Quem possui síndrome de Tourette pode dirigir?
O Portal do Trânsito conversou com uma especialista e traz detalhes da síndrome de Tourette, que atinge 1% da população mundial.
Foto: Freepik.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1% da população mundial possui a Síndrome de Tourette. Segundo a médica neurologista e professora da Uniderp – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal -, Aline Marques da Silva Braga, os principais sintomas são tiques físicos e vocais.
“Nos portadores, esses sintomas geralmente começam a se manifestar entre 2 e 14 anos. Os tiques físicos são contrações musculares involuntárias, como piscamentos, caretas, elevação dos ombros, movimentos rápidos dos braços e da cabeça, pulos, tocar objetos e pessoas, girar, entre outros” destaca.
Ao Portal do Trânsito, Aline Marques frisa ainda que os tiques vocais podem conter xingamentos, repetir sons, palavras e estalar a língua. Além disso, os tiques podem piorar com o cansaço e a ansiedade.
“A intensidade dos sintomas depende de paciente para paciente,” relembra.
Vale ressaltar que 63% dos diagnósticos realizados em pacientes com Tourette possuem também o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) – segundo o Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos.
Quem tem Tourette pode dirigir?
Foto: Freepik.
A resposta é: depende do diagnóstico do paciente. Segundo a Dra. Aline Marques, há pessoas com tiques físicos que podem comprometer a capacidade de dirigir. “Cada caso deve ser avaliado individualmente para saber se a pessoa tem condições de dirigir sem causar risco para si ou terceiros,” diz.
A saber: Tourette é uma doença crônica e possui um curso clínico variável. Há pacientes que podem deixar de manifestar os sintomas não ter mais os tiques após alguns anos, enquanto outros podem levá-los para a vida toda.
“Geralmente, um pouco antes do sintoma se manifestar, a pessoa sente um desconforto muito intenso, como o que sentimos quando vamos espirrar ou tossir. E essa sensação só é aliviada, por exemplo, após a ocorrência dos tiques,” explica Aline Marques.
Por ser uma doença de difícil controle, ela esclarece que com treinos, esforços e terapia comportamental, os tiques diminuem. “Especialmente quando necessitam fazer alguma tarefa em que precisam ficar muito concentrados,” justifica.
Vale lembrar que a Síndrome de Tourette não proporciona lesões físicas no corpo, o que permite a aprovação da carteira de motorista. Por outro lado, a médica informa que em casos de excessos de tiques físicos, há a possibilidade de reprovação do aluno com a síndrome.
“Por exemplo: quando há movimentos bruscos dos braços e pernas que podem desviar da rota correta, ou então, fazer com que o condutor pise mais forte do que o necessário no pedal de freio ou acelerador, em momentos inoportunos”, finaliza.