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22 de dezembro de 2024

Instituto propõe excelência na formação de condutores


Por Mariana Czerwonka Publicado 11/12/2013 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h23
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Nunca se ouviu falar tanto em formação de condutores no Brasil como atualmente. Chegou-se ao consenso de que o processo de formação de condutores tem um papel fundamental na luta por um trânsito mais seguro.

Depois que a ONU proclamou a Década de 2011-2020 como sendo a “Década de Ação para a Segurança no trânsito”, os órgãos e entidades que trabalham com prevenção, sentiram-se convocados a fomentar projetos que auxiliem na redução de acidentes viários, o que inclui uma atualização no processo de Primeira Habilitação, com mudanças nas normas e regras para os cursos e otimização no desempenho dos Centros de Formação de Condutores envolvidos.

Pensando nisso, o Instituto Prevenir, braço social da Tecnodata Educacional – empresa pioneira em sistemas de aprendizagem para educação e segurança no trânsito – está propondo o Projeto “CEFC – Centro de Excelência de Formação de Condutores”. Esta iniciativa tem como objetivo não só dar ferramentas para os CFCs no que diz respeito a parte teórica e prática, mas também investir num acompanhamento do condutor depois que ele tira a Permissão Para Dirigir (PPD).

Para falar sobre isso, entrevistamos o diretor do Instituto Prevenir, o especialista em trânsito, Celso Alves Mariano.

Portal do Trânsito: Qual a importância de se modernizar o processo de formação de condutores no Brasil?

Celso Mariano – O primeiro e maior fator que nos leva a esse pensamento é que a violência do trânsito no Brasil vem, de forma significativa, do mau comportamento dos condutores. E nós acreditamos que um processo de formação de condutores eficaz é capaz de contribuir muito para mudar essa realidade.

Portal do Trânsito: Qual a origem das ideias que compõem o projeto CEFC?

Celso Mariano– Os dezesseis anos de dedicação da Tecnodata à programas de formação de condutores nos deram muita bagagem. Durante todo esse tempo nós vivemos intensamente esse processo, pudemos observar muitas coisas e tirar muitas conclusões. Colecionamos ideias e sugestões que agora foram agrupadas nesse projeto, que acreditamos representar um grande avanço em relação ao que temos hoje, em termos de Formação de Condutores. Algumas dessas ideias pudemos testar, em recente pesquisa realizada em parceria com a FAE (Faculdade de Administração e Economia) de Curitiba, o que nos encorajou a continuar.

Portal do Trânsito: Muito tem se falado sobre aumentar a carga horária dos cursos de primeira habilitação. Isso já não seria medida suficiente para aumentar a qualidade na formação de condutores?

Celso Mariano– É lógico que tudo que está sendo discutido e proposto atualmente pelo CONTRAN, como o aumento de carga horária e utilização obrigatória de simuladores, trarão algum resultado positivo, mas mesmo assim, penso que podemos contribuir muito, principalmente porque estamos partindo de um ponto diferente, que é quase uma quebra de paradigma.

Portal do Trânsito: Como é isso? Qual é esse outro ponto de partida?

Celso Mariano– Nossa experiência nos leva a crer que, fundamentalmente, o processo para a obtenção da PPD está razoável. Poderá, como mencionei, melhorar com nova carga horária, simuladores, etc. E poderia melhorar ainda mais com a adoção de uma avaliação mais rigorosa e criteriosa, tanto teórica quanto prática, o que também recomendamos, mas este não é o ponto central.

Acontece que nessa fase o candidato precisa incorporar os aspectos teóricos gerais de uma atividade complexa, além de desenvolver a habilidade mecânica de conduzir o veículo, o que não é pouco. Como acontece em muitos processos de aprendizagem, não há espaço suficiente para aprender tudo e ainda conquistar aquele aprimoramento que estamos procurando.

As pesquisas realizadas em parceria com a FAE vieram a confirmar isso: praticamente 100% dos CFCs entrevistados acreditam que o candidato aprovado ainda não está completamente preparado para enfrentar o trânsito; constatou-se ainda que os próprios aprendizes, em sua maioria, também consideram-se inseguros e apenas parcialmente preparados; e isso, as próprias autoridades de trânsito admitem, tanto que estão procurando formas de aprimoramento do processo. O próprio legislador, ao criar a lei, admitiu que o condutor não estaria completamente formado, ou não lhe entregaria uma permissão de caráter provisório.

