A relação entre os condutores brasileiros e o trânsito tem evoluído significativamente nos últimos anos graças à tecnologia. Um marco nessa transformação foi o lançamento da Carteira Digital de Trânsito (CDT), há sete anos. Essa inovação trouxe uma revolução ao permitir que documentos obrigatórios, como a CNH e o CRLV, fossem acessados diretamente pelo celular, simplificando a rotina de milhões de motoristas.
A importância da CDT
De acordo com Neto Mascellani, ex-diretor do Detran SP e ex-presidente da Associação Nacional dos Detrans, a CDT é hoje o principal documento utilizado pelos condutores brasileiros.
“Ela não apenas valida a capacidade de dirigir, mas também funciona como identificação. A digitalização flexibilizou muito a utilização, com muitos cidadãos optando por não carregar mais a carteira física”, afirma Mascellani.
Além disso, a CDT se consolidou como uma plataforma integrada, onde o cidadão pode realizar serviços como a comunicação de venda de veículos e acessar o cartão de estacionamento do idoso. Segundo Mascellani, a CDT é uma espécie de “marketplace” de serviços relacionados ao trânsito, liderando um movimento de integração tecnológica.
Apesar dos avanços, desafios ainda existem. “O número de habilitados e o número de CDT digitais ainda é inferior ao esperado, principalmente entre a população mais idosa, que tem menos familiaridade com documentos digitais”, ressalta. Ele também destaca a convivência de gerações diferentes nesse momento de transição digital, com pessoas mais jovens adotando o formato digital e outras ainda preferindo os documentos impressos.
O futuro dos Detrans e a relação com o cidadão
Ao olhar para o futuro, Mascellani vê um caminho sem volta em direção à integração tecnológica. Ele destaca que a digitalização já impacta processos fundamentais, como a transferência de veículos e a renovação da CNH, mas acredita que há espaço para melhorar. “A tecnologia avançou muito mais rápido do que a legislação. Precisamos de uma regulação que acompanhe essa evolução para facilitar ainda mais a vida do cidadão”, explica.
A agilidade dos serviços também é um desafio para os Detrans. Mascellani compara a expectativa dos cidadãos em relação ao serviço público com experiências de compra online. “Se hoje você compra algo pela manhã e recebe à tarde, o cidadão espera o mesmo nível de eficiência dos serviços públicos. Esse é o grande desafio”, analisa.
Convivência entre o digital e o presencial
Apesar do avanço da digitalização, Mascellani reconhece que o atendimento presencial ainda será necessário por um período.
“Ainda haverá quem prefira ir a um posto ou utilizar serviços presenciais, e o Estado terá que continuar oferecendo essas opções para universalizar o atendimento”, conclui.
A tecnologia já transformou a relação dos condutores brasileiros com o trânsito, e as perspectivas para o futuro são promissoras. Com maior integração, agilidade e acessibilidade, os avanços tecnológicos prometem simplificar ainda mais o dia a dia dos motoristas. Dessa forma, aproximando o cidadão dos serviços públicos de maneira eficiente e moderna.