06 de abril de 2025

06 de abril de 2025

Desrespeito à Lei do Descanso dispara e acende alerta nas rodovias federais

Falta de repouso dos caminhoneiros está entre as principais causas de sinistros e mortes no trânsito. PRF intensifica fiscalização.


Por Assessoria de Imprensa Publicado 01/04/2025 às 13h30
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Desrespeito descanso PRF
Apesar dos esforços de fiscalização, os índices de sinistros de trânsito e mortes envolvendo caminhões ainda são altos. Foto: Divulgação PRF

O desrespeito às normas de descanso dos motoristas de carga segue preocupando as autoridades. De janeiro a março de 2025, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou 3.200 caminhoneiros dirigindo sem o repouso obrigatório, somente nas rodovias da Bahia. Ou seja, um aumento de 88% em relação ao mesmo período de 2024 (1.704 autuações). O dado reforça um problema já conhecido: o cansaço ao volante pode ser fatal.

Fiscalização reforçada

Para combater essa prática perigosa, a PRF deu início, na semana passada, à terceira etapa da Operação Descanso Legal. A ação segue até o dia 4 de abril e tem como foco a fiscalização do tempo de direção e repouso dos motoristas profissionais. Durante as abordagens, os agentes verificam o cronotacógrafo dos veículos, conferindo se o descanso de 11 horas ininterruptas a cada 24 horas está sendo respeitado.

Além disso, são fiscalizados a documentação da carga e do veículo, as condições dos caminhões e, especialmente, o sistema de freios, um dos itens mais críticos para a segurança nas estradas.

Sinistros e mortes em alta

O impacto da fadiga ao volante se reflete nas estatísticas. Em 2024, houve o registro de 1.352 sinistros envolvendo veículos de carga nas rodovias federais da Bahia, com 64 mortes e 529 feridos. Nos três primeiros meses de 2025, os números já acendem um alerta: 296 acidentes e 16 vidas perdidas.

Boa parte desses sinistros está relacionada ao excesso de horas ao volante, muitas vezes impulsionado pelo uso de substâncias ilícitas, como rebites e cocaína, que ajudam os motoristas a se manterem acordados, mas aumentam drasticamente o risco de acidentes.

O peso do transporte rodoviário

A malha rodoviária continua sendo o principal meio de transporte de cargas no Brasil, respondendo por 65% da movimentação nacional. O setor conta com cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos, 200 mil empresas e 482 cooperativas registradas no país. Em 2024, houve o transporte de mais de 175 milhões de toneladas de cargas por estradas, com uma frota de 7,9 milhões de caminhões e carretas.

Caso chocante

A imprudência nas estradas foi determinante para um dos piores acidentes rodoviários da história recente do Brasil. Na madrugada de 21 de dezembro de 2024, na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), um caminhoneiro desrespeitou o tempo de descanso, dirigia sob efeito de álcool e drogas e transportava carga com excesso de peso. O resultado foi trágico: 39 mortos e 11 feridos, após a carreta em alta velocidade colidir com um ônibus de passageiros.

As investigações confirmaram que a carga transportada excedia o peso permitido em 16 toneladas, e os documentos haviam sido adulterados. Em março, a Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia contra o motorista e o dono da transportadora, que irão a júri popular por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.

De acordo com a PRF, diante desse cenário preocupante, a corporação reforça a necessidade de fiscalização contínua e conscientização dos motoristas, garantindo um trânsito mais seguro para todos.

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