De 2008 a 2012 dobrou a quantidade de mulheres que são motociclistas em Campo Grande, um número que saltou de 10.837 para 22.660. E não é difícil de entender que o medo de encarar o trânsito de moto fica menor ao ver o preço da passagem, a segunda mais cara do Brasil.
A conta é simples. A passagem, que custa R$ 2,85 é o mesmo preço de um litro de gasolina, que chega a render por 40 quilômetros em uma motocicleta 50 cilindradas, a preferida do público feminino. Uma moradora do Jardim Imá que trabalhe no Centro, por exemplo, pode se deslocar por três dias, indo e voltando do serviço, pelo mesmo preço de apenas uma viagem de ônibus. Gerente de uma concessionária de motos, Cleiton Crepaldi relata que a preferência das mulheres é por motos com bagageiro. “Elas têm porta-objeto, onde as mulheres podem guardar bolsas, capacetes e materiais como livros para estudar”. Além disso, ele comenta que essas motos menores têm baixo custo de manutenção mecânica e geralmente são sem embreagem e até automáticas.
Mototaxista
Profissão majoritariamente masculina, mas não para Neide. Ao chegar ao ponto de trabalho, ela exibe sua moto, a mais nova e bem cuidada do grupo de mototaxistas, com assento especial e decorado. Ela exerce a profissão há onze anos e não percebe a profissão como “de homens”. “Deveria ser uma profissão só de mulheres, que são muito mais cuidadosas do que os homens. A gente percebe isso trabalhando”, disse.
Neide sofreu apenas um acidente em todos esses anos de ofício. “Foi um senhor de idade que me atropelou na preferencial da Duque de Caxias, mas não foi nada grave”, relatou. Para ela, o medo gera a cautela na mulher ao pilotar uma moto. “A gente sabe que os carros vem e não param mesmo. A mulher é mais cautelosa em tudo o que faz e não poderia ser diferente no trânsito. Tem gente que pede para viajar na minha moto do que na dos homens”, brinca.
Palavra oficial
Eles não admitem – talvez nunca vão admitir – que as mulheres são mais cautelosas no trânsito. Mas para isso, o comandante da Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) Alírio Vilassanti se desfez do recalque masculino e afirmou categoricamente: “Com certeza, as mulheres são muito mais prudentes e responsáveis no trânsito. Elas estão presentes em apenas 20% dos acidentes de trânsito, é um dado que comprova isso”.
O comandante lembra também dos preconceitos. “Costumam dizer que a mulher é mais desatenciosa, mas isso é mentira. Elas dirigem bem melhor e isso é reflexo de uma mudança comportamental como um todo no trânsito de Campo Grande”, afirma.
Contravenção
Para Alírio Vilassanti, as mulheres ainda erram em alguns pontos ao pilotar. “O que mais se vê é o uso do salto alto, irregular, assim como as sandálias rasteiras e até mesmo as sapatilhas, que não são indicadas. O ideal é usar bota sem salto e tênis”, relatou.
Outra orientação é em relação às roupas. “Muitas usam short para pilotar. O certo para evitar ferimentos graves nas quedas é usar calça jeans e jaquetas, de preferência de couro”, disse.
O artigo 252 prevê que é proibido dirigir usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa o uso dos pedais, como chinelo de dedo, tamancos ou outro calçado que não tenha as tiras presas atrás dos calcanhares. Quem é pego dirigindo de chinelos recebe 4 pontos na CNH e paga multa de R$ 85,13.
Fonte: Mídiamax News