Preço do seguro deve cair 25% com lei do desmanche
O preço do seguro do carro no Grande ABC deve cair. Essa é a expectativa do setor com novas legislações federal e estadual que regulamentam a atividade de desmanche e que têm como objetivo coibir crimes de roubo e furto de veículos. A redução do custo das apólices deve girar em torno de 25%, estima Arnaldo Odlevati Júnior, ex-diretor regional do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros) e sócio da Odlevati Corretora.
“Tudo vai depender da intensidade da fiscalização realizada nos desmanches (a cargo da Polícia Civil). E também de quanto a medida vai inibir furtos e roubos. Estimo redução de 25% porque, na composição do preço do seguro, leva-se em conta, ainda, os índices de colisão, de reposição de peças – que são afetados, por exemplo, pela alta do dólar – e de danos causados por enchentes”, justifica o especialista.
Em 1º de julho entra em vigor lei sobre o tema no Estado de São Paulo que foi sancionada pelo governador Geraldo Alckmin em janeiro, e que estabelecia 180 dias para os estabelecimentos do ramo de peças de carros desmontados se adaptarem às novas normas.
Entre as exigências fixadas estão que essas empresas tenham registro de todos os veículos adquiridos e seus componentes, que devem ser identificados por notas fiscais eletrônicas e por sistema de rastreabilidade – gravação nas peças e partes, para que o governo estadual tenha informações sobre cada etapa do processo de desmontagem, da compra do veículo em leilão, por exemplo, até a venda ao consumidor final.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, na Argentina, onde medida semelhante foi implantada, os índices de roubo e furto de veículos caíram 50%.
Segundo o assessor do Sindseg-SP (Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo) Adhemar Fuji, a perspectiva é positiva, pois a regulamentação ajudará a combater o crime dos ‘salvados’ (termo que designa os carros que tiveram perda total, ou que não compensa o conserto, e que são ‘recuperados’ com peças de modelos semelhantes roubados).
O diretor regional do Sincor-SP, Sady José Viana Sobrinho, tem avaliação semelhante, ao citar a forte relação entre o volume de roubos e os preços do seguro. “Deveremos sentir (os reflexos) daqui a uns três meses”, estima.
A questão é importante especialmente para o Grande ABC, onde o índice de roubos e furtos de veículos vem em escalada. No primeiro trimestre, foram 6.706 ocorrências desses tipos, 22% mais que no mesmo período do ano passado. Só em São Caetano, a alta foi de 50%. Por causa desses crimes, também estimulados pelo fácil acesso às rotas de fuga, que cruzam as cidades da região, como a Via Anchieta e a Av. dos Estados, tradicionalmente é mais caro ter o veículo segurado no Grande ABC do que na Capital.
O Sindseg participou do grupo de trabalho criado para a concepção da nova lei. Fuji cita que um dos focos foi envolver diversos órgãos para o controle do desmonte: além da fiscalização feita pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), haverá o acompanhamento pelas secretarias da Fazenda, de Segurança Pública e do Meio Ambiente. Uma das regras é que itens de segurança (como sistema de direção, freios e airbag) não podem ser comercializados, e há necessidade de retirada de líquidos contaminantes.
Fonte: Diário do Grande ABC