Insegurança a bordo de ônibus nas estradas
Blitz do DIA constatou que dois em cada três passageiros não usam o cinto de segurança. Motoristas não orientam nem fiscalizam a utilização do acessório
Feriadão à vista e insegurança a bordo. A Blitz do DIA na Rodoviária Novo Rio constatou ontem que dois a cada três passageiros não usam cinto de segurança em viagens intermunicipais dentro do estado. Nove dias após trágico acidente com ônibus que matou 15 pessoas na Rio-Teresópolis, altura de Guapimirim, a irregularidade passa longe da fiscalização de motoristas, que não orientam viajantes e tampouco verificam o uso do equipamento antes da partida.
Na viagem com destino a Teresópolis, da empresa Teresópolis, um aviso atrás da cabine do motorista pede o uso do cinto de segurança apenas “se sua poltrona tiver o equipamento disponível”. Na viagem das 14h, todos os assentos tinham cintos abdominais acessíveis. Dos 18 passageiros a bordo, só oito declararam utilizar o equipamento. Os outros 10 disseram que o cinto causa desconforto.
Na empresa Costa Verde, em viagem a Angra dos Reis, os 25 embarcados estavam sem cinto. Antes de o ônibus partir, um funcionário foi ao corredor contar o número de passageiros mas não deu orientação de segurança. Vinte e uma pessoas foram ouvidas pelo jornal mas só cinco disseram usar cinto e apenas quando o ônibus chega à estrada. “Coloco o cinto só quando o ônibus toma velocidade na estrada”, entrega a aposentada Marli Soares, 65.
A passageira Luciana Chaves, 25, que chegou da Região dos Lagos pela Auto Viação 1001, empresa responsável pelo ônibus que despencou de ribanceira na Rio-Teresópolis, disse que o motorista exigiu o cinto. “Ele falou que seria multado se alguém ficasse sem cinto e todos colocaram”.
Com cinto: 75% a mais de segurança
No desembarque da Costa Verde, o passageiro Carlos Francisco Carvalho, 44 anos, foi mais um a ignorar o uso do acessório que reduz em 75% o risco de mortes e lesões graves em acidentes, segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Carlos viajou de Itacuruçá, em Angra dos Reis, até a Rodoviária Novo Rio sem cinto: “Não fomos orientados a colocar o cinto em nenhum momento da viagem. Eu também não me liguei de usar porque a viagem é muito rápida”.
Mortes no trânsito no Rio de Janeiro voltam a subir, alerta dossiê do ISP
Sinal amarelo no trânsito do estado: pelo segundo ano seguido, o Rio registrou aumento no número de mortos em acidentes nas cidades e nas estradas. O Dossiê do Trânsito de 2011, divulgado ontem pelo Instituto de Segurança Pública, contou 2.512 óbitos em acidentes. Em 2010, foram 2.400 mortos.
O total só não supera o de 2008, quando se contaram 2.753 mortes no estado. Já a quantidade de feridos em ocorrências de acidente de trânsito é a maior desde 2008, segundo o ISP. Naquele ano, foram 40.849 vítimas. Em 2011, 46.734 se lesionaram. A Avenida Brasil continua no topo das vias mais perigosas da capital, com 2.307 acidentados no ano passado. Depois, vêm as avenidas das Américas, na Barra, e Presidente Vargas, no Centro, com 826 e 460 vítimas, respectivamente.
O estudo recomendou maior atenção ao uso de cadeirinhas infantis. Em capotagens, 6% dos mortos têm até 5 anos de idade. O relatório também cruzou dados das vítimas com o tipo de acidente. Mais da metade dos atropelados é de crianças e adolescentes, com destaque para a faixa dos 6 aos 11 anos, com 38,5% das vítimas. Idosos com mais de 60 anos são 42% dos atingidos.
Fonte: O Dia Online