Estudo aponta que trânsito brasileiro ainda mata muito mais que o de países desenvolvidos

O estudo mostra que apesar dos avanços na área do trânsito, o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente.


Por Mariana Czerwonka
Estudo sobre o trânsito
O estudo mostra que apesar dos avanços na área do trânsito, o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente. Foto: xload para Depositphotos

Sinistros de trânsito têm um impacto significativo na sociedade, com vidas perdidas, famílias desfeitas e comunidades afetadas e o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, apresentando taxas de mortalidade nos transportes ainda muito altas. É o que aponta o estudo Morbidade nos Transportes presentes no Ranking de Competitividade dos Municípios, divulgado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), feito por Daniel Duque, gerente de Inteligência Técnica do CLP e Pedro Trippi, coordenador de Inteligência Técnica do CLP.

De acordo com a publicação, o Brasil, desde o ano de 2014, vem apresentando redução das mortalidades nos transportes, revertendo a tendência de crescimento que vinha desde o ano de 2000. A taxa analisada é de acidentes fatais por 100 mil habitantes, conforme é possível ver no gráfico abaixo.

Fonte: Elaboração dos autores com dados da OMS

Apesar dessa tendência de queda, a taxa brasileira ainda está muito distante da taxa dos países desenvolvidos. Isso mostra, conforme o estudo, que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer.

Fonte: Elaboração dos autores com dados da OMS

O estudo também comparou o Brasil com os países da América do Sul. A conclusão é de que, em termos de mortalidade nos transportes, nota-se que a performance brasileira no tema é média.

“Assim, apresentamos mortalidade nos transportes mais elevada do que países como Colômbia, Chile, Uruguai e Argentina. Por outro lado, temos melhor performance do que países como Venezuela, Paraguai, Bolívia e Equador”, diz a pesquisa.

Veja demonstração no gráfico abaixo:

Fonte: Elaboração dos autores com dados da OMS relativos ao ano de 2019

Dados por região

O estudo também mostra que a região Sul do Brasil se destaca como a que apresenta maior número de cidades com menos de 50 internações por acidente de transporte por grupo de 100 mil habitantes. Assim, dos municípios da região com população acima de 80 mil habitantes, 46,38% apresentam Morbidade nos Transportes abaixo de 50 por grupo de 100 mil. Em nenhuma outra região verifica-se essa quantidade de municípios com morbidade nos transportes abaixo de 50.

A publicação ressalta que nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste ocorreu aumento do número de municípios com taxas de internação decorrentes de acidente de transporte acima de 150 quando se compara com as taxas de 2020. Assim, naquele ano, as regiões mencionadas acima apresentavam, respectivamente, 18,58%, 25% e 46,43% de seus municípios, de acordo com o critério populacional utilizado pelo CLP, com Morbidade nos Transportes acima de 150. Já na edição de 2023, esses números passaram para 24,87%, 31,11% e 57,14%.

“Nesse sentido, quando analisamos o conjunto total de cidades presentes na amostra, notamos que o número de municípios no país com Morbidade nos Transportes acima de 150 passou de 23,70% em 2020 para 29,23% em 2023”, afirma o estudo.

Em termos de Mortalidade nos Transportes, a região com melhor performance, conforme o Ranking, é a Sudeste, na qual menos de 20% das cidades apresentam mortalidade acima de 20 por grupo de 100 mil sendo que em todas as demais regiões o número de municípios com Mortalidade nos Transportes acima de 20 está próximo ou passa de 40%, chegando a 57,14% no Centro Oeste, 44,74% no Norte, 38,57% no Sul e 42,22% no Nordeste.

Estudo aponta soluções para o trânsito

O estudo mostra o que alguns governos já estão fazendo e outros precisam fazer para melhorar esses números e reduzir o número de mortes no trânsito. As soluções passam por quatro eixos:

Leis de segurança

Os governos devem implementar leis que visam melhorar a segurança nas vias. Essas leis incluem limites de velocidade, leis contra dirigir embriagado e leis que exigem o uso de cinto de segurança e cadeirinhas para crianças.

Melhorias na infraestrutura rodoviária

Os governos precisam investir na melhoria da infraestrutura viária para reduzir o risco de acidentes. Medidas como a construção de estradas melhores, a adição de recursos de segurança como rotatórias e a instalação de barreiras que separam o tráfego que vem em direções opostas podem ajudar a prevenir sinistros.

Campanhas de educação

Educar o público sobre os riscos associados aos acidentes de trânsito e as medidas que podem tomar para reduzi-los é fundamental. Campanhas que incentivam práticas de direção segura, como evitar dirigir distraído e usar cinto de segurança, podem ser eficazes na redução do número de sinistros.

Fiscalização

Os governos devem fazer cumprir as leis de trânsito por meio de fiscalização, equipamentos medidores de velocidade e outras medidas. Essas medidas de fiscalização podem atuar como um impedimento e incentivar os motoristas a seguir as regras.

“Além das medidas mencionadas acima, também é importante a adoção de políticas públicas que objetivem melhorar a segurança dos veículos e o atendimento pós acidente”, finaliza.

Veja dados do estudo completo, clique aqui.

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