Desde 2019 o Brasil interrompe uma sequência de quedas nos índices de mortes e sinistros de trânsito

Conforme especialista, decisões tomadas a partir de 2018 tiveram como resultado uma desacreditação no SNT e o aumento da violência no trânsito.


Por Mariana Czerwonka

Dados preliminares divulgados pela PRF mostram que, no ano passado, a proporção de mortes se manteve em relação a 2022. Em 2023 foram registrados 67.626 sinistros e 5.621 óbitos, ou seja, uma morte a cada 12 acidentes. “O excesso de velocidade, um dos sintomas do aumento da violência viária e da imprudência, está diretamente relacionado à letalidade dos sinistros de trânsito”, afirma o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.

Tendência de alta nos índices de mortes no trânsito

A análise mais cuidadosa da série revela que, a partir de 2019, o Brasil interrompeu uma sequência de quedas nos índices de sinistros e mortes. Nesse sentido, passou a registrar aumentos anuais na violência viária.

“A partir de 2018 assistimos a uma tentativa de desmonte das políticas públicas de segurança viária, com a redução das fiscalizações presenciais e de controle de velocidade nas rodovias e o flexibilização das leis de trânsito em 2020. Esse atual cenário é a junção do populismo no trânsito e da falta de intervenção séria em nossas rodovias, e o números de vidas perdidas revelam o resultado dessa desacreditação coletiva do Sistema Nacional de Trânsito. Esse quadro só mudará com a revogação dos inúmeros retrocessos cometidos e o resgate da valorização da posse da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)”, comenta Coimbra.

Rodovias que perdoam

Conforme avaliação do diretor da Ammetra, reverter essa tendência dos índices de mortes no trânsito passa pelo reforço da fiscalização, das ações de educação no trânsito e investimento na infraestrutura viária. “O fator humano é responsável por 90% dos sinistros. Uma política pública que pretende salvar vidas deve fazer intervenções nas vias que reduzam ou minimizem os riscos de acidentes, o que chamamos de rodovias que perdoam. Essa expressão se usa para referenciar rodovias projetadas para reduzir os danos provocados por eventuais falhas humanas. É preciso atuar em diversas frentes para obtermos um resultado consistente na diminuição dessas mortes evitáveis”, completa o diretor.

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