O que fizemos foi simplesmente aceitar isso como verdadeiro e suficiente para essa fase, a de obtenção da PPD. O que constatamos, é que após obter a PPD, o novo condutor perde completamente o relacionamento com o CFC. Acreditamos que durante os 12 meses que separam a formação da obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – CNH, deveriam ser utilizados para aprimorar as habilidades do condutor, corrigindo suas deficiências e limitações. Esse período, hoje desperdiçado, poderia se transformar em uma experiência de aprendizagem riquíssima, quando o condutor já está livre do principal obstáculo: a preocupação única em passar no exame.

Portal do Trânsito: Como o Projeto CEFC pode se materializar, na prática?

Celso Mariano – O Projeto Centro de Excelência de Formação de Condutores é uma idealização do Instituto Prevenir, em conjunto com a Tecnodata Educacional, para possibilitar o uso de ferramentas que contribuam com os Centros de Formação de Condutores na tarefa de formar melhor o condutor. O projeto visa a qualificação dos novos condutores e, numa segunda fase, o aprimoramento de quem já está habilitado e quer ou precisa se aperfeiçoar.

É importante deixar claro que nem o Instituto Prevenir e nem a Tecnodata têm a intenção de abrir um CFC ou de entrar neste ramo. A intenção é levar aos nossos parceiros, os CFCs, um Centro de Referência onde eles possam buscar aperfeiçoamento tanto no modelo educacional quando no modelo de gestão e marketing. E também, um maior apoio e qualificação aos instrutores, através de parceiros de relevância.

Resumindo, nós estamos propondo uma nova metodologia que aperfeiçoa ainda mais o aprendizado teórico e prático, e instrumentaliza completamente o CFC para ministrar cursos complementares durante o período que o condutor estiver portando a PPD.

Portal do Trânsito: Quer dizer que o projeto inclui um acompanhamento do candidato após ele tirar a PPD? Como isso funcionará e por que você acha importante este acompanhamento?

Celso Mariano- O Instituto Prevenir entende que há um trabalho muito importante a ser feito após o candidato obter a PPD. Muitos passam este primeiro ano amargando inseguranças, temores, despreparo e até evitando dirigir, à espera da CNH. Outros se aventuram em situações que desconhecem completamente, como dirigir em estradas e rodovias, por exemplo. Esse novo condutor precisa, e merece, ter no CFC a possibilidade de estender o seu aprendizado. O primeiro ano de habilitação tem sido, dadas a falta de ideias, recursos e iniciativas, pouco ou nada aproveitado. É um desperdício sem sentido. E não há nenhuma necessidade ou limitação que justifique isso. Nossos estudos mostram que os recém- habilitados querem, mas não há oferta.

É preciso investir em algo que possibilite o acompanhamento nesta fase importante da formação do condutor. A faixa etária que mais está envolvida em acidentes no Brasil é, justamente, a de 18 a 25 anos. Ou seja, o maior grupo de risco coincide com a faixa etária mais significativa dentre os alunos dos CFCs. E todos estamos, há tempos, com uma sensação de quase certeza de que o novo condutor vai aprender mesmo, na prática, depois da CNH.

Com um trabalho focado neste sentido, é possível diminuir a participação em acidentes e o número de mortes de jovens inexperientes no trânsito e também, numa outra escala, reduzir o número de pessoas que não conseguem obter a CNH por terem cometido infrações durante o período de PPD. Com um trabalho complementar de educação neste período, todos saem ganhando. Condutores se aprimoram, CFCs ampliam seus negócios e a sociedade ganha um trânsito melhor e mais humano.

Portal do Trânsito: Celso, fale um pouco mais sobre o Instituto Prevenir.

Celso Mariano – O grande objetivo do Instituto Prevenir, que também atua em outras frentes, é, na área de mobilidade, a humanização do trânsito. A Tecnodata pesquisa, desenvolve, produz e atende a demanda de produtos, enquanto que o Instituto Prevenir elabora, propõem e viabiliza projetos educacionais.

Nosso compromisso, tanto do Instituto Prevenir quanto da Tecnodata Educacional, é com a qualidade na formação dos condutores, ajudando nossos parceiros, os CFCs, a cumprir a sua missão tanto na utilização da melhor metodologia de ensino como também numa eficiência cada vez maior na gestão do seu negócio.

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