Apesar de resultar em multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira, dirigir falando ao celular ou com fones de ouvido conectados ao aparelho é hábito entre os motoristas brasilienses. De janeiro a agosto deste ano, foram registradas 33,7 mil notificações dessa natureza. Um aumento de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 32,1 mil autuações com base no mesmo artigo. O total de multas no DF também apresentou leve acréscimo. De janeiro a agosto de 2013 foram 1,67 milhão de notificações, contra 1,68 milhão em 2014.
O Código de Trânsito, no entanto, não prevê penalidade para quem utiliza a tecnologia bluetooth, que permite comunicação a distância com o telefone celular do condutor, por meio do sistema de som. “É um sistema excelente, pois o motorista pode falar ao telefone sem tirar as mãos do volante. É o mesmo que conversar com uma pessoa dentro do carro”, acredita a motorista de van escolar Edvanir Gomes, 38.
Conduta reprovada
Mas especialistas em educação no trânsito discordam e acreditam que essa tecnologia também provoca distração no condutor. “Falar ao dirigir tira a atenção do motorista, por mais que esteja com as mãos livres. Esse tipo de equipamento não é recomendado porque permite burlar a lei”, alega David Duarte, especialista em trânsito da Universidade de Brasília (UnB).
Para Duarte, apesar de crescente, o número de multas divulgado pelo Departamento de Trânsito (Detran) não reflete a realidade das ruas. “Um estudo da Universidade de Brasília revela que, a cada dez mil motoristas que falam ao celular, somente um é flagrado pela fiscalização. Falta uma atuação mais rigorosa dos órgãos competentes, além de campanhas educativas”, adverte.