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Airbag e cinto de segurança reduzem o risco de morte em mais de 50%


Por Mariana Czerwonka Publicado 08/08/2011 às 03h00 Atualizado 10/11/2022 às 18h48
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Não é uma surpresa que os acidentes com automóveis causam um grande número de lesões oculares. E estas lesões oculares, que ocorrem durante acidentes de trânsito, têm aumentado progressivamente. Estatísticas da Sociedade Americana de Trauma Ocular mostram que 8,9% das lesões oculares são causadas por acidentes com veículos automotores. Os acidentes automobilísticos também são a principal fonte de lesões oculares bilaterais, que podem ser causadas pelo acidente e/ou pela abertura dos airbags. Segundo dados da Seguradora Líder, responsável pelo pagamento do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat), o trânsito no Brasil matou 147 pessoas por dia, entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano. Ao todo, 26.894 pessoas morreram nesse período (cerca de 2 mil pessoas a mais que no primeiro semestre de 2010) e 107.403 ficaram com algum tipo de invalidez, número que aumentou em quase 30 mil de um período para o outro.O Brasil é o quinto país em número de acidentes de trânsito no mundo. Um piscar de olhos é o que melhor ilustra o tempo entre a abertura do airbag e o início do seu desinflar. A operação dura 30 milésimos de segundos, graças à “explosão da bolsa” em uma velocidade média de 300 km/h. O sistema, que funciona como um complemento do cinto de segurança, começa a se popularizar no Brasil e, em 2014, será obrigatório nos carros novos. Mas exige cuidados para cumprir sua função. Como se trata de uma “explosão”, os ocupantes de veículos com airbag devem ter cuidado redobrado com a postura dentro do carro. A mais importante delas é o uso do cinto de segurança. Obviamente, ele é indispensável em qualquer situação, mas nos carros com as bolsas protetoras, a pessoa que estiver sem cinto pode se machucar ainda mais. Achar que pode usar o airbag sem cinto é o erro mais grave. Isso porque a proporção da abertura do airbag é calculada levando em conta o trabalho do cinto de segurança, que segura, e muito, o corpo. Hoje, diversos estudos e pesquisas têm como objetivo mudar a maneira que os airbags são implantados para reduzir os traumas oculares decorrentes de sua abertura. “Projetistas de sistemas automotivos e de segurança devem continuar a investigação sobre o design de abertura do airbag, visando minimizar o contato visual”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Impacto sobre os olhos A Fundación Mapfre, por meio de seu Instituto de Segurança Viária, na Espanha, realizou um estudo sobre as lesões oculares e orbitárias provocadas pelo acionamento do airbag em colisões de baixa velocidade, que envolviam condutores usuários de óculos. A pesquisa teve como objetivo analisar os possíveis riscos e benefícios ocasionados pelo uso de óculos, no momento do disparo do airbag, e de seu choque contra a face do motorista. Ficou demonstrado que o uso combinado do airbag e do cinto de segurança reduz o risco de morte em mais de 50%. Porém, o estudo demonstra que, em alguns casos, o disparo do airbag pode provocar lesões. Isso acontece, principalmente, porque os condutores mantêm uma distância inadequada em relação ao volante: 26% se situam a menos de 42,5 centímetros (distância olhos ao centro de volante), quando o recomendado, em média, são 45 centímetros. A possibilidade das pessoas que usam óculos sofrerem lesões mais graves na região ocular, no caso de disparo do airbag, irá depender do tipo de armação e do tipo de lente utilizada nos óculos. Para validar estes dados, os pesquisadores realizaram testes com diferentes vidros e armações. Os resultados mostram que, quando os óculos não se quebram, eles atuam como um agente protetor para os olhos, ainda que esse efeito seja 15% inferior, no caso de óculos sem armação que envolva toda a lente. Em choques a 30 km/h com óculos tradicionais (de armação fechada), em que ocorre o disparo do airbag, eles permanecem no rosto e na maioria dos casos não se quebram, causando um potencial efeito protetor. Como recomendação final, após a realização dos testes, os pesquisadores orientam os condutores a: •não usarem lentes de vidro mineral para conduzir porque estas podem se estilhaçar; •usarem óculos com armação fechada; •solicitarem assessoria sobre a solidez da armação e a resistência dos vidros empregados nas lentes de óculos; •manterem uma distância adequada em relação ao volante: uma média de 45 centímetros entre o rosto e o centro do volante. Outras preocupações “Quando o assunto é o uso do airbarg, pacientes que já fizeram cirurgias refrativas, de catarata ou de glaucoma devem ser informados do alto risco de sofrerem lesões oculares graves no caso de colisão. Como medida preventiva, devem escolher óculos com maior capacidade de proteção para dirigir um veículo”, informa o oftalmologista Virgílio Centurion. Além dos traumas oculares, a literatura médica registra casos de queimadura nos olhos, após a abertura dos airbags. Um dos primeiros relatos sobre o problema surgiu no Annals of Emergency Medicine, em 1992, quando um paciente apresentou ceratite química, depois que um airbag do lado do motorista foi acionado. De lá, para cá, outros casos semelhantes foram registrados, mas em menor freqüência que os traumas oculares provocados pelos airbags. Um estudo relevante sobre este tipo de lesão foi feito em 1999, envolvendo lesões oculares provocadas pelo airbag em 97 pacientes. A pesquisa, publicado no Transactions of the American Ophthalmological Society, constatou que nove pacientes (9%) apresentavam ceratite química e cinco deles sofriam com o problema em ambos os olhos. “A ceratite é uma “queimadura” resultante do contato da córnea com a amônia, o hidróxido de sódio e o aerosol, que são emitidos como subprodutos da combustão de sódio, usado para inflar o airbag. Queimaduras resultantes deste processo dependem da quantidade e da duração da exposição da córnea aos componentes alcalinos. A maioria deste tipo de queimadura tem cura, mas a medicina já registra casos extremos, que exigem transplante de córnea e perda da acuidade visual de forma permanente”, explica Centurion. De acordo com informações da indústria automobilística, os airbags recentes estão empregando menos produtos químicos tóxicos (como por exemplo, a azida de sódio), o que diminui o risco de queimar os olhos. E a menos que o acidentado retenha substâncias químicas tóxicas em seus olhos por um período prolongado de tempo, ele não está susceptível a sofrer danos graves na córnea, como resultado da abertura do airbag. Fonte: Bagarai

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