncias para tudo são maiores e o transporte público é muito ruim. Por isso, o crescimento no número de motos e  de acidentes com os condutores infelizmente não é surpresa.
‘Quando vejo um novato na frente, mantenho distância’
Para o Sindimotos, sindicato que representa a categoria dos motoboys, os novos motociclistas acabam prejudicando o trânsito e se envolvendo na maioria dos acidentes. O presidente Gilberto Almeida dos Santos, o Gil, diz que o sistema de treinamento e avaliação do Contran é fracassado. “Treinar usando só a primeira marcha é condenar o aluno. Eu consigo ver de longe se o colega à minha frente é experiente ou não.  Procuro manter distância dos novatos”, diz Gil.
O sindicalista, porém, não coloca a culpa somente nos recém-habilitados. Para ele, o mais grave é a ausência de políticas públicas e o estigma que os motoqueiros carregam.
“Precisamos parar de enxergar os motoboys como vilões. A moto é um veículo do bem. Não ocupa espaço, é rápida, barata e é a única coisa que se move em São Paulo.”

Fonte: Dia a Dia

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